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(Foto: Christian Alvarenga/Getty Images) |
Autoridades de governo e representantes das associações dos dez países que compõem a Conmebol são esperados em Luque, na sede da entidade, no Paraguai, para uma reunião na manhã desta quinta-feira para debater os casos frequentes de racismo nos estádios de futebol do continente.
O encontro se dá em meio à forte pressão brasileira para que as punições aplicadas pela confederação sul-americana sejam endurecidas. Nas últimas semanas, CBF, clubes e Governo Federal se manifestaram com críticas à Conmebol.
O episódio que levou a esse cenário foi o das ofensas ao atacante Luighi, do Palmeiras, durante partida da Libertadores sub-20, no começo de março, no Paraguai.
Um torcedor do Cerro Porteño, clube de Assunção, fez ataques ao atleta, que chorou ao falar sobre o caso em entrevista logo em seguida.
O Cerro foi punido com uma multa de US$ 50 mil dólares e teve que jogar o restante do torneio com portões fechados. A punição fez com as críticas crescessem.
– A Sociedade Esportiva Palmeiras discorda com veemência das punições extremamente brandas aplicadas pela Conmebol ao Cerro Porteño em razão dos ataques racistas sofridos por nossos atletas em jogo disputado pela Libertadores Sub-20, na quinta-feira (6), em Assunção, no Paraguai – diz parte de nota divulgada pelo clube paulista.
A presidente Leila Pereira classificou a pena como “ridícula” e ameaçou um boicote à Conmebol. Por causa disso, ela não esteve em Luque, há uma semana – assim como o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues – , para o sorteio dos grupos da Conmebol Libertadores.
Foi nesse evento que o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, admitiu que as sanções previstas nos regulamentos da entidade não eram “suficientes” e informou sobre a convocação da reunião prevista para esta quinta.
Foi nesse evento, também, que o dirigente paraguaio deu a declaração que foi como jogar gasolina no fogo.
Ao deixar o local, foi questionado por um repórter sobre a possibilidade de os clubes brasileiros não disputarem a Libertadores. Respondeu com uma ironia:
– Seria como o Tarzan sem a Chita – afirmou, comparando a equipes do Brasil à macaca que protagonizou a série.
A frase gerou forte reação de clubes brasileiros, da CBF e do Governo Federal, que em nota dos ministérios do Esporte, da Igualdade Racial e das Relações Exteriores, repudiou o que disse Domínguez:
– As declarações ocorrem em contexto em que as autoridades da Conmebol têm reiteradamente falhado em adotar providências efetivas para prevenir e evitar a repetição de atos de racismo em partidas por ela organizadas, incluindo medidas para combater a impunidade e promover a responsabilização dos responsáveis – afirma o comunicado divulgado no dia seguinte.
Há a expectativa de que uma resolução seja tornada pública depois da reunião desta quinta. A Embaixada do Brasil no Paraguai confirmou a intenção de o embaixador José Marcondes de Carvalho participar. O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, não viajou ao Paraguai, mas vai participar por vídeo.
Globo Esporte