(Foto: Divulgação) |
Em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira, a Dorna, que gere a MotoGP, e o governador de Goiás Ronaldo Caiado, confirmaram o retorno do Mundial de Motovelocidade ao Brasil após 22 anos de ausência. A partir de março de 2026, Goiânia sediará a etapa brasileira da categoria no Autódromo Internacional Ayrton Senna, que recebe hoje provas da Stock Car. O contrato assinado no evento transmitido para a imprensa é de cinco anos, e a etapa deve ser em março de 2026.
O encontro contou com a presença do CEO da Dorna, Carmelo Ezpeleta, e o CEO da Brasil Motorsport, Alan Adler, empresa promotora do evento e também do GP de São Paulo da Fórmula 1.
O secretário de governo Adriano da Rocha Lima revelou que as conversas com a Dorna remontam a julho, na etapa da Espanha da temporada 2024 da MotoGP.
Em razão do acordo, o Autódromo Internacional Ayrton Senna receberá investimentos de cerca de R$ 100 milhões, e passará a partir de janeiro por reformas que devem durar seis meses - em setores como a pista, arquibancadaa, boxes, cessos, torres de comando, postos médicos e camarotes. As mudanças foram acordadas com a Dorna. O governo espera até 100 mil espectadores no circuito goiano.
Ainda de acordo com o governo, o investimento promovido por Goiás para receber a MotoGP será recuperado com os impostos gerados com a promoção do evento, números estimados em cerca de R$ 170 milhões. A expectativa é que, ao todo, seja movimentado R$ 1 bilhão.
- Nós sentimos muito a falta do Brasil, por muitos anos. A coisa mais importante para nós é estarmos comprometidos em fazer algo especial para a América do Sul e o Brasil. Estamos começando hoje um trabalho, duro, para fazer desse evento o melhor do mundo - disse Carmelo Ezpeleta, CEO da Dorna.
- Dentro daquela imagem que vimos da corrida aqui em Goiás em 1987, comparando com as motos de hoje, a única diferença que eu quero ver é que ao invés de termos um espanhol campeão tenhamos um brasileiro. Mas é importante que possamos mostrar que a paixão do brasileiro por moto é algo inimaginável; milhares de brasileiros iam para a Argentina assistir, e agora eles vão vir para cá. (Goiás) É um estado que é exatamente o centro do país; tem um povo hospitaleiro, e é o estado mais seguro do Brasil. Goiás não tem a MotoGP há 35 anos. E vai ser o evento mais organizado que vocês vão assistir, porque faremos algo que ficará na memória da MotoGP - prometeu o governador Ronaldo Caiado, que se referiu a Goiás como o "estado-mãe da MotoGP no Brasil".
A MotoGP esteve no Brasil pela última vez em 2004: a categoria promoveu nove etapas, de 1995 a 1997, e de 1999 a 2004, no hoje extinto Autódromo de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Houve outras tentativas de trazer o campeonato de volta ao país, mas os planos de uma prova em Brasília, em 2015, não avançaram.
Não será a primeira vez do Mundial em Goiânia: a pista do Centro-Oeste brasileiro também sediou três corridas da MotoGP, em 1987, 1988 e 1989 - a primeira, valendo o título que ficou com Wayne Gardner. Três anos depois, foi a vez do Autódromo de Interlagos em São Paulo, mas as visitas em São Paulo não se estenderam.
- É uma honra estar aqui exatos 20 anos após o último evento. Corremos aqui (em Goiás) por três anos e todas as provas foram vencidas por lendas. E eu acredito que a corrida aqui será incrível para todos os fãs e os pilotos. As simulações apontam que essa será a pista mais rápida de todo o calendário (em velocidade média). Vai ser um evento incrível dentro e fora das pistas. A MotoGP está emocionada em estar aqui. Acho que essa é uma notícia ótima para o governo de Goiás - adicionou Carlos Ezpeleta, diretor esportivo da Dorna.
O anúncio, porém, sucede notícias que afetam a estabilidade política em Goiás: o governador Caiado foi multado em R$ 60 mil por abuso de poder político, e tornado inelegível por oito anos - embora a decisão não afete seu mandato em vigência.
O parlamentar do União utilizou a sede do governo, o Palácio das Esmeraldas, para a realização de um evento em apoio à candidatura de Sandro Mabel, prefeito eleito da capital Goiânia. Mabel também foi multado em R$ 40 mil, e tornado inelegível pelo mesmo período - além de ter sua chapa com a vice-prefeita eleita Cláudia da Silva Lira cassada. Porém, a defesa do prefeito eleito pelo União garante que a sentença não afetará a diplomação e posse de ambos.
Estiveram presentes na assinatura do contrato os pilotos brasileiros Diogo Moreira e Eric Granado. Moreira, de 20 anos, conquistou em 2024 o primeiro pódio na base da MotoGP em 51 anos: ele começou a competir na Europa em 2017; correu em 2022 na Moto3 vencendo uma corrida, e subiu ao pódio três vezes.
O paulista migrou neste ano para a Moto2, representando a Italtrans Racing Team. Ele terminou o campeonato em 13º lugar e foi nomeado o Estreante da Temporada. Granado, por sua vez, é tetracampeão da SuperBike Brasil. O piloto de 28 anos disputa desde 2019 a MotoE, categoria elétrica de motovelocidade da qual foi vice-campeão em 2022.
No primeiro semestre deste ano, a MotoGP ganhou uma nova proprietária: a Liberty Media, que também gerencia a Fórmula 1. Em um acordo de 4,2 bilhões de libras, a empresa americana de mídia passou a comandar 86% das ações do Mundial de motovelocidade.
Globo Esporte
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