Tribunal nega recurso, Jordan Chiles perde medalha e romena declara: "Não somos culpadas"

 (Foto: Naomi Baker/Getty Images)


A disputa jurídica pelo bronze no solo da ginástica artística nas Olimpíadas de Paris parece ter chegado ao fim. Na última segunda-feira, a Confederação de Ginástica Artística dos EUA anunciou que o Tribunal Arbitral do Esporte não reconsiderará a decisão do CAS (Corte Arbitral do Esporte) de reaver a medalha de Jordan Chiles. A USA Gymnastics tinha enviado o pedido de revisão após o CAS ordenar que a americana devolvesse a medalha à romena Ana Barbosu depois da reavaliação das notas. Nas redes sociais, a nova medalhista se pronunciou sobre o caso e mostrou solidariedade com as colegas.

O CAS anunciou a alteração das notas da final do solo na ginástica artística no último sábado (10). Desde então, iniciou-se uma disputa judicial pela medalha de bronze. Após a revisão, a americana Jordan Chiles, que subiu ao pódio para receber o bronze, passou a ter uma avaliação menor do que as romenas Ana Barbosu e Sabrina Maneca-Voinea. Com isso, o bronze passaria a ser de Barbosu e Jordan teria que devolver a medalha.

Após a final do solo, Barbosu e a Confederação de Ginástica Artística da Romênia entraram com um recurso ao CAS pedindo a alteração. A justificativa era de que o técnico de Jordan teria pedido o acréscimo de 0.100 dado à nota da ginasta após o prazo de um minuto e que, portanto, a americana não deveria receber a pontuação de 13,766 que a levou ao terceiro lugar.

Depois do CAS ter concedido a alteração, a USA Gymnastics enviou à Corte, no último domingo (11), um vídeo o qual registrava a data e a hora que o treinador fez a solicitação. A Confederação afirmou que não existiu irregularidade e tentou pedir uma nova revisão do Tribunal Arbitral do Esporte. Porém, na segunda-feira, o pedido foi negado em uma decisão final das autoridades.

De acordo com uma postagem nas redes sociais da USA Gymnastics, o Tribunal Arbitral do Esporte afirmou que as regras não permitem a reconsideração de uma sentença arbitral, mesmo quando novas evidências conclusivas são apresentadas.

— Estamos profundamente decepcionados com a notificação e continuaremos buscando todos os meios e processos de apelação possíveis, incluindo o Tribunal Federal Suíço, para garantir a pontuação, a classificação e a concessão de medalhas justas para Jordan — disse a Confederação americana.

Leia o comunicado da USA Gymnastics na íntegra:

"A USA Gymnastics foi notificada pela Corte Arbitral do Esporte (CAS) na segunda-feira de que as regras deles não permitem a reconsideração de uma sentença arbitral, mesmo quando novas evidências conclusivas são apresentadas.

Estamos profundamente decepcionados com a notificação e continuaremos buscando todos os meios e processos de apelação possíveis, incluindo o Tribunal Federal Suíço, para garantir a pontuação, a classificação e a concessão de medalhas justas para Jordan."

O que diz a romena Ana Barbosu

A romena Ana Barbosu, que se tornou a nova medalhista de bronze no solo da ginástica artística, desabafou nas redes sociais na última segunda-feira. Depois da USA Gymnastics ter o pedido de revisão negado, a ginasta prestou solidariedade à Jordan Chiles e Sabrina Maneca-Voinea, atual quarta colocada. Barbosu também pediu respeito às regras do esporte e se defendeu, dizendo que não é a culpada nesse caso.

— Sabrina e Jordan, meus pensamentos estão com vocês. Eu sei como vocês estão se sentindo porque eu passei por isso, mas vocês voltarão mais fortes. Espero do fundo do meu coração que, nas próximas Olimpíadas, nós três possamos compartilhar o mesmo pódio. Esse é o meu sonho! — escreveu a romena no stories.

Após ter a medalha retirada, Jordan Chiles afirmou que se afastará das redes sociais para cuidar da saúde mental. Barbosu e as ginastas da Romênia também passaram momentos difíceis depois da revisão, recebendo diversas mensagens de ódio nas redes.

— Essa situação não existiria se as pessoas responsáveis por isso respeitassem o regulamento. Nós, atletas, não somos culpados por isso, mas o ódio direcionado à nós é doloroso. Quero encerrar essa edição dos Jogos de Paris com um espírito olímpico, o verdadeiro valor do mundo — finalizou Barbosu.

Entenda o caso

Após a audiência realizada pelo CAS no sábado (11), a qual ouviu as partes envolvidas, o órgão considerou irregular o acréscimo de 0.100 dado à nota de Jordan Chiles depois de um recurso pedido pela delegação da Romênia. Esse acréscimo permitiu que a ginasta americana superasse as duas romenas. Sem ele, Chiles fica na quinta posição, com 13.666, e Barbosu e Sabrina seriam as terceiras e quartas colocadas, respectivamente.

A irregularidade, segundo o tribunal com sede na Suíça, ocorreu porque o recurso foi pedido depois do prazo estabelecido no regulamento, que é de um minuto após o anúncio da nota.

Com a decisão, Ana Barbosu, que recebeu a nota 13.700 em sua apresentação, passou a ser a terceira colocada. Sabrina Maneca-Voinea tirou a mesma nota de sua compatriota, mas ficou em quarto lugar pelos critérios de desempate.

Em comunicado divulgado também no sábado, a Federação Internacional de Ginástica (FIG) basicamente acatou a decisão do CAS:

Veja a nota da FIG:

"Após a publicação da decisão da Corte Arbitral do Esporte (CAS), a FIG confirma que os resultados da final do solo da ginástica artística feminina, do dia 5 de agosto de 2024, foram alterados em concordância com a decisão:

- A nota inicial de 13.666 dada a Jordan Chiles (EUA) foi restabelecida.

- O ranking da final do solo da ginástica artística feminina foi modificado com Ana Barbosu (Romênia) terminando em terceiro com a nota de 13.766".

A USA Gymnastics enviou à Corte, no último domingo (11), um vídeo tentando provar que não houve irregularidade na revisão da nota de Jordan Chiles. A filmagem registrava a data e hora que, segundo a Confederação, o treinador da ginasta fez uma solicitação para a revisão. O tempo seria de 47 segundos após a pontuação ter sido publicada, e não um minuto. Em seguida, uma segunda comunicação com os jurados teria sido feita, 55 segundos após o anúncio da primeira nota. O pedido de revisão, no entanto, foi negado pelo Tribunal Arbitral do Esporte.

A decisão do CAS não afeta nem a vencedora Rebeca Andrade, do Brasil, nem a medalhista de prata Simone Biles, dos Estados Unidos, que marcaram 14.166 e 14.133, respectivamente.

Globo Esporte

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