Duda explica uso de shorts em vez de biquini: "Poder de escolher o que quiser e sentir confortável"

(Foto: David Fitzgerald/Sportsfile via Getty Images)


Em uma edição de Olimpíadas marcada pelas conquistas femininas para o Brasil, o empoderamento das mulheres também pôde ser visto nos detalhes, como destacado pela campeã olímpica Duda sobre o direito de escolher jogar vôlei de praia com a roupa que quiser. No caso dela - e também de Ana Patrícia, sua dupla na areia, a preferência é por usar shorts. A obrigação de jogar de biquini caiu em 2012, pouco antes da disputa das Olimpíadas de Londres.

- Glória, graças a Deus vencemos. Imagina estar na quadra, jogando e ter que jogar do jeito que as pessoas pedem e acham que é melhor. Depois dessa mudança a gente joga como se sentir confortável: de shorts, talvez de biquini. Ter o poder de escolher o que quiser e se sentir confortável poderia ter acontecido tantos anos atrás, nem deveria ser pauta. A escolha de jogar de shorts foi por esse conforto, gostamos de jogar assim - comentou Duda, ao lado de Ana Patrícia, em entrevista coletiva neste domingo, em Paris.

As duas, que formam a dupla número 1 do ranking mundial e foram nomeadas pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil) como porta-bandeiras na cerimônia de encerramento, também enalteceram o desempenho das brasileiras em Paris.

Pela primeira vez na história, as mulheres trouxeram mais medalhas ao Brasil do que homens em uma edição dos Jogos Olímpicos. Os três ouros do país vieram todos delas: com Beatriz Souza no judô e Rebeca Andrade, no solo além de Duda e Ana Patrícia.

- Mostra o poder que a gente tem. A gente fica muito orgulhosa do poder das mulheres, ser o que a gente quiser. A busca por igualdade ficou evidente nessa Olimpíada, cada vez mais mostrando nossa capacidade e superando limites - comentou Duda.

- É uma honra. A gente sabe das lutas e das dificuldades. Ser mulher já um desafio. Ser mulher negra então, fica ainda mais difícil. Aqui é um espaço gigantesco para falar sobre as nossas lutas e também para mostrar as nossas conquistas. Das mulheres e também das mulheres negras - completou Ana Patrícia.

- É uma honra, sabe das lutas, dificuldades, ser mulher desafio ja , ser mulher negra entao, fica ainda mais dificil. Aqui é um espaço gigantesco para falar sobre as nossas lutas e também para mostrar as nossas conquistas. Das mulheres e também das mulheres negras - Ana Patrícia.

A história de Ana Patrícia é um exemplo disso. Eliminada nas quartas de final em Tóquio, quando atuava ao lado de Rebbecca, ela foi alvo de mensagens de ódio nas redes sociais, mas não desistiu e gravou na pele um mantra que usou para dar a volta por cima.

- Eu fiz depois de Tóquio uma tatuagem no braço com a palavra "acreditar". Era um momento que eu estava com muta dificuldade de me reerguer e virou um mantra para a minha vida. Tudo que eu vou fazer ou realizar penso que tenho que acreditar. Eu quis gravar na pele para nunca esquecer, e esse lema ficou muito vivo aqui em Paris. É realmente especial para mim. Foi um momento difícil, e hoje vejo que (acreditar) faz muito sentido.

A única vez em que o Brasil havia conquistado o topo do pódio no feminino havia sido em Atlanta 1996, na estreia da modalidade, quando Jaqueline Silva e Sandra Pires venceram as compatriotas Mônica Rodrigues e Adriana Samuel, que ficaram com a prata.

Globo Esporte

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