LaLiga busca expansão em meio à crise com Real Madrid e Barcelona

(Foto: Divulgação / LaLiga)


Ao mesmo tempo em que trabalha pelo desenvolvimento do Campeonato Espanhol e sua expansão comercial, LaLiga tem problemas judiciais com os seus dois maiores representantes, Real Madrid e Barcelona, tenta diminuir a distância para a Premier League inglesa e ainda enfrenta a sombra do projeto da Superliga Europeia de clubes.

— Não é que Real Madrid e Barcelona querem sair da liga. Eles propõem um modelo que consideramos egoísta, no qual querem maximizar as suas receitas às custas dos outros. Laliga mudou a proporção da distribuição dos direitos de TV. Os dois ganham mais do que antes, mas a diferença para o resto é menor. Isso aumentou a competitividade — disse Javier Ibañez, diretor de Relações Públicas de LaLiga durante evento no estádio Real Arena, da Real Sociedad.

Até o fim de 2014, a liga só tinha escritórios fora da Espanha nos Emirados Árabes Unidos e na China. Hoje são mais de 90 oficinas pelo mundo.

O principal mecanismo de desenvolvimento do futebol espanhol é o projeto LaLiga Impulso, que está a pouco mais de um ano ratificado. Nele, Os clubes da primeira e segunda divisão venderam 10% dos direitos audiovisuais e 8% das receitas comerciais para o fundo de investimento CVC Capital Partners, por 50 anos.

Real Madrid, Barcelona e Athletic Bilbao não assinaram o acordo. Ainda existe a possibilidade de mudar de ideia, se aceitarem as condições. Outros 42 clubes aderiram ao programa, que vem distribuindo cerca de € 1,8 bilhão (hoje R$ 10 bilhões). Nova parcela é esperada para junho.

— Salvo Real Madrid e Barcelona, todos temos uma mesma ideia de liga, com os direitos audiovisuais bem divididos. Em 2014, o Real Madrid poderia ganhar quase 10 vezes mais do que o Osasuna, e isso caiu para quatro vezes. Por que manter o status quo de três clubes e cortar o direito do resto de sonhar? Não gostamos, sinceramente, que Real Madrid e Barcelona tenham uma visão diferente, e lamentamos isso — declarou Aitor Royo, responsável pela comunicação do Osasuna.

— Acredito que no final (Real e Barça) estão defendendo o que acreditam que são os seus interesses. Não há que se dramatizar a questão. O interesse dos dois não bate com do resto da liga, o que é legítimo. Não existe um problema legal, é um problema de interesses. Eu gostaria que voltassem a compartilhar dos nossos interesses. São os aliados mais forte para termos a melhor liga do mundo. Sejamos práticos — ponderou Jon Ander Ulazia, CEO do Eibar, que está na segunda divisão.

Assim como LaLiga, a Ligue 1 fechou acordo com o fundo CVC, em março do ano passado. A companhia de investimento adquiriu assumiu participação em 13% da liga francesa, por € 1,5 bilhão. A Bundesliga também saiu ao mercado em busca de investidores

A sombra da Superliga

O problema é que os dois clubes mais poderosos da Espanha, Barcelona e Real Madrid, estão em confronto com LaLiga por causa do projeto da Superliga Europeia, que fracassou em abril de 2021.

Os rivais são os únicos que abertamente ainda tratam do assunto. Na Itália, Andrea Agnelli renunciou à presidência da Juventus em meio à uma uma investigação por supostas irregularidades contábeis.

— Penso que eles ainda não acreditam que o projeto não está fracassado. Vão lutar. Eles acreditam que a via de crescimento é essa. Entendemos que o grupo trabalhando junto é mais forte, que podemos conseguir muito mais de forma conjunta do que solitária — comentou Begoña Larzabal, diretora comercial da Real Sociedad.

Em entrevista à rádio "Cadena SER" na semana passada, o presidente do Barcelona, Joan Laporta, disse que o presidente de LaLiga, Javier Tebas, deveria se preocupar com a recuperação dos assinantes da liga na TV e em aumentar as receitas do futebol espanhol.

Laporta também criticou recentes mudanças nos estatutos de LaLiga e no controle financeiro da liga, em comparação com a Premier League. E mostrou confiança sobre a realização da Superliga Europeia em 2025, num modelo aberto — ao contrário do original.

Os representantes da Superliga aguardam uma sentença do Tribunal de Justiça da União Europeia, que deve sair em março ou abril, sobre alegado abuso de poder da Uefa e da Fifa quando ameaçaram adotar sanções contra os clubes que tentaram criar o torneio. LaLiga é a única liga envolvida nesse processo.

Globo Esporte

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