(Foto: Christian Charisius/picture alliance via Getty Images) |
O Secretário Geral do Comitê da Copa do Mundo, Hassan Al-Thawadi, afirmou - pela primeira vez - que a organização estima entre 400 e 500 mortes de trabalhadores imigrantes em meio às construções do Catar para o Mundial. Os números são drasticamente superiores aos que vinham sendo divulgados pelo país-sede até o momento - antes em torno de 40 pessoas.
Questionado sobre o número honesto e realista de trabalhadores imigrantes que morreram pelos trabalhos na Copa, Al-Thawadi respondeu:
"Nós estimamos em torno de 400. Entre 400 e 500. O número exato está sendo discutido" - disse o secretário, em entrevista ao jornalista Piers Morgan, no canal britânico Talk TV.
Após a repercussão sobre a entrevista do Secretário, o Supremo Comitê de Entrega e Legado da Copa do Mundo emitiu uma declaração em nome de Al-Thawadi. (Confira abaixo a nota divulgada)
"O secretário-geral, Hassan Al Thawadi, disse ao programa 'Uncensored' de Piers Morgan que houve 3 mortes relacionadas ao trabalho e 37 mortes não relacionadas ao trabalho nos projetos do Comitê Supremo de Entrega e Legado. Isso é documentado anualmente no relatório público do SC e abrange os 8 estádios, 17 instalações não competitivas e outros locais relacionados sob o escopo do SC.
As citações separadas referentes aos números referem-se às estatísticas nacionais que cobrem o período de 2014-2020 para todas as mortes relacionadas ao trabalho (414) em todo o país no Catar, abrangendo todos os setores e nacionalidades."
O que disse Al-Thawadi
Na entrevista, Al-Thawadi diz que houve três mortes relacionadas a trabalho nas construções - especificamente - dos estádios do Catar, além de outras 37 no mesmo setor, mas que foram "não relacionadas a trabalho".
- Em termos do que nós fizemos, pelo menos na organização pela qual sou responsável, estamos determinados a sermos transparentes. Capturando qualquer incidente, seja em termos de acidentes ou mortes infelizes, decidimos capturar o que foram mortes relacionadas ao trabalho, pelo que determina as normas industriais, e também o que consideramos serem não relacionadas a trabalho.
"Especificamente em relação aos estádios e os projetos que somos responsáveis. São três mortes relacionadas a trabalho e 37 não relacionadas a trabalho."
Após essa resposta, contudo, o jornalista pergunta especificamente quantos trabalhadores imigrantes morreram no Catar - desde que o país foi escolhido como sede - entre as pessoas que estavam envolvidas nas construções para o Mundial. Considerando, por exemplo, novos hotéis, novas pontes. É na resposta para essa pergunta que Al-Thawadi estima: 400 a 500 pessoas.
Questionado se o número de mortes não é "um preço alto demais a pagar", o secretário responde:
- Eu diria que uma morte são pessoas demais. Muito simples. Acho que todos os anos as normas de saúde e segurança estão evoluindo, pelo menos sob nossa vista.
Al-Thawadi, em seguida, voltou a dizer que houve reformas relacionadas a melhorias de condições de trabalho e que eram necessárias independentemente do Mundial.
- Era algo de antes de sermos escolhidos. As melhorias que aconteceram não foram por conta da Copa do Mundo. As melhorias nós sabíamos que teríamos que fazer por conta dos nossos valores, melhorias de normas de saúde e segurança. A Copa serviu como um catalizador.
As condições de trabalho e o número de mortes de trabalhadores imigrantes para as construções do Catar foram alguns dos motivos para críticas ao país-sede desde antes do início do Mundial. Em meio às cobranças, o Catar ainda rejeitou os pedidos de Organizações Não Governamentais de criar um fundo de indenização para os trabalhadores mortos ou feridos nos preparativos para a Copa.
Globo Esporte
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