(Foto: Getty Images) |
A Uefa decidiu nesta segunda-feira rescindir o contrato de patrocínio com a Gazprom, empresa estatal russa do ramo de energia, que renderia 78 milhões de euros (R$ 455 milhões) nos próximos dois anos, em retaliação à invasão da Ucrânia pelas forças militares da Rússia. O logotipo da empresa já não será exibido nos próximos jogos das oitavas de final da Liga dos Campeões da Uefa, dias 8 e 9 de março.
No campo esportivo, as sanções atingem todo o futebol russo, de seleções a clubes (masculino, feminino e categorias de base). Por decisão da Fifa, a Rússia está fora das Eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar (iria disputar a repescagem europeia no fim de março). Já a Uefa retirou das oitavas de final da Liga Europa o Spartak Moscou. Classificada para a Eurocopa Feminina, em julho, na Inglaterra, a seleção russa também foi excluída da competição.
A Gazprom estava ligada comercialmente à Uefa desde 2012. Segundo reportagem do jornal inglês Daily Mail, faltavam duas temporadas para o fim do contrato atual, com valor anual de 39 milhões de euros.
Antes da Uefa, o Schalke 04, da segunda divisão da Alemanha, já havia rompido seu contrato de patrocínio com a Gazprom, encerrando uma parceria de 15 anos.
O patrocínio que ligava o clube e a empresa russa prosseguiria até 2025 e deveria render 9 milhões de euros (R$ 52 milhões) por ano ao Schalke, clube da cidade de Gelsenkirchen, local histórico do futebol da bacia do Ruhr, que foi rebaixado no ano passado para a segunda divisão. Em caso de volta à Bundesliga, o contrato previa um aumento do patrocínio, até 15 milhões de euros por temporada.
Gazprom e o futebol europeu
A Gazprom é a maior empresa russa do ramo de energia e também a maior exportadora de gás do planeta, sendo fornecedora fundamental para diversos países europeus com economia forte. A gigante é patrocinadora do Schalke desde 2007 e tem outros investimentos importantes no futebol europeu, também sendo uma parceira antiga da Uefa, a ponto de patrocinar a Liga dos Campeões.
Inclusive, é a gigante russa que dá nome comercial ao Estádio Krestovsky, em São Petersburgo, local para onde a final da Liga dos Campeões 2021/22 estava marcada. Casa do Zenit - clube também patrocinado pela empresa - e palco de duelos na Copa do Mundo de 2018, o estádio perdeu o direito de sediar a final da Champions por conta do conflito entre russos e ucranianos. O Comitê Executivo da Uefa mudou a decisão, no dia 28 de maio, para Paris.
Fundada em 1989, na reta final da antiga União Soviética, a Gazprom provém do Ministério da Indústria do antigo regime. Apesar do processo de privatização, a empresa tem mais de metade das ações pertencentes ao governo russo - que, desta forma, toma decisões sobre seu comando e sobre a exportação de gás.
O investimento nos esportes passou a ser uma das formas da empresa fortalecer sua marca e chegou ao futebol em 2005, com a compra da maioria das ações do Zenit - que, a partir daí, passou a ser uma equipe dominante no futebol russo e ganhou notoriedade no continente, conquistando, inclusive, uma Liga Europa, em 2008.
A Gazprom também financiou a construção do Estádio Krestovsky, que se tornou uma das mais imponentes sedes da Copa do Mundo de 2018 e também foi palco da final da Copa das Confederações, um ano antes. E, agora, tinha o objetivo de receber sua primeira decisão da Liga dos Campeões - que, inicialmente, estava marcada para o ano passado, mas foi adiada por conta dos problemas de calendário relacionados à pandemia da Covid-19.
Após iniciar a atuação junto ao Zenit, a Gazprom passou a expandir seus braços pelo futebol europeu e se tornou patrocinadora do Schalke 04 em 2007. A escolha por um clube tradicional da Alemanha foi vista como estratégica, uma vez que o país é um dos maiores importadores do gás exportado pela empresa na Europa. Depois, em 2010, veio o patrocínio ao Estrela Vermelha, da Sérvia, um país que tem posição fundamental no Leste Europeu e por onde gasodutos importantes da empresa passam.
Há, ainda, uma relação indireta da empresa com o Chelsea, através de seu dono: Roman Abramovich. O magnata russo comprou o clube em 2004, pouco antes de vencer as ações de sua empresa de petróleo para a Gazprom por bilhões de euros. Nos anos seguintes, Abramovich investiu milhões de euros consecutivamente no Chelsea e transformou a pequena equipe inglesa em gigante continental, agora bicampeã europeia e campeã mundial.
A relação com a Uefa, por sua vez, começou em 2012. A gigante russa passou a patrocinar a Liga dos Campeões e a Supercopa da Uefa naquele ano e vem renovando contratos com a confederação europeia - abrindo caminho para que São Petersburgo fosse escolhida para ser palco de uma final do torneio.
Globo Esporte
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário!