Wolff prega fim de diplomacia na F1 após manobra de Verstappen sobre Hamilton

(Foto: Charles Coates / LAT Images)


A Mercedes saiu vencedora do GP de São Paulo após a epopeia de Lewis Hamilton até a vitória na corrida neste domingo. Porém, a etapa inaugurou um novo capítulo na já tensa rivalidade entre a equipe e a RBR, potencializada pelas punições recebidas pelo time alemão ao longo do fim de semana e a isenção ao movimento de Max Verstappen para impedir a ultrapassagem do britânico.

Os dois pilotos concordam que o incidente, que foi notado pela direção de prova mas isento de investigação, foi um "lance de corrida", opinião da qual o chefe da RBR, Christian Horner, compartilha. No entanto, o gestor da Mercedes, Toto Wolff, discorda da visão e não ficou nada feliz com a postura da Federação Internacional do Automobilismo (FIA) no Brasil.

- Levamos muitos socos na cara neste fim de semana, com decisões que poderiam ter oscilado contra nós ou a nosso favor. Mas quando as decisões sempre vão contra você, isso é algo que me deixa com raiva. Eu vou defender minha equipe e meus pilotos do que vier. Sempre fui muito diplomático na maneira como discuto as coisas. Mas a diplomacia acabou hoje - disparou Wolff.

A principal polêmica do domingo foi na volta 48, quando Hamilton finalmente se aproximou de Verstappen; o britânico tentou passar o rival por fora e chegou a por a maior parte do carro à frente do holandês, mas o piloto da RBR espalhou o carro. Sem espaço para ambos, a dupla saiu da pista.

O incidente foi notado pela direção de prova, que recebeu da RBR o pedido para que deixasse Hamilton e Verstappen correrem livremente. Uma investigação sobre o lance foi dispensada - o que foi alvo de reclamação da Mercedes no rádio. O diretor de provas da FIA, Michael Masi, justificou a decisão:

- A filmagem em 360º, voltada para a frente, tem todos os ângulos que não conseguimos ao vivo, e ela será baixada. Nós a solicitamos (à RBR), mas ainda não recebemos. Pode ser sim uma prova contundente, e assim que obtivermos, vamos olhar. Julgamos os incidentes apenas por seu mérito, respeitamos o princípio de deixá-los correr e, observando a situação com o que tínhamos em mão, adotamos essa filosofia. O fato de nenhum dos carros ter perdido posição foi a visão que tivemos.

Horner, por outro lado, minimizou o lance, destacando que como os dois pilotos acabaram fora da pista, não houve uma vantagem factícia que justifique uma punição em seu ponto de vista.

- Max foi por dentro com tudo e os dois saíram da pista, então seria muito injusto puni-lo. Não há vantagem conquistada, nenhum contato foi feito. Os comissários tomaram a decisão certa. Já falamos muito sobre deixá-los correr, são dois caras lutando por um campeonato, então vai ser uma corrida difícil - opinou o chefe da RBR.

No sábado, a Mercedes ainda lidou com a desclassificação de Hamilton da classificação por uma infração técnica em sua asa móvel. No domingo, o piloto largou do décimo lugar por ter trocado parte de seu motor; além disso, a direção de prova somente advertiu Verstappen por ziguezaguear na pista para se defender do britânico.

- Tínhamos uma peça quebrada em nossa asa traseira que não podíamos mexer e fomos severamente desclassificados por causa dela. Aí a RBR fez três reparos em uma asa no parque fechado, sem consequências. As coisas chegaram ao ápice com a defesa errônea de Max. Lewis conseguiu brilhantemente evitar contato mas isso foi além do limite, era caso de uma punição de 5s, pelo menos. Max sabia disso, mas empurrar tudo pra debaixo do tapete foi só a ponta do iceberg. É ridículo - desabafou Wolff.

O que dizem os pilotos?

Para os protagonistas do incidente, o lance foi menos polêmico. Hamilton relevou o fato ao considerar que apesar disso, ele conseguiu vencer a corrida

- Eu estava à frente, ele ficou firme e nós ficamos sem espaço. Ele saiu da pista, então eu tive que evitar ao máximo. Mas não pensei muito nisso, vou ter que ver o replay. Mesmo assim, é uma batalha difícil e não esperamos nada menos do que isso. Não houve toque, o que é bom. Não vou entrar nesse mérito, eu já consegui o resultado de que precisava. É um incidente de corrida e não importa - pontuou o britânico.

Verstappen, por sua vez, disse ter feito o possível para defender sua posição de forma segura:

- Nós dois tentamos estar um na frente do outro no fim da curva, eu estava tentando manter a posição, no limite da aderência, por isso pensei que não estava totalmente no ápice. Foi a forma mais segura possível de escapar um pouco da pista. Estou feliz que os comissários nos deixaram correr, porque a prova foi muito boa mesmo.

Apesar de Hamilton evitar dar continuidade ao assunto, Toto Wolff crê que a discussão não terminará com a bandeirada em Interlagos, cuja prova foi a primeira do total de quatro rodadas que restam para o fim do campeonato.

- Não quero reclamar dos comissários, eles têm uma vida difícil e sempre vão sair perdendo porque uma equipe sempre ficará mal-humorada. Mas quando você é golpeado dessa forma o fim de semana inteiro, perde a fé neles. Se dizem que você não pode empurrar ninguém para fora da pista no México, isso deve ser válido aqui também. Acho que vamos discutir isso a portas fechadas - prometeu.

Globo Esporte

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