Copa no Catar promete integração de culturas em torno do futebol

(Foto: Allan Caldas)


No Catar, nem sempre é aconselhável que um homem ofereça um simples aperto de mão para uma mulher muçulmana, reconhecida facilmente pelo traje típico da religião. Mas também não é um crime. Apesar das diferenças culturais, a esperada presença de milhares de torcedores na Copa do Mundo de 2022, a maioria de países do Ocidente, não deverá produzir grandes danos, talvez algum constrangimento apenas. É o que garantem estrangeiros que conhecem bem o Catar e se sentem em casa no país.

- Se você der a mão para uma mulher apertar, ela pode pegar a sua mão ou não. É uma decisão dela, mas não é um costume. Então, eu mesmo já errei e já fiz. mas a gente pede desculpas e se adapta - comentou o brasileiro Ricardo Trade, vice-diretor do de operações do comitê organizador local da Copa de 2022.

- Trata-se apenas de uma questão protocolar. Normalmente é a mulher quem oferece a mão, não o contrário. É assim que fazemos aqui. Então, ninguém precisa se sentir ofendido ou achar que é algo pessoal - comentou a catari Eman Abdulla.

Alguns pontos sobre consumo de álcool e vestuário no Catar:

- É proibido por lei beber na rua ou ficar bêbado em público;

- Durante a Copa, o consumo de álcool será permitido somente em locais específicos, como as Fan Fests, por exemplo;

- Beber álcool dentro das arenas da Copa deverá ser proibido;

- Mulheres, em público, precisam seguir o código de vestimentas e cobrir ombros e joelhos.

Diferenças de gênero, roupas e costumes característicos da região, hábitos que destoam do estilo de vida ocidental, vão ser compreendidos segundo a Fifa. A aposta de todos é no entendimento entre o povo local e turistas.

- Vivemos num mundo globalizado, mas ainda cheio de preconceitos. é uma oportunidade única de aprendermos e conhecermos o próximo melhor - disse o presidente da Fifa, Gianni Infantino.

Opinião compartilhada por quem vive na capital Doha, incluindo estrangeiros, como a italiana Simona Duranti.

- Sempre fui muito bem tratada. Eu vejo a relação deles com as mulheres como algo muito respeitoso. As mulheres daqui são muito bem cuidadas, podemos dizer assim. As pessoas que vierem ao Mundial vão se surpreender com o país - garante ela.

- Não queremos controlar os costumes e a maneira de ser das pessoas. Todos são muito bem-vindos - disse o catari Ahmed Al Obidly.

Proprietária de um restaurante no badalado mercado Souk Wakif, no Centro de Doha, e acostumada a surpreender desde que decidiu montar seu próprio negócio e trabalhar fora, há mais de 20 anos, contrariando os costumes da época, Shams Al Qassabi vê na união de culturas por vezes opostas uma chance de aprendizado e crescimento.

- Oriente e Ocidente são dois lados diferentes, mas se completam e precisam se respeitar. Vamos recebê-los bem no Catar e oferecer aquilo que temos de melhor - comentou ela.

Habituada a servir convidados ilustres, inclusive o Emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, e sua família, Shams já sente a brisa da Copa do Mundo chegando. Semana passada, recebeu no restaurante um dos grandes craques internacionais da virada do século. Tornou-se fã de carteirinha, e não titubeou quando perguntada sobre seu jogador preferido:

- David Beckham, aquele jogador inglês - declarou, já revelando quem é a próxima estrela do futebol que gostaria de ver sentado à sua mesa:

- Ronaldo, o brasileiro.

Globo Esporte

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