(Foto: Dan Mullan / Getty Images) |
Uma polêmica marcou o pentatlo moderno das Olimpíadas de Tóquio: a técnica alemã Kim Raisner foi flagrada dando um soco no cavalo Saint Boy enquanto Anikka Schleu tentava controlá-lo para saltar. A treinadora foi expulsa dos Jogos. A atleta relatou que vem sendo alvo de muito ódio na internet e se defendeu de acusações de crueldade com o animal sorteado para ela no Japão.
- O ódio que encontrei nas redes sociais mascarou a decepção com a medalha perdida. Não tratei o cavalo com extrema severidade. Eu tinha um chicote comigo que foi verificado de antemão. Exatamente como as esporas. Eu realmente não estou ciente de qualquer crueldade com os animais - disse Schleu ao jornal alemão "Die Zeit".
Quarta colocada na Rio 2016, a alemã liderava a competição em Tóquio até o hipismo. Diante da recusa de Saint Boy em saltar, a treinadora Kim Raisner foi flagrada dando um golpe no animal, que também havia recusado seguir com a atleta do Comitê Olímpico Russo e campeã mundial de 2017, Gulnaz Gubaydullina, ruindo as esperanças de medalha de ambas competidoras. O desespero das atletas, no entanto, ficou em segundo plano diante da preocupação de quem acompanhava a disputa com o animal.
- Comecei a chorar relativamente rápido. Eu estava tão tensa porque percebi que a competição poderia acabar antes mesmo de eu começar a cavalgar. Os segundos que se passaram pareceram muito mais longos para mim. Foi uma situação difícil e desesperadora para o cavalo e para mim - disse Schleu.
Numa competição de pentatlo moderno, na fase de hipismo, os atletas ganham vinte minutos para se acostumar com um cavalo nunca guiado por eles, que são sorteados. A forma como a equipe alemã reagiu para superar as dificuldades com Saint Boy nas Olimpíadas fez a União Internacional de Pentatlo Moderno (UIPM) anunciar que está formando um grupo de trabalho para revisar a etapa equestre da modalidade.
De acordo com a UIPM, um Painel Disciplinar deve ser determinado para rever ocorrido na prova feminina em Tóquio. A entidade também informou que conversou com os donos de Saint Boy, e que o cavalo já retornou para a cidade de Shiga, no Japão, com "boa saúde, embora cansado da competição".
Saúde animal em debate
Ainda segundo a UIPM, o conselho executivo da entidade também levará a questão para o próximo congresso internacional, a ser realizado de maneira virtual entre os dias 26 e 28 de novembro, quando também pretende ouvir recomendações sobre as medidas a serem tomadas. Módulos dedicados ao bem-estar animal também serão adicionados ao Programa de Certificação de Treinadores e ao Programa de Certificação de Juízes da UIPM.
ONG pede exclusão das Olimpíadas
O pouco tempo de ligação entre o animal e o cavaleiro no pentatlo moderno não é uma novidade. Diante de diversas recusas de cavalos em saltar e acidentes já ocorridos em outros eventos, ativistas de diversos países buscam uma mudança concreta na modalidade. A ONG People for the Ethical Treatment of Animals (PETA), por exemplo, foi mais além e pediu que todas as competições equestres fossem removidas do programa olímpico.
Ainda nas Olimpíadas de Tóquio, a brasileira Ieda Guimarães chamou a atenção ao sofrer um tombo durante a prova de hipismo. Já o cavalo suíço Jet Set, montado por Robin Godel, teve de ser sacrificado após sofrer uma lesão em uma prova de Hipismo CCE. O animal, que já tinha 14 anos de idade, se lesionou no último obstáculo aquático da prova, o que o deixou manco.
No caso do pentatlo moderno, o presidente da UIPM não entrou no mérito do pedido de exclusão, mas disse aberto a ouvir todas as partes em prol da segurança de todos na modalidade.
- O Congresso UIPM 2021 oferece uma oportunidade para as federações nacionais darem sua opinião. Em nome do conselho executivo da UIPM, estou ansioso para trabalhar com todas as partes interessadas para garantir que façamos os ajustes necessários para fornecer um futuro seguro para a disciplina de equitação dentro do pentatlo moderno.
Globo Esporte
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