(Foto: Getty Images) |
Max Mosley, ex-presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) de 1993 a 2009, morreu nesta segunda-feira aos 81 anos de idade na Inglaterra, em sua casa no bairro de Chelsea, em Londres. A informação foi confirmada por Bernie Ecclestone, ex-chefão da F1, à "BBC Sport". As causas da morte ainda são desconhecidas.
- É como perder família, um irmão. Ele fez muitas boas coisas, não apenas no automobilismo, mas também na indústria automotiva. Ele foi muito bom fazer as pessoas construírem carros mais seguros - afirmou Bernie à BBC Sport.
Figura controversa
Uma das figuras mais controversas da Fórmula 1, Max Rufus Mosley era advogado de formação. O britânico era um dos donos da equipe March - o "M" vem do nome Max - além de ter tido participação na consolidação da associação das equipes (Foca), quando desenvolveu relação próxima de Bernie Ecclestone. Foi presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) por 15 anos, mas caiu após se envolver num escândalo sexual.
Junto a Ecclestone, Max foi o artífice do primeiro Pacto de Concórdia, documento que passou a reger os aspectos comerciais da categoria junto à Federação Internacional de Automobilismo. Em 1982, o inglês se afastou do automobilismo para voltar à política, mas retornou às corridas quatro anos depois, como presidente da comissão de fabricantes da Fisa, braço esportivo da FIA.
Depois do controverso acidente provocado por Alain Prost com Ayrton Senna no GP do Japão de 1989, Mosley viu a oportunidade de crescer ainda mais. Criticando duramente o presidente da FIA (e da Fisa), Jean-Marie Balestre, pela sua atuação no episódio, favorecendo o compatriota Prost, Mosley se candidatou ao comando do braço esportivo em 1991 e venceu. Dois anos depois, trabalhou para Balestre renunciar em seu favor no comando geral da FIA, e conseguiu. Mosley passou à presidência.
Mosley enfrentou um momento difícil logo em 1994, com os acidentes fatais de Roland Ratzenberger e Ayrton Senna. Adotou medidas de segurança emergenciais e implementou padrões ainda mais rígidos nos autódromos e carros. Esse é considerado pelos críticos seu grande legado no automobilismo, pois apenas em 2014 a F1 teve outra fatalidade, com Jules Bianchi. Por outro lado, os detratores dessa política de Mosley disseram que as pistas da F1 ficaram artificiais demais.
Nos anos seguintes, a atuação de Mosley passaria a ser muito criticada pelo fato de ele ter permitido que Bernie Ecclestone assumisse toda a parte comercial da Fórmula 1. Chefe da McLaren, Ron Dennis sempre foi um dos grandes inimigos de Max e criticava para quem pudesse ouvir a proximidade de relação entre Mosley e Bernie. Apesar disso, com os votos das federações nacionais, Max continuava se reelegendo à presidência da FIA...
A última década de Max na F1 foi ainda mais tensa. O inglês publicamente defendia que a categoria tivesse como principal papel o desenvolvimento de tecnologias para carros de rua. Além disso, Mosley queria uma redução severa dos orçamentos das equipes. Estas, com grande participação de montadoras como BMW, Toyota, Mercedes e Honda, fundaram uma nova associação de equipes (Fota) e partiram para o confronto por julgarem que as posições de Mosley eram autoritárias.
Só que em 2008, tudo mudou com o vazamento de imagens de Mosley participando de uma orgia de temática supostamente nazista. No vídeo, amplamente divulgado na Inglaterra, cinco mulheres, todas prostitutas contratadas por Mosley, faziam supostas referências nazistas. Max admitiu participação na orgia mas negou que o conteúdo fizesse referência ao nazismo. Como a família de Mosley sempre foi acusada de defender o nazismo, foi impossível para Max se sustentar no cargo.
Diante das já proeminentes pressões por parte dos adversários políticos e da opinião pública mundial, Mosley viu sua reputação ruir definitivamente. Em 2009, o advogado deixou a presidência da FIA e deu lugar ao francês Jean Todt, que segue no cargo até hoje. Ainda em 2020, Mosley será o personagem de um documentário sobre sua controversa trajetória.
Globo Esporte
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