Gabriel Medina e Ítalo Ferreira se enfrentam nas semifinais do Rip Curl Rottnest Search, na Austrália

(Foto: Divulgação)


Uma final Brasil x Austrália vai definir o campeão do Rip Curl Rottnest Search apresentado pela Corona e fechar a "perna australiana" do World Surf League Championship Tour 2021. Os brasileiros ganharam as outras três etapas e esta será a primeira decisão contra um australiano. Morgan Cibilic e Liam O´Brien vão disputar uma semifinal e a outra é um duelo de campeões mundiais, entre o líder e vice-líder do ranking, Gabriel Medina e Ítalo Ferreira, que barrou o recordista do dia, Yago Dora, na quarta de final brasileira que fechou o sábado de ondas excelentes de 6-8 pés em Strickland Bay, na paradisíaca ilha de Rottnest. A primeira chamada para as semifinais será às 7h15, do domingo, na Austrália, 20h15, deste sábado, no Brasil.

A seleção brasileira da WSL comandou o espetáculo desde o primeiro confronto do dia, com Miguel Pupo fazendo uma apresentação fantástica, surfando dois tubaços incríveis e usando a força nas manobras de borda, além de completar um belo aéreo. Com este repertório completo, despachou o taitiano Michel Bourez na quarta bateria das oitavas de final. Depois, surfou bem de novo, mas o australiano Liam O´Brien, algoz do ex-número 3 do ranking, Filipe Toledo, virou o placar nos minutos finais e não entraram mais ondas para Pupo tentar a vitória.

Mesmo assim, Miguel saltou do 25º para o 15º lugar na classificação geral das cinco etapas completadas na Austrália, entrando no grupo dos 20 que permanecem na elite para 2022. As quartas de final até começaram com ótimas ondas no duelo australiano entre Morgan Cibilic e Julian Wilson. O novato no CT 2021, Morgan, mostrou toda a verticalidade do seu backside para derrotar seu oponente bem mais experiente, por 15,70 a 14,16 pontos. A semifinal australiana foi confirmada com a vitória de Liam O´Brien sobre Miguel Pupo.

Nos outros dois confrontos das quartas de final, só deu Brasil. O bicampeão mundial Gabriel Medina ganhou as duas reedições de decisões de títulos que disputou no sábado. A primeira contra Owen Wright, com quem fez a final das duas últimas etapas nos temidos tubos de Teahupoo, no Tahiti. Medina venceu a de 2018 enquanto o australiano deu o troco em 2019. Na ilha de Rottnest, Gabriel iniciou o ataque da "Força Aérea Brasileira" nas ondas de Strickland Bay, voando alto e fazendo a rotação completa no ar. A nota 8,33 foi decisiva para confirmar a vitória por 14,50 a 11,00 pontos do australiano.

Nas quartas de final, o adversário foi o americano Conner Coffin, que o brasileiro derrotou com o maior placar do ano no CT, 18,77 pontos, com seus aéreos na decisão do Rip Curl Narrabeen Classic apresentado pela Corona, em Sidney. Dessa vez, o californiano começou melhor com 6,83 e Medina só surfa sua primeira onda aos 15 minutos da bateria. Ele escolhe uma boa esquerda, acelera e voa num alley-oop caindo na base, já emendando um layback e mais um ataque incrível na junção, para ganhar 7,00 dos juízes. Conner responde com 6,77. Mas, Medina destrói outra esquerda com uma série de manobras progressivas e inovadoras que valem 6,80 e definem a vitória por uma pequena vantagem de 13,80 a 13,60 pontos.

"Eu sabia que não ia ter muitas ondas nessa bateria, porque o vento deu uma apertada e dificultou o surfe, então tentei ser mais seletivo na escolha das melhores", disse Gabriel Medina. "Mas, foi uma boa bateria com o Conner (Coffin) e estou feliz por ter passado para as semifinais mais uma vez. Eu estava analisando o mar junto com o Andy (King, seu técnico) e deu muita onda na bateria anterior, então era um sinal que a minha ia ser meio lenta. Hoje, estava assim, uma bateria com muitas ondas e outra com poucas. Mas, estou bem focado e o trabalho com o Andy está bem legal. Ele tem me dado bastante confiança para estar pronto para qualquer coisa. Também estou com a minha esposa na praia, então estou me sentindo superbem em tudo."

DUELO DE CAMPEÕES – Agora, Gabriel Medina vai fazer outro duelo de campeões mundiais com Ítalo Ferreira. Os dois já se enfrentaram em 17 baterias no CT e o placar está em 10 a 7 para o potiguar. As cinco últimas foram em fases decisivas, começando nas semifinais em Portugal, em 2018, que Ítalo venceu. Em 2019 foram duas finais: Medina ganhou a da África do Sul e Ítalo venceu a que decidiu o título mundial em Pipeline, no Havaí. Na abertura da temporada 2021, novamente em Pipeline, Medina deu o troco nas semifinais, mas voltou a perder outra final no Rip Curl Newcastle Cup.

Nesta etapa que abriu a "perna australiana", foi decidida a liderança do ranking, na qual Gabriel tirou de Ítalo na etapa seguinte, o Rip Curl Narrabeen Classic quando venceu em Sidney. Desde então, Medina está competindo com a lycra amarela da World Surf League e já garantiu a primeira posição com a classificação para as semifinais do Rip Curl Rottnest Search. Os dois ficaram na mesma chave e vão se enfrentar, pois Ítalo perdeu sua bateria da primeira fase, mas já derrotou dois brasileiros, no sábado, em Strickland Bay.

CONFRONTOS BRASILEIROS – O primeiro foi o também campeão mundial e capitão da seleção brasileira, Adriano de Souza, que está encerrando sua carreira nesta sua 15ª temporada na divisão de elite do esporte. Os dois fizeram uma das melhores baterias do dia, mas os aéreos do potiguar garantiram a vitória por uma pequena diferença de 14,70 a 14,27 pontos. Eles já haviam estreado juntos em Rottnest Island e Mineirinho venceu a bateria mais fraca de ondas da primeira fase, com Ítalo se classificando em segundo lugar.

"O Adriano sempre foi uma inspiração pra mim e fizemos uma ótima bateria", disse Ítalo Ferreira. "Eu estava até nervoso no início. Tentei fazer uns aéreos grandes que não completei, mas depois acertei um bom e fiz umas manobras boas, então fico feliz porque a minha última bateria com ele foi no Taiti e ele ganhou de mim na última onda."

Depois, Ítalo teve outro confronto muito difícil com Yago Dora, que fez uma apresentação impressionante nas oitavas de final, contra o australiano Connor O´Leary. Todos esperavam mais um show da “Força Aérea Brasileira”, na ilha Rottnest, mas as ondas já não estavam formando as rampas perfeitas para voar como pela manhã. Então, o combate foi com as manobras de borda mais progressivas e inovadoras. O golpe fatal foi na onda na qual Ítalo surfou no último minuto, atacando os pontos críticos com batidas e rasgadas que valeram a maior nota da bateria, 7,17. Com ela, selou a vitória por 13,94 a 11,97 pontos.

"É muito difícil surfar contra o Yago (Dora). Eu tentei mandar uns aéreos grandes e acabei caindo, mas usei minha estratégia para colocar uma pressão nele no final", disse Ítalo. "Quando o mar fica mais lento, tem que mudar o surfe, fazer umas batidas para ganhar umas notas boas. Mas, quando tem bastante ondas, aí você se solta e tenta uns aéreos maiores. Nós tivemos chances de fazer notas mais altas e, quando tem alguém desse calibre na água, me dá mais motivação. Todos os dias, somos os primeiros a entrar na água pra treinar e é bom ter esse tipo de atleta no circuito, para estender nossos limites."

RECORDES DO DIA – Apesar da eliminação em quinto lugar, Yago Dora foi o grande destaque do sábado nas ótimas ondas de Strickland Bay. Ele havia feito os recordes do dia na bateria com Connor O´Leary, que fechou as oitavas de final. Começou numa esquerda perfeita, fazendo dois longos arcos e atacando a junção com um aéreo rodando muito alto para receber nota 9,10. 

Quando o australiano fez sua melhor onda, Yago pega a de trás e voa num aéreo enorme com rotação perfeita e aterrisagem com segurança na base. Os juízes deram 9,57 e o catarinense fez o segundo maior placar do CT 2021, com os 18,67 pontos só ficando abaixo dos 18,77 de Gabriel Medina, na final do Rip Curl Narrabeen Classic. Yago quase se tornou o recordista absoluto do Rip Curl Rottnest Search, com os 18,67 pontos e o 9,57, chegou bem perto do 9,63 do tubo do taitiano Michel Bourez no primeiro dia.

"Quando você é um grommets, você sonha com uma bateria dessas. Se divertir numa bateria, como se fosse um freesurf, é a melhor sensação", disse Yago Dora, após a melhor apresentação da sua carreira no CT. "Eu fui na onda sem muitas expectativas e surgiu uma rampa inesperada que rendeu uma nota boa. Na outra onda, fiz o meu surfe de borda que tenho trabalhado muito. Antes só focava nos aéreos e, agora, me concentro também em manter a prancha na água, mas mando um aéreo sempre quando dá."

DO INÍCIO AO FIM – O Brasil comandou o show de surfe nas melhores ondas do Rip Curl Rottnest Search, desde o início até o fim do dia. Começou com Miguel Pupo mostrando suas armas contra Michel Bourez. O taitiano ainda é o recordista de nota, com o 9,63 do primeiro dia, mas dessa vez quem surfou os tubos de Strickland Bay foi o brasileiro. Pupo já iniciou voando num giro completo no ar para receber 7,50 dos juízes. Depois, some num tubaço e sai limpo com nota 7,27 e ainda surfa outro tubo incrível, mas não fica tão profundo. Mesmo assim, a vitória é confirmada por 14,77 a 13,07 pontos.

"Fiz um aéreo e depois peguei um tubo, então acabou sendo um pouco de tudo (risos)", disse Miguel Pupo, muito feliz pelo seu desempenho. "A onda do tubo eu sabia que ia ser uma das maiores da série e tentei ficar mais profundo possível. Foi uma bateria divertida pra mim, mas infelizmente foi contra meu bom amigo, Michel (Bourez). Adoro ele, mas tive quer fazer o meu melhor. Como está rolando boas esquerdas, sabia que ia ter boas oportunidades pra mim e estou feliz, mas sinto que ainda tem muita coisa para conquistar."

SEMIFINAIS FEMININAS – Entre as oitavas de final e as quartas de final masculinas, foram definidas as semifinalistas da categoria feminina. As favoritas venceram suas baterias. Sally Fitzgibbons surfou um belo tubo para vencer fácil a havaiana Malia Manuel, por 15,10 a 9,47 pontos. Com a classificação, Sally entrou no grupo das top-5 do ranking, tirando a californiana Caroline Marks. Ela fará um duelo australiano com Tyler Wright, valendo a primeira vaga na grande final do Rip Curl Rottnest Search.

A outra será disputada pela havaiana Carissa Moore e a francesa Johanne Defay. Carissa deu mais um show nas ondas de Strickland Bay. Ela igualou a nota 9,50, que ganhou na primeira fase e aumentou seu recorde de pontos de 16,16 para 16,53, contra a novata na elite deste ano, Isabella Nichols, que venceu pela terceira vez na perna australiana. Já Johanne Defay derrotou a surpresa dessa etapa, a japonesa Amuro Tsuzuki, por 13,60 a 9,80 pontos.

ÚLTIMA CHAMADA – O Rip Curl Rottnest Search apresentado pela Corona tem prazo até a próxima quarta-feira para ser encerrado, mas pode terminar neste domingo. A primeira chamada para as semifinais será às 7h15, na Austrália, 20h15 deste sábado, no Brasil. Esta quinta etapa do World Surf League Championship Tour 2021 fecha a perna australiana e será transmitida, ao vivo, pelo www.worldsurfleague.com e pelo Youtube e aplicativo da WSL e pelos canais da ESPN Brasil.

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