Fernanda Garay dará uma pausa na carreira para realizar o sonho de ser mãe. A decisão da ponteira de 34 anos é de encerrar o ciclo pela seleção brasileira após os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, que serão realizados neste ano, e depois se dedicar à maternidade. Uma possível volta às quadras não está descartada, mas, segundo ela, não será a prioridade.
Nesta segunda-feira, a campeã olímpica em Londres 2012 convocou uma coletiva de imprensa virtual para falar do futuro. Emocionada, explicou os planos para o pós-Olimpíadas e também anunciou a despedida do Praia Clube, após quatro temporadas.
"Depois de pensar muito, tomei essa decisão de não renovar com o Praia na próxima temporada. Farei uma pausa na minha carreira para me dedicar à minha família e realizar o sonho de ser mãe", disse Garay.
– Na sexta-feira recebi com muito carinho a convocação para a seleção brasileira. Em 2016, não consegui encerrar o ciclo depois de ter me preparado tanto. Então, após receber essa última convocação, neste ano, vou representar o Brasil da melhor forma – completou.
A jogadora está na lista de José Roberto Guimarães para a disputa da Liga das Nações, que será realizada no final de maio, como preparação para os Jogos de Tóquio. Ainda nesta semana, ela se juntará às demais convocadas em Saquarema-RJ. Campeã olímpica em Londres 2012, a ponteira espera estar na lista final para disputar a terceira Olimpíada seguida.
Aposentadoria?
Garay também colocou em dúvida uma possível volta às quadras após realizar o sonho da maternidade. Ela destacou que a vivência com outras mães atletas a faz pensar, neste momento, em não retomar a carreira.
– Não tenho essa certeza, porque convivi com outras jogadoras que disputavam competições e tinham que deixar os filhos para viajar. Não sei se tenho estrutura psicológica para isso, me sinto bem fisicamente, talvez eu tivesse condição física de voltar sim, mas não tenho essa certeza. Acredito que posso voltar, mas não é o meu desejo do coração nesse momento. Quero me dedicar à maternidade e deixar isso em segundo plano.
Confira outros trechos da entrevista
Sonho de ser mãe
– Vocês não devem fazer ideia do quanto é difícil para nós mulheres atletas entendermos nossa decisão de interromper nossa carreira para realizar o sonho de ser mãe. Eu me sinto muito bem fisicamente, mentalmente, e a cada temporada me sinto mais madura para entender as necessidades do meu corpo. Mas às vésperas de completar 35 anos, e depois de ter tomado um susto muito grande com relação à saúde, eu tive a certeza no meu coração de que esse é o momento e que não valeria mais a pena esperar por isso.
Gratidão ao Praia
– Fiquei quatro anos jogando no Brasil, foram quatro longos anos. Cheguei aqui em 2017, e não imaginava o quanto seria bem recebida na cidade de Uberlândia, no clube. Então, eu não me imaginaria neste momento jogando por outra equipe. Com muito orgulho e muita humildade, posso de dizer que faço parte da história desse clube. Com muito orgulho digo que meu primeiro título de Superliga foi pelo Praia e, de alguma forma, fiz parte dos grupos que chegaram em quase todas as finais – falou Garay, que conquistou, além da Superliga, três Supercopas pelo time mineiro em quatro temporadas.
Convocação para Liga das Nações
– Esse ano foi muito diferente, estou preparada para dar o meu melhor. Quem sabe, é a oportunidade de conquistar minha vaga em Tóquio, representar o Brasil e ter o privilégio de encerrar minha essa fase da minha carreira. Agradeço à comissão técnica, que acreditam que posso ajudar, que posso estar lá. Vai ser muito significado para todos, depois de um ano tão difícil.
– Acredito que temos condições de formar um time competitivo. Depois de não termos competições no ano passado, todo mundo está focado em representar bem a seleção. Eu não cheguei lá ainda (em Saquarema-RJ), estou me despedindo do clube, logo estarei virando a chave para viver as expectativas (na seleção). Está todo mundo com fome de bola, para formar uma equipe que vai brigar pela Liga das Nações e pelas Olimpíadas.
Thaisa fora da seleção
– Eu acredito que a decisão é muito particular, não sabemos que o passa na cabeça de cada jogadora. Eu tive a oportunidade de conversar com ela rapidamente, não agora, mas na Copa Brasil, fiquei muito tocada com o que ela me disse. Eu consigo entender o que ela está sentindo, para tomar essa decisão. Não cabe a mim julgá-la. Sei que ela recebeu muito carinho, muito amor. Cada ano que passa, devido à idade, temos que nos dedicar muito mais. Saímos da quadra, temos ir para o fisioterapeuta, massagem... Não posso falar das decisões dela, mas ela se dedicou muito para apresentar aquela performance. Só tenho a desejar sucesso, ela não em falou em gravidez, mas que ela deve dar continuidade à carreira.
Liderança na seleção
– As equipes de voleibol precisam trabalhar bem coletivamente. Eu não me sinto sozinha em nenhum aspecto, seja de liderança, técnica, nada. Temos totais condições de formar um time coeso e competitivo.
Globo Esporte
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