Médico da Federação Paulista explica protocolo, cita NBA e diz: "Não somos negacionistas"

(Foto: Reprodução)


Moisés Cohen, presidente do Comitê Médico da Federação Paulista de Futebol, deu entrevista nesta sexta-feira ao Globo Esporte e defendeu a visão de que o futebol poderia ser mantido, em meio ao agravamento da pandemia do novo coronavírus, sem prejuízos à população e sem riscos aos atletas.

Um dia antes, o programa havia ouvido o neurocirurgião Miguel Nicolelis, que classificou como negacionistas os argumentos da entidade a favor da continuidade do Campeonato Paulista – o que gerou reação da Federação Paulista em nota oficial.

Para Moisés Cohen, os atletas ficariam mais seguros em atividade, sendo testados frequentemente, do que sem esse protocolo.

– Não somos negacionistas, como alguém quis colocar. Não estamos negando nada. Pelo contrário: estamos tentando, através da ciência, fazer a manutenção de algo, dando uma segurança para o atleta que ele talvez não tivesse nem na sua casa. Dentro da concentração fechada, ele tem exames. Se for positivo e por acaso acontecer alguma coisa, nós fazemos o rastreamento de contato, onde esteve nas últimas horas, família. Vamos lá, fazemos os exames. (Sem o futebol) Ele não vai ter mais isso. Ele vai ter eventualmente o coronavírus, assintomaticamente, e vai estar espalhando o vírus por todo o canto, e não vamos nem ficar sabendo – disse o médico.

– Quando falamos em fechá-lo, estamos fazendo exatamente uma amostragem daquilo que temos um controle muito próximo, do que chamamos de modelo epidemiológico ideal. Tomara Deus que a gente pudesse dar esse modelo para toda a nossa população. Infelizmente, essa não é a realidade. Ele (o protocolo) é seguro por várias razões. Ainda que o caso seja de contaminação, ele está mais seguro dentro de uma concentração, em que vai ser testado, acompanhado pelo médico, do que em casa, disseminando isso para familiares, amigos, e ninguém nem tá sabendo que é dele que saiu o negócio – completou.

Segundo Cohen, a ideia da Federação Paulista era manter os atletas isolados em bolhas, como aconteceu na NBA.

– Não existe um protocolo que seja 100% seguro no mundo. Porém, o que nós tentamos fazer é um protocolo com segurança máxima dentro da realidade que vivemos, particularmente dentro do futebol. Nós não podemos contar e avaliar o protocolo pelas eventuais fugas do protocolo. A ideia que sugerimos ao Governo do Estado foi fechar esses atletas em bolhas, à maneira da NBA, da Major League, e esses atletas terem acompanhamento médico o tempo todo e serem testados antes e após cada jogo. Dessa forma, estaríamos diminuindo muito a possibilidade de contaminação. Quero chamar atenção para o seguinte: o atleta, via de regra, nos mais de 35 mil testes que fizemos pela Federação Paulista de Futebol, na sua grande maioria, (...) são assintomáticos ou muito pouco sintomáticos, e esse que é o perigo.

Por que parou

A paralisação do Campeonato Paulista foi anunciada pelo governo estadual no dia 11 de março – e vale, inicialmente, até o próximo dia 30. A medida fez parte de uma série de ações para tentar conter o avanço da pandemia do novo coronavírus.

A Federação Paulista, porém, foi contrária à medida e tentou derrubar a decisão, sem sucesso, em reuniões com o governo e com o Ministério Público Estadual.

Diante das negativas, a Federação criticou a decisão, disse que ela não se baseava em conceitos científicos e passou a se reunir com os clubes para tentar manter os jogos em andamento: ou levando a disputa para outros estados, ou buscando uma liminar na Justiça.

Porém, conforme outros estados se fechavam para a ideia (caso de Minas Gerais), a Federação desistiu da ideia. E os clubes votaram, em maioria, por não levar a questão à Justiça, ao menos por enquanto – veja como cada um deles se posicionou.

Com isso, foi mantida a suspensão dos jogos deste fim de semana, que seria da quinta rodada do Paulistão. O campeonato teria nova rodada no meio da semana que vem, ainda dentro do período da paralisação, e a Federação tenta encontrar uma forma de estas partidas serem realizadas.

Globo Esporte

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