Corinthians trabalha para cortar gastos em 20%, alongar dívidas e antecipar quase R$ 100 milhões

(Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians)


O Corinthians inicia 2021 tentando implementar uma série de medidas em busca de um alívio financeiro. Embora a situação já tenha sido bem mais grave no ano passado, quando o clube chegou a dever três meses de salário aos jogadores, o Timão ainda tem muitas dificuldades.

Sem dinheiro em caixa e com mais despesas do que receitas previstas para as próximas semanas, a diretoria do Corinthians trabalha em três frentes: aumentar receitas, reduzir despesas e alongar dívidas.

A parte de atrair "dinheiro novo" ao Timão fica a cargo principalmente de José Colagrossi, escolhido pelo presidente Duílio Monteiro Alves para ser o superintendente de comunicação, marketing e inovação.

Já o trabalho de "fechar as torneiras" e renegociar com credores compete a Wesley Melo, novo diretor financeiro do Corinthians, e Roberto Gavioli, que já ocupava a gerência do departamento nos mandatos de Andrés Sanchez e Roberto de Andrade.

Eles têm passado a todas as áreas do clube a necessidade de cortar gastos em 20%, como previsto no orçamento para 2021– o documento ainda não foi analisado pelos órgãos competentes do clube nem votado pelo Conselho Deliberativo, mas já baliza as decisões da nova diretoria.

A missão não é fácil, principalmente porque não se pode demitir boa parte dos funcionários. Houve redução salarial em 2020 por conta da pandemia, e os profissionais afetados pelos cortes agora gozam de estabilidade nos cargos.

Balanço publicado em outubro do ano passado mostrava que o Corinthians tinha uma dívida de R$ 920 milhões, dos quais R$ 567 milhões precisariam ser quitados em até 12 meses. Todos no clube sabem que não é possível arcar com este valor, por isso, uma das prioridades neste início de 2021 tem sido renegociar com credores, para alongar prazos de pagamento.

Esgotado em quase todas as linhas de crédito que tinha disponíveis, o financeiro do Timão também trabalha para antecipar o quanto antes o valor restante da venda de Pedrinho ao Benfica, de Portugal.

Como mostrou o ge, na última semana, o Corinthians conseguiu a antecipação de apenas 4 dos 18 milhões de euros da transferência no ano passado. Agora, o clube tem negociação avançada com um fundo europeu para receber os outros 14 milhões de euros, o que representa cerca de R$ 93,6 milhões na cotação atual.

Vale lembrar que 30% do total da operação precisam ser repassados a Will Dantas, empresário de Pedrinho, que tinha fatia dos direitos econômicos do jogador e concordou em receber a sua parte apenas neste ano.

Empossado na última semana, o presidente Duílio Monteiro Alves vem adotando discurso de austeridade, sem prometer grandes investimentos neste primeiro ano de mandato e admitindo que é necessário vender jogadores para fechar as contas. Ainda assim, o presidente tenta manter o otimismo:

– A gente vai ter dificuldades, isso não é segredo, não está as mil maravilhas, mas tem muita coisa a ser feita, novos patrocinadores para anunciar, dinheiro novo para entrar, vamos trabalhar. O torcedor pode ter certeza de que vem muita coisa boa pela frente.

Globo Esporte

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