Thomas Bach critica Sebastian Coe por incentivar protestos no pódio após homenagem

(Foto: Andy Lyons/Getty Images for IAAF)


O presidente do Comitê Olímpico Internacional Thomas Bach fez uma crítica indireta durante coletiva de imprensa realizada nesta última segunda ao presidente da World Athletics, o britânico Sebastian Coe, por incentivar protestos no pódio. Coe homenageou os medalhistas dos 200m da Olimpíada do México, em 1968, pódio conhecido pelo protesto dos Panteras Negras.

Sebastian Coe decidiu entregar um prêmio aos americanos Tommie Smith e John Carlos (ouro e bronze respectivamente) e ao australiano Peter Norman (prata), e muitos viram a atitude do presidente da Federação Internacional de Atletismo como apoio a protestos no pódio nos próximos Jogos Olímpicos, em Tóquio, em 2021.

Ao anunciar os ganhadores do prêmio, Coe, que se tornou membro do COI este ano, disse que "a bravura, a dignidade e a moralidade desses três homens continuam a inspirar os atletas de todos os esportes há 50 anos".

Bach usou sua entrevista coletiva após a reunião do Conselho Executivo do COI desta última segunda para sugerir que o apoio de Coe aos protestos no pódio viola as regras do Atletismo Mundial. O presidente do COI citou diretamente o artigo 1.3.5 das regras de marketing e publicidade da World Athletics.

- O artigo 1.3.5. sobre "política e marketing" diz que tanto o político (ou seja, a promoção de quaisquer partidos políticos, associações, movimentos, ideias ou qualquer outra causa política ) quanto o marketing religioso (ou seja, a promoção de religiões, movimentos, ideias ou outras causas religiosas) são proibidos - citou Bach na coletiva.

Em resposta, um porta-voz da World Athletics disse que a organização "não acredita que gestos contra o racismo possam ser definidos como marketing político ou religioso". Ainda afirmou que não há nada nas regras que impeça os atletas de protestar, desde que seja feito de maneira respeitosa.

Embora Coe tenha sinalizado seu apoio aos atletas que optam por protestar nos Jogos, incluindo gestos como ajoelhar-se, Bach advertiu que as Olimpíadas não deveriam ser "um mercado de manifestações".

A Comissão de Atletas do COI tem estado em consulta com atletas de todo o mundo sobre a questão da Regra 50 da Carta Olímpica, que prega a neutralidade dos Jogos e prevê punições aos esportistas que infringirem estas determinações.

Em 1968, durante a cerimônia de medalha dos 200 metros masculinos na Cidade do México, os americanos Tommie Smith e seu conterrâneo John Carlos ficaram conhecidos pelo gesto de punho cerrado e o uso de uma luva preta para chamar a atenção para o racismo e a desigualdade enquanto estavam no pódio. Ambos foram apoiados pelo medalhista de prata da Austrália, Norman, que morreu em 2006.

Globo Esporte

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