Knicks apostam em elenco de jovens para reconstruírem a franquia mais valiosa da NBA

(Foto: Michael Hickey/Getty Images)


Era finzinho de julho de 2019 quando a grande estrela Kevin Durant recusou a proposta do tradicional New York Knicks para assinar com o rival mais jovem, da mesma cidade o Brooklyn Nets. Fontes ligadas ao craque justificaram a escolha de KD pelo aspecto da credibilidade das franquias. Os Knicks pareciam há anos desorganizados, sem rumo, enquanto o moderno Brooklyn Nets tentava crescer de forma estruturada, sustentável, escolhendo jovens talentosos, apostando uma uma cultura de basquete a longo prazo. A mensagem não poderia ser mais clara: o New York Knicks precisaria dar alguns passos para trás e tentar reconstruir um novo modelo de crescimento.

A franquia tem o maior valor de mercado da NBA, avaliada em cerca de 4.6 bilhões de dólares, de acordo com a revista Forbes, mas para manter a base de fãs pelo mundo e não desvalorizar, precisa vencer em quadra. Com elenco repleto de apostas, tenta nesta temporada, que começa nesta terça, reencontrar o caminho das vitórias.

Ainda em 2019 a franquia começou a reformular seu elenco. O time mais tradicional de Nova York recrutou o talentoso ala-armador RJ Barrett na terceira escolha do draft e procurou desenvolver em quadra outros jovens como Frank Ntilikina, Kevin Knox e Mitchell Robinson. Para comandar pernas novas, os Knicks optaram por uma mente experiente, Tom Thibodeau. O técnico é conhecido por acertar defesas fortes e criar uma atmosfera de competitividade aos seus times.

- Já deixei claro para os jogadores que nosso objetivo é ser eficiente nas duas pontas da quadra (defesa e ataque). Quando os arremessos não caem, é preciso segurar o ímpeto do adversário com um esforço organizado na defesa. Esse é um pré-requisito para ter sucesso nessa liga: ser forte defensivamente. (...) Temos um novo grupo, queremos formar logo um sistema em conjunto e não é comum o curto período que todos tiveram pra se preparar para a temporada. E queremos crescer degrau a degrau. O caminho é fazer as pequenas coisas de forma consistente. Ser um time forte nos treinos e transferir isso para as partidas - disse o técnico Tom Thibodeau.

O New York Knicks assinou para grande parte do elenco contratos curtos, de um ano. A estratégia do novo presidente de operações, o ex-empresário de jogadores da NBA Leon Rose, e do gerente contratado em abril deste ano, Scott Perry, é montar para a temporada de 2020/2021 um time atraente para estrelas se interessarem pelo atual projeto da franquia. Assim, haveria espaço na folha salarial da equipe para algum grande craque vestir a camisa dos Knicks na próxima temporada.

Enquanto os principais jogadores da liga ainda não se interessam em jogar pela equipe de Nova York, um novato pode ser uma das atrações da torcida do Knicks nesta próxima temporada. O lendário ginásio do Madison Square Garden não estará aberto ao público, por causa da pandemia, mas uma prata da casa pode brilhar no solo sagrado dos esportes americanos. Obi Toppin foi a oitava escolha do último draft e se emocionou muito com o anúncio, já que defenderá o time de coração do pai. Obi cresceu em Nova York, foi formado pela cultura dominante de basquete pelos parques da cidade e tenta agora profissionalmente seguir os passos que o pai deu pelas ruas.

- Eu cresci em Nova York, e minha família assiste jogos dos Knicks desde sempre, e ter essa oportunidade aqui, a minha cidade, é uma benção. Meu pai era bom, jogou basquete em cada parque de Nova York, e pude ver muitos desses jogos dele, aprendi muito o assistindo. Quando criança, repeti um pouco da história do meu pai. Chegava a jogar sete partidas de basquete em um dia, indo de um parque pra outro. Essa atmosfera do basquete de rua é incrível.

Obi Toppin foi considerado por muitos analistas americanos como "o jogador mais pronto do draft 2020". O ala, que chama atenção pela explosão física em enterradas espetaculares, atuou por três temporadas na universidade de Dayton e foi eleito o jogador universitário do último ano. Obi tem 22 anos, três a mais do que os primeiros colocados do draft 2020, os badalados Anthony Edwards, LaMelo Ball e James Wiseman, e já pode usar essas horas de voo a mais na universidade para fazer companhia a outros novos valores.

- É ótimo estar em uma equipe com tantos jovens talentosos. E todo dia ouvimos de nosso técnico sobre isso: ninguém pode ter mais energia do que a gente em quadra - disse Obi Toppin.

Além de Obi Toppin, o New York Knicks tem outra ótima carta no baralho para devolver o brilho à franquia. RJ Barrett entrou na NBA na temporada passada e, se não foi mal, talvez tenha decepcionado quem garantiu que o jovem ala-armador canadense pudesse transformar de cara o time do Knicks. Com média de 14,3 pontos por jogo, Barrett não foi eleito para a seleção de novatos ao fim do ano e demonstrou clara decepção ao ser preterido. Dessa vez, sob o comando de Tom Thibodeau e com novas parcerias na quadra, terá mais uma chance de mostrar que pode assumir o protagonismo na reconstrução da franquia mais cara da NBA.

- Não tenho nada a reclamar desse retorno em dezembro. Durante o verão, treinei bastante e me esforcei em corrigir detalhes e em estudar o jogo. Tudo pra me tornar um jogador ainda melhor e mais completo. Atualmente, todos os fundamentos são importantes. Quero poder ajudar minha equipe em todos os aspectos - disse RJ Barrett.

Globo Esporte

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