(Foto: Reprodução) |
Médico do Sindicato de Atletas do Estado de São Paulo, o Dr. Renato Anghinah foi o grande entrevistado do Jogo Duro no podcast desta semana. O Ep.5, que foi ao ar nesta terça-feira (18) e tem como tema central o conturbado início do Brasileirão 2020 do ponto de vista da prevenção ao Covid, contou com falas importantes do neurologista.
Apontando para uma falta de precaução da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Renato explicou as falhas no protocolo de saúde utilizado inicialmente, admitindo a dificuldade de se prever os erros antes da bola começar a rolar. Para ele, o equívoco está relacionado à uma questão geográfica.
"A falha no protocolo da CBF é uma questão imponderável. Antes de começar o campeonato, seria impossível saber onde haveriam problemas. Primeiro porque, se nós pegarmos modelos usados pela CBF, como Campeonato Alemão e o fim do Paulistão, estamos falando, geograficamente, de ambientes muito diferentes de um país continental como é o Brasil. O estado de São Paulo e a Alemanha são muito menores. As próprias dinâmicas da pandemia foram diferentes. Não dava para saber se o protocolo iria funcionar ou não, mas teria que ter planos alternativos para que, caso algumas coisas não funcionassem, as correções pudessem ser feitas de maneira rápida", ressaltou.
Pressionada, inclusive pelo próprio Sindicato de Atletas SP, a CBF revisou os protocolos de prevenção logo após rodada de estreia, que, só na Série A, contou com uma partida adiada e 40 jogadores testando positivo para o vírus. Segundo o médico, caso os problemas persistam, as chances de paralisação do Brasileiro serão grandes.
"Em função dos jogadores que testaram positivo, algumas partidas não ocorreram e o campeonato não está fluindo adequadamente. O calendário é bastante apertado. E estamos falando apenas de Série A. Se pensarmos nas séries B, C, D, em que esses problemas acontecerão com maior intensidade, vai se criar um funil. E esse gargalo talvez seja intransponível. É melhor corrigir os problemas agora, para que o campeonato não seja paralisado por falta de data", alertou.
Tomando como exemplo os protocolos da NBA, Renato Anghinah aproveitou para discorrer sobre duas possíveis alternativas ao protocolo da CBF. A primeira consiste no isolamento, por 10 dias, de atletas positivos para o vírus. A segunda, por sua vez, resume-se na criação de uma bolha de isolamento para todos os times, como foi feito pela liga de basquete no complexo esportivo da Disney.
"Os jogadores da NBA, na bolha, estão respeitando um afastamento de 14 dias, com rigor absoluto. Eles só voltam a treinar, jogar, após o PCR (proteína C-Reativa) se negativar. Isso é importante, não sabemos se a imunidade é duradoura. Neste momento, a retestagem é necessária", destacou. "Criar uma bolha, para mim, não é uma alternativa nem na Série A, muito menos nas Séries B, C e D, que têm menos recursos. O custo é muito alto. Mas podemos pensar em colocar os jogadores em áreas do país que, do ponto de vista da pandemia, estão em situações mais tranquilas. A região norte, por exemplo, que tem um belo estádio em Manaus, construído para a Copa do Mundo, poderia se tornar uma sede para os jogos. Ao contrário da região sul, que hoje está numa situação bastante agudizada da pandemia", completou.
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário!