(Foto: Rodrigo Coca/ Ag. Corinthians) |
Relatório de análise financeira dos clubes brasileiros, publicado nesta terça-feira pelo banco Itaú BBA, apontou um cenário ruim para o Corinthians, um clube que "vive um roteiro típico daqueles filmes de catástrofe: tudo está bem quando tudo está bem. Daí, no ano em que não há vendas relevantes de atletas, pronto, a situação desanda", como diz o documento.
A relação com o cinema se dá pelo ano "financeiramente desastroso" de 2019. Embora na análise conste que as receitas com publicidade melhoraram e já estão "em níveis mais próximos ao potencial do clube", o problema está nos Custos e Despesas, "que seguem crescendo em ritmo alucinante", forçando o clube a buscar solução na venda de atletas.
O investimento em jogadores no ano passado é apontado como um grande problema.
"O futebol (do clube) é incapaz de obter eficiência nas contratações, vide o investimento de R$ 91 milhões sem sucesso esportivo relevante em 2019" (deduzidos os R$ 38 milhões de financiamentos, o valor pago foi de R$ 53 milhões).
Somado às categorias de base e melhora de estrutura, esse valor chegou a R$ 109 milhões. O clube social também é apontado como entrave, já que "drena o caixa" (a geração de caixa foi negativa em R$ 28,2 milhões no ano passado).
A venda de Pedrinho ao Benfica, de Portugal, aparece como exemplo para um "alívio" nas contas de 2020. De acordo com o presidente Andrés Sanchez, o pagamento de Pedrinho entrará no caixa do clube em agosto. Há o entendimento de que o ano atual só abrandará a crise se houver um esforço "brutal" por reequilíbrio.
"A expectativa é de que o cenário final seja levemente melhor que o observado em 2019, mesmo com a pandemia. O que causa isso é o aumento na venda de atletas, como o caso de Pedrinho", diz trecho.
A análise estima R$ 351,4 milhões de receitas totais (gerando um impacto negativo de apenas 1%) e um aumento substancial com venda de atletas, que passariam dos R$ 18,4 milhões de 2019 para R$ 84,6 milhões neste ano. O número atualizado, com a negociação de Pedro Henrique com o Athletico-PR e somados mecanismos de solidariedade, chega aos R$ 142 milhões em vendas.
Cabe ressaltar que como o dinheiro das vendas só entrará ao longo do ano, é possível que o Timão siga com os problemas de fluxo de caixa. Atualmente, o clube deve dois meses de salário ao elenco, março (ainda com valor cheio) e junho (já com redução de 25% devido à pandemia). O Corinthians fechou o primeiro semestre de 2020 no azul, mas a dívida chegou a R$ 902 milhões.
A análise leva em conta o balanço financeiro de 2019, cujo déficit foi de R$ 177 milhões, segundo o Timão. De acordo com o Conselho Fiscal do clube, o valor foi ainda maior: R$ 195,4 milhões de déficit em 2019. O órgão alega que houve omissão de cobranças judiciais nas quais não cabem mais recursos. Essa diferença não é considerada na análise do banco, mas entrará na correção.
Por fim, o banco ressalta que os problemas não começaram agora e que "por mais que reduza custos e consiga fazer venda de atletas, a situação ao final do ano será complicada". O parágrafo final é duro com o clube e os "excessos" cometidos anteriormente:
"Este é o ponto: não dá mais para repetir que “o futebol é diferente”. Não é. Algum momento a conta chega, salgada e sem crédito no cartão. O resultado nesses casos costuma ser mais que ter que lavar pratos, e os exemplos estão na frente de todos. O cuidado é justamente não se transformar em sinônimo de exemplo ruim."
Globo Esporte
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