(Foto: Mark Blinch/NHLI) |
A pandemia do coronavírus pode atrapalhar a realização das Olimpíadas mesmo em 2021. Foi o que afirmou na última sexta-feira o Comitê Organizador dos Jogos de Tóquio. Lenda do hóquei no gelo e membra do Comitê Olímpico Internacional (COI), Hayley Winckenheiser reforçou as dúvidas sobre a segurança sanitária dos Jogos. Trabalhando como médica na linha de frente do combate à covid-19, a canadense de 41 anos confia na ciência, mas diz que hoje não tem como garantir que o coronavírus vai estar controlado em todo mundo entre 23 de julho e 8 de agosto de 2021.
- A verdade é que ninguém sabe (o futuro da pandemia do coronavírus). Não há uma pessoa no mundo que saiba. Podemos prever que os Jogos podem acontecer em um ano se houver outro grande surto? Não podemos. Mas acho que é um prazo razoável, dado o histórico, para planejar e avançar. Portanto, acho que não há muito mais que o COI possa fazer. E concordo em não cancelar os Jogos, acho que ninguém quer isso, isso não é bom - disse a tetracampeã olímpica, em entrevista ao site "Inside the Games".
O Comitê Organizador dos Jogos de Tóquio afirmou não estar em posição de fornecer uma resposta clara sobre as garantias de realizar as Olimpíadas em 2021. Para Winckenheiser, a resposta está na ciência.
- Acho que temos de confiar na Ciência e nos modelos que estão prevendo a curva. Baseando-se em outras pandemias, as pessoas têm uma ideia geral. Sabemos que vamos ter uma segunda onda. A questão será, se achatarmos a curva o suficiente quando houver uma segunda onda, o sistema não ficará sobrecarregado e poderemos retomar nossas vidas regulares e o sistema conseguirá lidar com isso. Acho que é mais uma preocupação - disse a canadense.
Winckenheiser nem sempre teve seu discurso alinhado aos das autoridades que comandam os Jogos. Ela liderou as manifestações de atletas pelo adiamento das Olimpíadas e chegou a chamar de irresponsável a posição que o COI mantinha de não mudar o cronograma de Tóquio. A canadense chegou a ser censurada pelo COI por suas críticas em redes sociais.
- Recebi uma mensagem cerca de 24 horas depois, dizendo 'que pena' que eu falei sem perguntar ao COI primeiro. É assim que costuma funcionar. Eles gostam de tentar conter a mensagem e ter uma mensagem, mas não acho que uma instituição democraticamente eleita como o COI deva censurar seus membros, especialmente em momentos como este. Entendo que você quer se unir e ter uma voz pública para não ter todo mundo falando. Respeito isso. Mas nessa situação em particular eles discordaram da minha posição de qualquer maneira. Portanto, isso não mudaria nada se eu tivesse falado com eles. Eles continuariam levando adiante sua mensagem. Estou olhando para tudo. Estou na linha de frente em uma sala de emergência médica - e sou atleta. Então eu sabia o que estava vendo - disse Winckenheiser.
A canadense está em seu último ano de estudos na escola medica da Universidade de Calgary. Winckenheiser tem trabalhado no atendimento a pacientes com covid-19 e iniciou uma campanha de doação de equipamentos individuais de proteção, como máscaras e luvas. Apesar de estar focada na nova carreira, a tetracampeã olímpica se colocou no lugar dos atletas que se preparam para Tóquio e têm de lidar com as incertezas geradas pela pandemia do coronavírus.
- Sendo eu mesmo atleta, se eu estivesse treinando em situação para os Jogos, estaria tentando fazer tudo humanamente possível para continuar treinando se os Jogos acontecessem. Eu provavelmente me colocaria em situações e tentaria criar um ambiente de treinamento que não deveria existir. Então, sinto que o adiamento tira o fardo deles, sentir que eles precisam fazer isso. Isso permite que eles saibam que têm tempo para se preparar.
Globo Esporte
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