(Foto: Divulgação/FIVB) |
As três estatais que mais injetam dinheiro no esporte olímpico brasileiro afirmam que, apesar da crise desencadeada pela pandemia do novo coronavírus, vão honrar os contratos previstos de patrocínio a confederações até o final deste ano e o início do próximo.
Porém, diante do adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio para 2021, apontam que o cenário é de indefinição em aportes e renovações para o próximo ano. Com isso, confederações já se dizem preocupadas com um eventual impacto às portas do megaevento.
Juntos, Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal preveem a destinação de R$ 441 milhões a confederações esportivas e atletas no ciclo olímpico de 2017 a 2020. O despejo é maior justamente neste ano, para o qual estavam programadas as Olimpíadas de Tóquio.
Apesar do horizonte de recessão do PIB devido ao combate à Covid-19, as três estatais asseguram que manterão os repasses. O Banco do Brasil, que projeta o empenho de R$ 72,1 milhões aos seus patrocinados (Confederação Brasileira de Vôlei e atletas da modalidade e ao velejador bicampeão olímpico Robert Scheidt), disse que "mantém o compromisso com os atletas patrocinados e os contratos previstos para 2020 permanecem vigentes".
A Caixa tem um cronograma de investimento que prevê R$ 175 milhões investidos de 2017 a 2020 em seus três apoiados. Indagado, o banco "informa que os patrocínios com as Confederações de Atletismo (CBAt) e Ginástica (CBG) e com o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) estão vigentes até dez/2020".
Por sua vez, a Petrobras, que depois dos Jogos do Rio chegou a cortar todo o apoio aos esportes olímpicos e o retomou em 2018 com destinação a 20 atletas olímpicos e cinco paralímpicos, disse que todo valor acordado será repassado - nos últimos três anos, ela deve injetar R$ 9,8 milhões nos atletas.
Embora a simples manutenção dos acordos seja tratada como alívio pelas confederações, a preocupação agora se volta para o ano de 2021. Com o adiamento dos Jogos de Tóquio, a necessidade de gastos com viagens para treinos e competições para a preparação dos classificados será direcionada para o próximo ano. E uma eventual falta de captação de dinheiro das estatais pode ser prejudicial.
A Petrobras tem um contrato com seus 25 atletas apoiados que extrapola 2020 e dura até maio de 2021, dois meses antes das Olimpíadas de Tóquio. O GloboEsporte.com apurou que a petroleira tem em seus dispositivos cláusula de "possibilidade de prorrogação". Para acionar o aditivo e "cobrir" o período dos Jogos, estuda propor aos competidores fazer mais exposição de marca. Tudo, no entanto, ainda está em fase de estudos.
O Banco do Brasil e a Caixa têm condições menos flexíveis e não comentam, por ora, viabilidade de estender contratos ou renová-los antecipadamente.
A CEF afirma que "não se manifesta sobre negociações em andamento, mas reitera seu compromisso em priorizar esportes de base e paralímpicos, bem como, estar presente em todo território nacional". Já o BB diz que, dado o vencimento, vai "analisar caso a caso" - a estatal patrocina a CBV desde 1991 e Scheidt desde meados dos anos 2000.
Nas últimas duas semanas, em entrevistas ao GloboEsporte.com, o diretor-geral do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Rogério Sampaio, e o diretor de esportes do comitê, Jorge Bichara, expressaram preocupação com baques financeiros para o final do ciclo que culmina em Tóquio 2020(1) e para o próximo, de Paris 2024.
- Olhamos para um cenário interno, de uma série de definições dentro do Brasil do que vem pela frente (...) Há situações que envolvem contratos de atletas com patrocinadores e clubes, por exemplo - disse Bichara.
Confederações
Procuradas pela reportagem, as entidades patrocinadas pelas estatais expressaram preocupação, mas reiteraram que as parcerias de longa duração com as empresas lhes dão alento de que os acordos serão renovados.
- Preocupação existe, até porque temos agora um novo cenário de crise mundial, mas a excelente relação entre as instituições e o comprometimento da CBV em sempre honrar os compromissos (...) nos faz otimistas na continuidade da parceria com o BB. A ausência de recursos implica na redução de investimentos em todos os segmentos, inclusive na preparação das equipes olímpicas, mas estaremos trabalhando ao máximo para evitar esse cenário - disse a confederação de vôlei em nota.
A CBV ressaltou que o contrato com o Banco do Brasil será esticado até o fim de abril de 2021 e que, de olho na reta final olímpica, já iniciou tratativas para a renovação.
O Comitê Paralímpico Brasileiro disse que "empreende todo o esforço necessário para que a preparação das seleções brasileiras não sofra qualquer alteração além do que já está comprometido, a contar pelo cenário atual". A entidade afirmou que transferiu despesas previstas para 2020 para o mesmo período de 2021, mas expressou preocupação com eventual queda de arrecadação das loterias federais de prognóstico (como mega-sena) - o CPB, a exemplo do COB, é beneficiário dos repasses da Lei Agnelo Piva, que determina o repasse da arrecadação bruta dos sorteios ao esporte olímpico e paralímpico.
Por meio de nota, o CPB acrescentou que lançou recentemente um programa de acompanhamento a 80 atletas de alto rendimento de treinos em domicílio durante a pandemia.
A CBAt comentou que "a preparação das seleções em 2021 seguirá o mesmo planejamento que estava previsto para 2020" e que está na expectativa de uma renovação com a Caixa. A CBG, orgão máximo da ginástica nacional, disse que ainda depende da definição do calendário da federação internacional para acertar o planejamento das seleções brasileiras em 2021. Por sua vez, também ressaltou o histórico para sugerir uma renovação com a Caixa.
- Nossa parceria com a Caixa é sólida e extremamente vitoriosa. Juntos conquistamos onze medalhas em Campeonatos Mundiais e quatro medalhas olímpicas e expandimos de forma inclusiva a prática da ginástica por todo o território nacional - concluiu.
Globo Esporte
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