Dudamel dispara contra Nathan e direção do Atlético-MG: "Covardia falar sobre quem não está lá"

(Foto: Bruno Cantini/Atlético-MG)


A sexta-feira no noticiário do Atlético-MG foi agitada por causa de uma declaração do meia Nathan, em entrevista à TV Record, sobre o ex-treinador do Galo Rafael Dudamel. O jovem jogador fez críticas ao trabalho e ao estilo disciplinador do venezuelano. O GloboEsporte.com entrou em contato com Rafael Dudamel, e o técnico usou seu direito de resposta. E não poupou duras palavras ao rebater Nathan.

Mais do que uma simples resposta ao meia, Dudamel enviou um vídeo à reportagem (veja acima) e aproveitou para desabafar sobre outros temas. Avaliou que a diretoria não agiu de forma profissional e citou nominalmente o presidente Sérgio Sette Câmara ao dizer que o mandatário não teve a hombridade de conversar com ele após sua saída. Os elogios foram direcionados à torcida atleticana e a algumas lideranças do elenco. Veja abaixo, em tópicos, tudo o que disse Rafael Dudamel.

Resposta a Nathan

- Recebo com muita decepção umas declarações de um jogador jovem, com um futuro promissor, com um futuro bom. Mas, definitivamente, o êxito de um jogador caminha lado a lado com o profissionalismo, com a hombridade, com a sinceridade e a frontalidade que pode viver. As declarações do Nathan me geraram uma grande decepção. Não quero pensar nisso com malícia, (pensar) que na sua cabeça tenha passado, de alguma maneira, orquestrar, preparar a saída de um treinador. Eu não posso pensar desta forma. Quero entender que foi parte de uma imaturidade de um jogador da sua idade. Entendo, agora sim, porque, nos lugares onde esteve, não pôde triunfar e tenha permanecido tão pouco tempo. Mas eu vou recordar com muito carinho. Hoje tenho uma tristeza, uma decepção, mas eu vou recordar com muito carinho, porque recordo, quando chegou ao Atlético, que (Nathan) chegou lesionado, mas preparamos, junto com a comissão técnica, um plano de trabalho para sua recuperação. Recordo, também com tristeza, o dia que errou o pênalti, e nos eliminaram (Afogados) da Copa do Brasil. E eu me pergunto: será que naquele momento passou pela sua mente a exigência de Dudamel e por isso errou o pênalti? Em momentos cruciais, um jogador não pode falhar. Os jogadores diferentes, em momentos cruciais, não falham.

- Hoje eu entendo porque (Nathan) não triunfou em nível internacional. Quando falam sobre o futebol do Brasil, você imagina jogadores profissionais, com ética, com valentia e, definitivamente, este garoto tão jovem, que começa sua carreira, não reúne, hoje - e pode mudar, com o passar dos anos -, toda a categoria que deve ter um jogador digno do que é o futebol do Brasil. Mas os meus melhores desejos para ele e todo o clube.

"Repito: recebo com decepção (as declarações de Nathan), por encontrar num jogador a covardia de falar sobre uma pessoa que não está lá. As portas da minha sala sempre estiveram abertas. Por ali sempre passaram muitos cavalheiros, profissionais, para conversar e tomar decisões em prol de todo o plantel" - Rafael Dudamel.

Mudanças de normas no clube e regras de convivência

- Sim, houve muitas mudanças. Conversamos com o grupo, falamos sobre nossas normas, sobre a nossa maneira de trabalhar. Em todo momento, deixamos partícipes nosso capitão e toda nossa equipe, inclusive os personagens de trabalho do Atlético. Preparamos um discurso com Jeremias, nosso coach, e explicamos o porquê de todas nossas decisões.

Postura da diretoria

- Lastimosamente foi curto o tempo (no Atlético). Os dirigentes não sustentaram sua palavra. Foram alvos de muitas críticas e frágeis para poder suportá-las. Conversava muito com o presidente e com o vice-presidente, um grande contador de histórias, diferente da cara que me mostrava a cada vez que estava nas concentrações, nas viagens, nos treinamentos. Mostrava uma cara de satisfação, de se identificar com o que estávamos fazendo. E, realmente, não era uma cara sincera.

"Fiquei muito surpreendido que, até o dia de hoje, nunca tive uma palavra, desde a minha saída do Atlético, com o presidente. O senhor Sérgio nunca teve a fortaleza, a personalidade e o caráter para dar a cara e poder conversar como profissional e como homem sobre seu ponto de vista e o porquê da (minha) saída. Mas eu, como profissional, devo entender essas decisões e continuar" - Rafael Dudamel.

Avaliação da passagem pelo Galo

- A experiência no Atlético-MG e no futebol brasileiro, para mim, foi muito especial, porque eu não meço na minha vida os êxitos de acordo com os resultados positivos, mas com as vivências, as experiências e a aprendizagem que (as ocasiões) me deixam. E foi muita aprendizagem que eu pude obter no curto tempo em que eu estive no futebol do Brasil. (Um futebol) de muita intensidade, muita exigência, uma aprendizagem de futebol, de parte tática, muito enriquecedora.

Ideia de trabalho longo, realidade oposta

- Lamento que tenha sido tão pouco tempo, porque cheguei ao Atlético-MG com muitas expectativas, desde o primeiro dia que sentei para conversar com os dirigentes, com o presidente, com vice-presidente e com o diretor de futebol. Me apresentaram um cenário real do que se devia construir no Atlético. Lastimosamente, não se cumpriu a palavra do compromisso feito. Eu havia deixado a seleção do meu país por diferentes motivos e havia ido a Belo Horizonte carregado de sonhos e muitos planos, mas lastimosamente não pude levar adiante. Mas sempre vou estar agradecido na vida, por Deus ter me dado essa linda oportunidade de aprender. Confiei muito na palavra de dirigentes, que me mostraram uma cara de profissionalismo e seriedade, que queriam realmente realizar um trabalho a médio e longo prazo para tirar a equipe do que havia vivido nos últimos semestres, de derrotas... e de construir uma equipe que estamos rejuvenescendo e uma equipe ganhadora.

Torcida e cidade

- Uma equipe com uma torcida incrivelmente fantástica, uma torcida superexigente, apaixonada, com torcedores incondicionais, que sempre acompanhavam. Me encantou essa exigência dos torcedores, porque isso me levava a viver com muita intensidade todo o meu trabalho.

- Nós, em todo momento, fomos muito respeitosos quando saímos do Atlético. Aos seus torcedores, a toda a cidade. Tanto eu, como minha família e minha comissão técnica. Nos deram um trato muito especial, nos fizeram sentir, em pouco tempo, como se estivéssemos em casa. Isso deixou muito fácil a adaptação à cidade.

Lideranças do grupo

- Tenho que ficar com os bons momentos vividos com os jogadores, porque encontrei um grande profissionalismo entre os líderes da equipe. Réver, Fábio Santos... Jogadores como Ricardo Oliveira. Jogadores muito profissionais, o Victor... Entendi porque alcançaram o que alcançaram em suas carreiras. Fica aqui o meu agradecimento, respeito e a minha admiração.

"A todos aqueles que abriram os braços a mim, a minha comissão e a minha família, para trabalhar com grande felicidade no Atlético, um grande abraço para todos, porque foram a maioria. Até logo" - Rafael Dudamel.

A posição do Galo

Procurado pela reportagem para responder às críticas de Rafael Dudamel (direcionadas ao presidente Sérgio Sette Câmara e ao vice-presidente Lásaro Cândido), o Atlético-MG, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que não iria comentar as declarações. Horas depois da publicação desta reportagem, o vice-presidente do Galo, Lásaro Cândido, usou as redes sociais para se manifestar.

"Realmente tentei, na medida das minhas possibilidades, q o técnico conhecesse um pouco da realidade brasileira, do GALO em particular. Quando tive oportunidade o alertei p o exagero em algumas regras etc. Tentei como faço desde 2009 c todos q passaram p clube, um ambiente sadio..", escreveu no Twitter.

Globo Esporte

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