(Foto: REUTERS/Rebecca Cook) |
Como Larry Nassar conseguiu molestar mais de 500 mulheres enquanto médico da USA Gymnastics e da Universidade de Michigan? Quem acobertou décadas de crimes do americano? Essas são algumas das respostas que as vítimas de Larry Nassar buscam para que um escândalo de abusos sexuais não volte a acontecer, nem na ginástica dos Estados Unidos, nem em qualquer segmento esportivo. No entanto, o que as sobreviventes dos crimes de Nassar receberam foi uma proposta milionária para abafar o caso antes da Olimpíada de Tóquio, em julho.
Enquanto Larry Nassar cumpre 360 anos de prisão por seus crimes, a Federação Americana de Ginástica (USA Gymnastics) e o Comitê Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos (USOPC) ainda respondem judicialmente a acusações de negligência e de acobertarem o ex-médico. No fim de janeiro, a USA Gymnastics ofereceu um acordo às vítimas para encerrar os processos na Justiça totalizando 217 milhões de dólares (quase R$ 1 bilhão). Cada sobrevivente receberia entre US$ 82.550 (cerca de R$ 370 mil) e US$ 1,25 milhão (mais de R$ 5,6 milhões). As informações são do jornal americano "The New York Times".
- Eles estão apenas tentando empurrar isso para debaixo do tapete na esperança de as pessoas se esquecerem disso quando assistirem à Olimpíada em julho - disse a campeã olímpica Aly Raisman em entrevista ao programa "Today", da rede americana de televisão "NBC".
A oferta de acordo da USA Gymnastics não exige que as autoridades da modalidade divulguem informações que esclareçam como Larry Nassar conseguiu molestar tantas mulheres e meninas por tantos anos. Também isenta de responsabilidade a USA Gymnasticas, o USOPC, Steve Penny (ex-presidente da USA Gymnastics), além de Marta e Bela Karolyi (ex-coordenadores da seleção americana de ginástica artística feminina). Dona de cinco medalhas olímpicas e 25 mundiais, Simone Biles deixou pública sua insatisfação com a proposta em meio a sua preparação para a Olimpíada de Tóquio.
- Indo para o camping de treinamento da seleção. Ainda quero respostas da USA Gymnastics e do USOPC. Gostaria que ambos quisessem uma investigação independente tanto quanto as sobreviventes e eu queremos. Ansiedade alta. Difícil não pensar em tudo que eu não quero pensar. Eles também não querem saber como tudo foi possível e quem deixou acontecer para que isso nunca mais aconteça? As pessoas não devem ser responsabilizadas? - postou Simone em suas redes sociais.
Advogado de Biles, Raisman e dezenas de outras vítimas de Nassar, John Manly compara com o acordo assinado pela Universidade de Michigan com as sobreviventes dos crimes do ex-médico. O acerto de US$ 500 milhões (mais de R$ 2,25 bi) previa também uma investigação que levou à demissão de funcionários da universidade, incluindo Lou Anna Simon, ex-presidenta da Universidade de Michigan.
- De maneira típica, a USA Gymnastics conseguiu ofender a todos com um plano de resolução que não permite que nenhuma de nossas perguntas seja respondida. Queremos descobrir quem nos níveis mais altos do esporte olímpico permitiu que essa cultura totalmente corrupta continuasse - disse o advogado.
Globo Esporte
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