Claire Williams condena machismo em críticas sobre gestão da equipe: "Postura do século XIX"

 (Foto: Dan Istitene/Getty Images)


À frente da Williams desde 2013 na Fórmula 1, Claire Williams tem sido alvo de muitas críticas devido ao mau desempenho da equipe nos últimos anos. Entretanto, ela acredita que boa parte do julgamento sobre sua gestão seja influenciada pelo fato dela ser mulher e mãe enquanto chefe de equipe, questão que definiu como "vergonhosa".

- Alguém me disse que muitas pessoas no paddock da Fórmula 1 acham que a equipe começou a se sair mal quando eu engravidei e tive um bebê. Eu não tenho o direito de ter um filho porque sou uma mulher gerindo uma equipe de Fórmula 1? É uma atitude vergonhosa. É uma postura do século XIX - condenou Williams.

No ano passado, a escuderia inglesa terminou a temporada na lanterna do campeonato, em décimo lugar, com apenas um ponto, conquistado através do P10 de Robert Kubica no GP da Alemanha. Foi a pior campanha da história da equipe, que conquistou seu último pódio em 2017, no GP da Europa (Baku), com Lance Stroll.

Claire é filha do fundador da equipe, Sir Frank Williams. Ela começou a trabalhar no setor de Comunicações e substituiu o pai na gestão da escuderia após sua saída em 2012, ano da última vitória da Williams na F1, com Pastor Maldonado, no GP da Espanha. Enquanto chefe da equipe, em 2017, a britânica deu à luz seu primeiro filho, Nathaniel.

A britânica não nega que muitas das críticas que sua direção recebe são adequadas e ainda garante que desejaria ver a Williams em uma posição melhor, mas defende que o gênero e suas implicações não sejam um motivo de julgamento na Fórmula 1:

- As pessoas talvez dificultam as coisas para mim porque sou uma mulher. Mudanças fundamentais são necessárias sobre como rotulamos mulheres no ambiente de trabalho, porque isso está ultrapassado.

O ano de 2020 começou menos caótico para a Williams do que o anterior, quando nem mesmo o carro chegou a ficar pronto a tempo para os testes de pré-temporada em Barcelona. Com renovação no setor técnico e no escopo de pilotos - com a chegada do canadense Nicholas Latifi à equipe -, a escuderia britânica acumulou uma quantidade considerável de voltas durante os primeiros dias de testes, chegando a aparecer entre os cinco mais rápidos das sessões.

A equipe ainda enfrenta dificuldades, sobretudo com o motor, fornecido pela Mercedes. Nos testes de quarta-feira, dia 26, o carro de Latifi parou devido a um problema no sistema de injeção. Em pouco mais de quatro dias, três unidades de potência já foram utilizadas. Entretanto, a direção da equipe segue confiante com a nova temporada, mirando, inclusive, chegar ao Q2 nos treinos classificatórios.

Claire Williams torce mais do que ninguém para a evolução do projeto da equipe, o que ela acredita que reforçaria a mensagem de que mulheres podem desempenhar funções de importância dentro da F1 com primor:

- Eu adoraria caminhar pelo paddock neste ano com a equipe em uma situação melhor, para mostrar que posso ser uma esposa, uma mãe, e ainda dirigir uma equipe de Fórmula 1 com sucesso. Quero usar o fato de que sou uma mulher nesse mundo dominado por homens para mudar posicionamentos dentro do esporte.

Globo Esporte

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