Rafaela Silva, do judô, apresenta defesa em caso de doping e espera resultado em até uma semana

(Foto: Abelardo Mendes Jr)


Campeã olímpica e mundial, a judoca Rafaela Silva, de 27 anos, apresentou nesta quarta-feira a sua defesa no caso de doping em um painel da Federação Internacional de Judô (IJF). A sessão foi feita via videoconferência, e a atleta esteve acompanhada do advogado Bichara Neto. A defesa da carioca espera que o resultado saia em até uma semana.

Rafaela Silva foi pega no exame antidoping durante os Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, em agosto de 2019. A PanAm Sports, que organiza essa competição, decidiu por tirar a medalha de ouro da judoca que foi conquistada nesse campeonato na categoria -57kg. No início de novembro, a carioca anunciou que entraria em uma punição voluntária.

A judoca do Instituto Reação soube do seu caso de doping no Mundial de Judô de Tóquio, no Japão, no fim de agosto. No início do mesmo mês, ela havia sido campeã dos Jogos Pan-Americanos de Lima. Naquele dia 9 de agosto, porém, testou positivo para a substância fenaterol, que tem efeito broncodilatador. Após o título no Pan de Lima, Rafa ainda disputou o Mundial do Japão (bronze), o Grand Prix Interclubes (prata), o Grand Slam de Brasília (bronze) e o Mundial Militar (ouro) antes de decidir pela punição voluntária.

Perguntas e respostas sobre o doping de Rafaela Silva

1) Por que Rafaela Silva poderia continuar competindo?

A substância que foi encontrada em seu exame é uma das especificadas pela Agência Mundia Antidoping (Wada) e, por isso, não prevê suspensão preventiva. A judoca optou por entrar em punição voluntária, a partir de 25 de outubro. Quando for julgada, a pena começa nesta data.

2) Qual foi a substância encontrada no organismo de Rafaela Silva?

A substância é o fenoterol, a mesma com a qual a nadadora Etiene Medeiros foi flagrada, em junho de 2016. A nadadora acabou inocentada na ocasião. Esse ativo tem efeito broncodilatador e costuma ser usado em tratamento de doenças respiratórias, como a asma. A substância causa aumento de performance, uma vez que permite melhor troca gasosa entre o sangue e o pulmão.

3) Quando foi realizado o exame antidoping de Rafaela Silva?

O exame de Rafaela Silva foi realizado no dia em que ela competiu nos Jogos Pan-Americanos de Lima, 9 de agosto. Naquela ocasião, a atleta foi campeã no Peru. Mais tarde, no dia 29 de agosto, a judoca realizou outro teste antidoping no Campeonato Mundial de Judô em Tóquio, no Japão. Esse novo exame deu negativo. Rafa saiu da competição japonesa com um bronze no individual (-57kg) e ainda ajudou o Brasil a terminar em terceiro na disputa por equipes mistas.

4) Qual é a justificativa da atleta?

Após analisar o que tinha feito em seu dia a dia desde 17 de julho, quando voltou da última viagem, até a ida para o Pan de Lima, Rafaela Silva chegou à conclusão de que a contaminação pode ter acontecido a partir do contato com um bebê. Lara, de sete meses, é filha de outra judoca do Instituto Reação, Flávia Rodrigues, e faz uso de medicação contra asma. O contato com a criança teria acontecido em 4 de agosto, na véspera do embarque para Lima.

5) A defesa tem como comprovar a justificativa?

O ato de dar seu nariz para bebês brincarem, Rafa diz, vem do relacionamento com seus dois sobrinhos. O costume já foi registrado em redes sociais com fotos e vídeos que, agora, vão servir de base para o argumento da defesa, assim como o histórico sem manchas da atleta, conforme o GloboEsporte.com apurou.

No dia 4 de agosto, pouco antes de embarcar para Lima, onde conquistaria o ouro, Rafaela Silva foi à casa de judocas do Instituto Reação. Entre elas, Flávia Rodrigues, mãe da pequena Lara, de apenas sete meses. Lá, brincou com a criança e com o sobrinho, Sylvestre. Além disso, fez sauna, outro ponto importante da defesa.

6) O que deve acontecer em seguida?

Depois da confirmação da perda da medalha de ouro do Pan de Lima, ainda não é possível precisar se Rafaela Silva perderá a medalha de bronze conquistada no individual ou mesmo se o Brasil ficará sem o bronze por equipes mistas, que teve participação dela, no Campeonato Mundial de Judô de Tóquio, disputado no fim de agosto, já que, nessa competição, ela realizou outro exame antidoping, que deu negativo. Ela apresentou sua defesa neste dia 15 de janeiro em painel da IJF e aguarda resultado.

7) A defesa pode reverter a perda da medalha do Pan?

A perda da medalha do Pan é irreversível, segundo o advogado Bichara Neto.

Globo Esporte

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