Do medo da Fórmula 1 a piloto titular da RBR: como um tailandês se tornou o novato do ano

(Foto: Getty Images)


Alexander Albon circula pelo paddock de Interlagos com um sorriso largo no rosto. O tailandês de 23 anos é cara nova no GP do Brasil de Fórmula 1 e atrai atenção não só por sua simpatia, mas também pelo desempenho que vem tendo nas pistas. Não à toa foi confirmado nesta semana como piloto titular da RBR para 2020. Algo que há um ano Albon sequer poderia imaginar. Uma temporada de estreia metórica na categoria.

- Nessa época ano passado, foi quando fui anunciado como piloto da STR. Tive medo, mas fiquei empolgado. Não esperava a velocidade que foi essa ascensão. Acho que ninguém poderia ter imaginado tudo o que aconteceu comigo. Saiu melhor do que eu imaginei de início - contou o sorridente Albon.

A TV Globo transmite ao vivo o GP Brasil no domingo, a partir das 14h10. O GloboEsporte.com acompanha o clima em Interlagos já a partir das 13h.

A trajetória de Alex parece roteiro de filme. Há um ano, tinha contrato assinado para disputar a Fórmula E, mas rescindiu para aceitar o convite para defender a STR na Fórmula 1, apesar do medo de encarar tão cedo a principal categoria do automobilismo. Seu começo de temporada foi tão bom que depois de 12 provas foi promovido para a RBR. Nas sete corridas que fez pela equipe austríaca, Albon sempre esteve no Top 6 e beliscou um pódio no GP do Japão, acabando na quarta posição. Nesse período, chegou a pontuar mais que o badalado companheiro de RBR, Max Verstappen.

- Não esperava nada disso. Apenas estar na Fórmula 1 já é uma conquista incrível, um sonho. Estar na RBR é mais um passo na minha carreira, é uma oportunidade para me mostrar e provar ao time que eu sou o cara certo para o trabalho. Ajudei com os resultados, e ser confirmado como piloto oficial é uma sensação incrível. Estou animado.

O caminho para uma carreira meteórica na Fórmula 1? Uma mistura de talento, trabalho duro e uma boa dose de carisma. Albon cativa com sua simplicidade e seu sorriso fácil. Se vai falar sobre seu primeiro GP do Brasil já rasga elogios aos churrasco que comeu e deixa de lado a chuva que atrapalhou os treinos livres de Interlagos na sexta-feira. Faz parte do seu jeitão de garoto humilde, que chamou a atenção da RBR e dos fãs de automobilismo.

- Eu ainda consigo andar pelas ruas e não sou notado, o assédio não é muito pesado. Acho que as pessoas esperam uma maior pressão em uma equipe grande, muito mais interesse da imprensa, o que é verdade, mas sinto que estou ignorando isso. Não me afeta. É o meu jeito de pensar - disse Albon.

Alex não pôde ignorar, porém, o impacto na Tailândia de sua temporada de estreia. Ele se assustou ao ver cartazes com seu rosto por toda parte no país que escolheu defender. Albon nasceu em Londres e cresceu na Inglaterra. Com dupla cidadania, optou pela bandeira do país da mãe, Kankamol. É o segundo tailandês a correr a Fórmula 1 (Birabongse Bhanudej disputou 19 provas na década de 50), mas o primeiro com chances de chegar ao pódio.

- Estamos muito longe do Brasil em termos de paixão pelo esporte. Aqui tem grafite do Ayrton Senna por toda parte. Nunca vi algo assim. Mas estamos chegando lá. Estive na Tailândia em janeiro e fevereiro, as pessoas sabiam quem eu era, mas não é tão grande, está crescendo. Depois do Japão, o aumento pelo interesse foi grande. Apenas quero fazer os tailandeses orgulhosos.

Certamente os tailandeses já estão orgulhosos. Não existe na Fórmula 1 um prêmio para o melhor calouro da temporada. Se houvesse, Albon levaria o título de novato do ano com facilidade. Ele é o sexto colocado do campeonato, com 84 pontos. Bem à frente do britânico Lando Norris da McLaren (11º, com 41 pontos), do italiano Antonio Giovinazzi da Alfa Romeo (18º, com 4 pontos) e do britânico George Russell da Williams (20º, sem pontos).

- Não é algo em que eu pense (risos). Todos estão tendo um bom ano, George, Lando e Antonio estão fazendo um bom trabalho. Eu não quero escolher o vencedor desse troféu, vou deixar isso para vocês (da imprensa) - disse o modesto piloto, que começou ainda criança sua trajetória no automobilismo, no kart.

Confirmado na RBR para 2020, Alex tem algumas metas para o ano que vem. Quer estar junto dos carros da Mercedes e da Ferrari para buscar o primeiro pódio da história da Tailândia na Fórmula 1. Também mira deixar a casa dos pais em Milton Keynes, perto da fábrica da RBR, e se transferir para a capital britânica Londres. Planos típicos de um jovem em ascensão.

Globo Esporte

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