Presidente do Inter evita "terra arrasada" e explica saída de Odair: "Questão de desempenho"

(Foto: Ricardo Duarte/Divulgação Inter)


Após um dia de reuniões e conversas para tentar apaziguar a crise no Inter, Marcelo Medeiros foi aos microfones explicar a demissão de Odair Hellmann. Em pronunciamento seguido de entrevista coletiva, o presidente atribuiu a saída do treinador à queda de desempenho recente da equipe.

O mandatário negou falta de "confiança" no técnico e chegou a dizer que tem certeza que Odair voltará a comandar o Inter no futuro. Pesou para a saída o retrospecto recente, com quatro jogos seguidos sem vitórias e a falta de resposta após o vice na Copa do Brasil.

– Não é pela confiança no profissional. A gente confia. Uma das coisas que eu disse é que o Odair vai voltar para o Inter. É questão de desempenho. Inter teve postura apática ontem. Teve postura que deixou escapar resultado, teve uma derrota impactante. A gente entende que o momento requer uma mudança para chegar aos objetivos até o final do ano – diz Medeiros.

O mandatário também explicou a permanência do vice de futebol Roberto Melo no cargo. De acordo com Medeiros, o dirigente tem confiança do Conselho de Gestão para seguir o trabalho e buscar a vaga na Libertadores de 2020. A briga pelo G-4 é objetivo que faz o Inter se blindar do sentimento de "terra arrasada".

– Hoje o Inter está na sexta colocação. A gente entende que houve uma grande frustração com a perda da Copa do Brasil, do tamanho da expectativa que nós mesmos criamos. E que não é momento de fazer terra arrasada e demitir todo mundo. Claro que ser vice de futebol do Inter tu estás sempre pressionado. Nós passamos por momentos mais difíceis que o de hoje. Ele tem a confiança do conselho de gestão e por outro lado, temos a lealdade dele – afirma o presidente.

"Não é confiança no profissional. A gente confia. É questão de desempenho. A gente entende que o momento requer uma mudança para chegar aos objetivos até o final do ano. (Marcelo Medeiros)
Em sua fala, Marcelo Medeiros negou que o Inter já tenha iniciado contatos por um novo treinador. O presidente diz que só agora, após o pronunciamento e uma série de três reuniões ao longo do dia, irá começar a busca por reposição a Odair. Oficialmente, o clube não tem definido perfil ou nome de profissional para a sequência do ano.

Assim, é provável que Ricardo Colbachini, do time B, comande o Inter neste domingo, às 16h, contra o Santos, no Beira-Rio, pela 24ª rodada do Brasileirão.

–Até a conversa que terminou faz pouco mais de meia hora, nós não falamos com nenhum treinador. Nós só vamos procurar e aproximar um futuro profissional quando terminar essa coletiva. Não tem perfil, não tem nome, não tem nome. Não tem tempo. Não sei se é tampão, até o final do ano que vem. Vamos trabalhar em cima desse vácuo que se criou. E vamos informar a todos que o treino vai ser feito pelo Ricardo Colbachini e provavelmente é ele que vai treinar a equipe contra o Santos – diz o presidente.

A demissão foi confirmada no final da tarde, após uma reunião pelo Conselho de Gestão de clube. Mas já vinha sendo tratada desde a noite anterior, em Maceió. A delegação colorada desembarcou em Porto Alegre perto das 10h de hoje. Logo depois, Melo se encontrou com o presidente Marcelo Medeiros por volta das 12h, no CT Parque Gigante.

Conforme apurado pelo GloboEsporte.com, Odair já foi comunicado da saída por telefone, ainda durante a reunião entre o mandatário e seus pares no comando do clube. A decisão pela permanência de Roberto Melo foi tomada por Medeiros antes do encontro com o Conselho de Gestão.

Ainda na noite da última quarta-feira, o grupo de jogadores chegou a pedir a permanência do treinador. Em vão. Com rescisão, o Inter terá de pagar 50% dos salários do treinador até o final do seu contrato, no final de 2019.

Os números da "Era Odair" no Inter

Jogos: 116
Vitórias: 61
Empates: 27
Derrotas: 28
Aproveitamento: 60,34%
Gols marcados: 151
Gols sofridos: 90

Odair passou a ter o trabalho questionado desde a perda do título da Copa do Brasil, para o Athletico, o que se intensificou com a queda de rendimento recente e o afastamento do G-4 – há uma preocupação com a perda da vaga para a Libertadores do próximo ano.

Então auxiliar da comissão técnica permanente, Odair foi efetivado como treinador no final de 2017, após o término da Série B. O então auxiliar tinha sido designado pela direção para encerrar a competição nos três jogos derradeiros e confirmar o acesso, com o vice, após a perda do título para o América-MG.

Neste quase um ano e 11 meses (684 dias no total), o técnico comandou o Colorado em 116 jogos, com 61 vitórias, 27 empates e 28 derrotas, o que dá um aproveitamento de 60,34%. Não conseguiu um título sequer. Foi vice do Gauchão e Copa do Brasil este ano, sem conseguir vencer um Gre-Nal na temporada.

Apesar da falta de resultados expressivos, Odair foi o treinador do Inter mais longevo nas últimas décadas – ficou um ano, 10 meses e 15 dias no cargo. Superou nomes históricos no Beira-Rio, como Abel Braga, Muricy Ramalho e Tite e bateu um recorde que perdurava há mais de 40 anos. Só ficou menos tempo que Rubens Minelli, líder do Inter bicampeão do Brasileirão em 1975 e 76. O treinador esteve no Beira-Rio entre 74 e 76.

Odair foi foi o terceiro técnico da gestão encabeçada pelo presidente Marcelo Medeiros, que tem Roberto Melo como vice de futebol. A temporada de 2017 começou com Antônio Carlos Zago, que foi demitido para a chegada de Guto Ferreira. Agora, a direção busca um treinador para o confronto contra o Santos, neste domingo, no Beira-Rio.

Globo Esporte

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