(Foto: Divulgação / Bayer Leverkusen) |
O presidente do Vasco, Alexandre Campello, e um banco de câmbio com sede em São Paulo são investigados pela Polícia Civil do Rio. A Delegacia de Defraudações abriu inquérito no dia 12 para apurar a conduta de Campello e da instituição financeira na transferência do meia Paulinho para o Bayer Leverkusen no ano passado. Os policiais suspeitam que a conta do Banco Paulista usada pelo Vasco para receber os 18,5 milhões de euros (R$ 76 milhões no câmbio da época) dos alemães faz parte de uma estratégia do clube carioca para driblar os credores.
Caso seja comprovada a irregularidade, os responsáveis poderão ser indiciados por fraude aos credores. A negociação de Paulinho com o time de Leverkusen foi a mais cara da história do Vasco, que ainda tem 10% dos direitos do atleta. O delegado Marcos Cipriano tem até o próximo mês para concluir o inquérito, que será enviado ao Ministério Público para oferecer denúncia ou não ao judiciário.
O diretor financeiro do Vasco, Anderson Santos, nega que o clube tenha tentado esconder dos credores o dinheiro da transferência do atletas. Segundo o dirigente, a utilização do Banco Paulista faz parte de uma estratégia de "inteligência financeira". "O dinheiro estava no nosso agente financeiro e nós nacionalizávamos o recurso conforme a necessidade do clube", disse Santos, acrescentando que o balanço do Vasco do ano passado foi auditado pela BDO. "Cabe ressaltar que não há qualquer investigação sobre transação financeira. Todas foram registradas e contabilizadas", completou
De acordo com os investigadores, quando o Vasco utiliza os serviços do Banco Paulista, o dinheiro da negociação fica no exterior. No seu site, o banco informa que tem como banco centralizador, em moda estrangeira, o Bank of America em Nova York e em Londres entre outras instituições financeiras. Segundo os policiais, o dinheiro da transferência do jogador ficou na agência londrina do Bank of America e, desta forma, escapou do radar do Bacenjud, sistema eletrônico que conecta o Judiciário ao Banco Central. Por meio dele, juízes cadastrados podem realizar bloqueio de conta bancária dos devedores para beneficiar os credores. Neste período, dezenas de ex-funcionários e empresas ficaram sem receber do Vasco, mesmo apoiados por decisão judicial. Até zerar a conta em agosto do ano passado, o Vasco fez 20 transferências.
O diretor financeiro do Vasco informou que o clube não sofreu penhora na negociação de Paulinho, mas teve confiscado R$ 735 mil dos cerca de R$ 2 milhões recebidos na conta do Banco Paulista pela venda de Philippe Coutinho do Liverpool para o Barcelona no ano passado. O Vasco fez a mesma operação para nacionalizar o dinheiro do mecanismo de solidariedade da Fifa por ter sido o clube formador do jogador.
Os policiais querem saber também quem operava a conta registrada em nome do Vasco no Banco Paulista. O dinheiro dos alemães foi transferido de uma agência londrina do Bank of America no dia 7 de abril do ano passado e convertido em cerca de R$ 76 milhões no banco de câmbio. O delegado pretende pedir a quebra do sigilo ao judiciário para saber os destinatários dos recursos. Os detalhes da negociação são apurados pela Delegacia de Defraudações desde 11 de março, quando foi aberto uma VPI (verificação de procedência de informação).
As dívidas trabalhistas são um dos principais obstáculos para o Vasco conseguir equilibrar suas finanças. O Vasco acumula cerca de R$ 120 milhões em dívidas na Justiça do Trabalho. No dia 9, o clube teve uma vitória ao assinar um ato trabalhista. Nele, o Vasco pagará cerca de R$ 2 milhões mensais para quitar a dívida num prazo de seis anos. O dinheiro virá diretamente dos recebíveis que o clube tem direito em relação a cotas de televisão. Sendo assim, o Vasco evitará penhoras e poderá organizar as suas finanças.
O Banco Paulista foi o principal alvo da 61ª Fase da Lava Jato, deflagrada em maio. Na ocasião, três executivos da instituição foram presos. O caso não tem relação com o Vasco. Em junho, o Ministério Público Federal no Paraná (MPF) denunciou os três por lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta de instituição financeira. Segundo o MP, pelo menos R$ 52 milhões teriam sido lavados pelos executivos em repasses feitos por uma construtora.
OUTRO LADO
O Banco Paulista informou que “detalhes a respeito de operações financeiras são protegidos por sigilo bancário, mas destaca que todas as suas operações cumprem a legislação cambial”.
O Vasco enviou uma nota oficial comentando o caso. Leia a íntegra:
O CRVG em nenhum momento deixou de prestar os esclarecimentos por escrito sobre o assunto, juntando toda a documentação pertinente a operação de venda envolvendo o atleta Paulinho e detalhes da nova administração;
O próprio Presidente do CRVG e sua diretoria se colocaram à disposição do Promotor de Justiça para depoimento, avaliado desnecessário pelo mesmo, deixando a cargo da Polícia tomar os termos;
A conta do Banco Paulista já era de titularidade do CRVG, antes da nova administração, e utilizada como intermediário bancário obrigatório nas operações de câmbio, devidamente registrado nos órgãos responsáveis;
Parece indevida a intervenção das Autoridades em assuntos eminentemente cíveis, sendo que todos os fornecedores do CRVG estão sendo contatados para regularizar o pagamento de eventuais valores devidos e em atraso;
Todas as acusações irresponsáveis e criminosas vazadas nesse caso, serão objeto de representação para apurar a prática do crime de denunciação caluniosa, além das ações indenizatórias cabíveis à espécie.
Globo Esporte
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