João Menezes conquista o título do Pan, e Brasil volta a bater o freguês Chile no tênis

(Foto: Reuters)


Aos 22 anos, João Menezes é campeão pan-americano no tênis. O brasileiro bateu o chileno Tomás Barrios por 2 sets a 1, parciais de 7/5, 3/6 e 6/4, em Lima, e manteve uma tradição: se a final no tênis é contra o Chile, o ouro é do Brasil. Foi assim em Santo Domingo 2003, quando Fernando Meligeni venceu o ex-número 1 do mundo Marcelo Rios. Quatro anos depois, no Rio, foi a vez de Flávio Saretta ser campeão contra o também chileno Adrián Garcia. Com o título deste domingo, João Menezes torna-se o sexto tenista brasileiro a ganhar o ouro no torneio de simples do Pan. Além dele, de Meligeni e Saretta, também foram campeões Fernando Roese (1987), Thomaz Koch (1967) e Ronald Barnes (1963). O Chile não conquista este ouro há 60 anos, desde o Pan de 1959, em Chicago.

A partida começou toda a favor de Barrios, que é o atual 286 do ranking aos 21 anos. João Menezes demorou, mas conseguiu equilibrar o primeiro set apenas quando já estava perdendo por 4/2. Reagiu ao mesmo tempo em que as pancadas do chileno começaram a parar na rede. Então, quebrando duas vezes seguidas o rival, o tenista de Uberaba fechou em 7/5.

Àquela altura do jogo, a quadra central do Pan de Lima já estava em clima de Copa Davis. Os chilenos eram maioria na arquibancada. Mas os brasileiros também contavam com o apoio dos peruanos, rivais históricos (inclusive em guerras) dos chilenos. O pai Fabiano Menezes era uma das vozes mais atuantes. Com a jaqueta amarela, no meio da quadra, ele sabia que um bom jogo do filho seria recompensado com a medalha de ouro no peito e um abraço caloroso ao fim do jogo. Mas não era tão simples. Do outro lado da rede, Barrios foi um adversário duro. O segundo set foi um festival de quebras de serviço. E nessa disputa o chileno acabou fechando o segundo set.

No terceiro set, o chileno voltou a dominar o brasileiro desde o início. Na gelada capital peruana, com 16ºC de temperatura e 87% de umidade do ar, o chileno parecia mais confortável. O clima quente das arquibancadas o ajudaram a vibrar mais que o brasileiro. João Menezes reagiu. Vibrou, vibrou ainda mais, virou Copa Davis em Lima, ele entrou no ritmo da torcida brasileira e ganhou o set e o jogo. Pode até pensar em defender o título daqui a quatro anos, na gelada capital chilena. E em Santiago 2023, ele pode torcer também para enfrentar os donos da casa na final. Como se vê, não é um problema encarar o Chile na decisão do tênis no Pan.

Além do ouro, por ter sido finalista em Lima, o mineiro de Uberaba classificou-se para sua primeira Olimpíada. Para estar em Tóquio, basta se manter entre os 300 melhores do mundo. E o tenista número 212 do mundo não tem dúvidas de que isso vai ocorrer. Afinal, está no melhor momento de sua carreira. E isso poucos meses depois de pensar em desistir do tênis depois de dois anos morando e treinando na Espanha. Lá conseguiu melhorar seu nível, de torneios Futures passou a jogar os Challengers. Mas, mentalmente, estava esgotado. Sentia solidão e a distância da família. Faltava o abraço do pai Fabiano, como o que ocorreu logo após o ouro em Lima. João Menezes decidiu voltar para a casa. Passou a treinar em Itajaí, Santa Catarina, com incentivo da Confederação Brasileira de Tênis em 2019, depois de anos em que sobreviveu apenas do “paitrocínio”. Hoje é campeão pan-americano.

Globo Esporte

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