Fifa avança na criação de um "banco central" para transferências internacionais

(Foto: Reuters)


A Fifa anunciou nesta semana que tomou o primeiro passo para a criação de uma "Câmara de Compensação", um órgão com o objetivo de "garantir efetivamente" que os clubes que atuaram na formação de um atleta sejam recompensados quando esse atleta é negociado.

Hoje esses dois pagamentos são efetuados por dois sistemas criados pela Fifa: o Mecanismo de Solidariedade e a Compensação por Treinamento. O primeiro distribuiu um total de 5% do valor de uma transferência entre os clubes que atuaram na formação de um atleta entre os 12 e os 23 anos. O segundo é pago quando um jogador assina seu primeiro contrato profissional (até os 23 anos) por um clube diferente daquele em que ele foi formado.

Num comunicado divulgado na quinta-feira passada, a Fifa informa que "está crescendo a cada temporada" a diferença entre a quantia gasta com transferência de jogadores e o dinheiro que efetivamente chega aos clubes que formaram esses atletas. Com a criação de uma Câmara de Compensação, a Fifa espera que o dinheiro distribuído aos clubes formadores "aumente em até quatro vezes".

A estimativa da Fifa é que US$ 400 milhões (cerca de R$ 1,6 bilhão) por ano sejam distribuídos através da Câmara de Compensação, por meio de 14 mil transações, envolvendo mais de 120 países.

Na prática, deve funcionar assim: quando um clube for comprar um jogador, o pagamento não será feito diretamente ao clube vendedor, mas sim para essa Câmara de Compensação, que então vai garantir os repasses para os clubes formadores; para depois transferir o dinheiro ao vendedor. O advogado Marcos Motta, especialista em direito esportivo internacional, avalia a decisão:

"Quem vai se beneficiar diretamente com esse sistema são os clubes da América do Sul, da América Central, da África e do Leste Europeu, que formam um grande parte dos jogadores no mercado europeu de ponta"

A Fifa abriu uma concorrência para escolher o banco que vai operar esse sistema. Essa definição será tomada em julho de 2020. Ainda não há data prevista para o sistema começar a operar. Com o tempo, é provável que a Fifa inclua o pagamento aos agentes no sistema. O presidente da Fifa, Gianni Infantino, tem feito críticas aos altos valores pagos como comissões por negociações de jogadores.

Globo Esporte

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