(Foto: EFE) |
Uma operação policial agitou o futebol espanhol na manhã desta terça-feira. Jogadores, ex-atletas e dirigentes foram detidos por supostos envolvimentos em manipulação de resultados. Segundo a imprensa madrilenha, estão presos Raúl Bravo (ex-jogador de Real Madrid, aposentado dos gramados e visto como o líder do esquema), Borja Fernández (capitão recém-aposentado do Valladolid), Carlos Aranda (ex-jogador de diversos times da primeira divisão, inclusive Real Madrid) e Íñigo López (Deportivo de La Coruña), além de Agustín Lasaosa (presidente de Huesca) e Juan Carlos Galindo (chefe do departamento médico do Huesca). Também investigado, Samu Saiz, do Leeds United, emprestado ao Getafe, não foi encontrado, pois viajou de férias com a família.
As investigações apontam possíveis manipulações de resultados em "partidas da primeira e segunda divisões, na temporada passada e na atual", afirmaram fontes policiais. Entre as partidas investigadas da primeira divisão, estariam "várias do Valladolid", clube presidido desde setembro pelo ex-jogador brasileiro Ronaldo. Inclusive a última, diante do Valencia, no dia 18 de maio passado, quando o adversário ganhou por 2 a 0 e garantiu vaga na Liga dos Campeões.
Em comunicado oficial, o conselho de administração do Valladolid se colocou à disposição das autoridades para a elucidação do caso e reafirmou o compromisso da instituição contra a corrupção, condenando qualquer tipo de comportamento fraudulento. Também anunciou que vai buscar na Justiça recuperar eventuais danos à imagem do clube.
Os investigadores consideram Raúl Bravo, de 38 anos e que jogou no Real Madrid na década passada, o líder da organização. Também estão sendo investigados vários dirigentes do Huesca, incluindo seu presidente Agustín Lasaosa. O clube, rebaixado para a segunda divisão depois de passar uma temporada na primeira, teria participado na manipulação de resultados quando ainda estava na divisão de acesso.
Todas as pessoas são investigadas por "organização criminosa, corrupção entre particulares e lavagem de dinheiro". A operação ainda está em curso.
- A operação vem de uma denúncia de La Liga. Estamos trabalhando nisto há muito tempo. Estamos há mais de um ano com isto. Não podemos contar nada porque existe um sigilo de processo, e a polícia está fazendo seu trabalho. Isso é muito doloroso porque afeta um clube que eu amo, mas o mais importante, o essencial, é acabar com a corrupção no futebol - disse Javier Tebas, presidente da liga espanhola e ex-mandatório do Huesca na década de 1990, ao jornal Marca.
Ainda de acordo com os jornais espanhóis, uma derrota do Huesca para o Gimnàstic por 1 a 0 na temporada 2017/18 da Segunda Divisão desencadeou as suspeitas e o início das investigações, que culminaram com as detenções realizadas nesta manhã. O diário Marca revelou que durante o confronto válido pela penúltima rodada, quando o placar ainda era de 0 a 0, muitas casas de apostas decidiram suspender a cotação em virtude da entrada de grande volume de dinheiro em favor da vitória do Nàstic (então 29 pontos atrás do rival na tabela), que acabou fazendo o gol da vitória. O Huesca já havia garantido o acesso e foi surpreendentemente derrotado em casa.
Após a vitória no estádio do adversário, graças ao gol do nigeriano Ikechukwu Uche aos 27 minutos do 2º tempo, o time catalão assegurou sua permanência na Segunda Divisão ao superar em casa o Rayo Vallecano por 2 a 0 - a equipe de Madri era campeã antecipada e o acesso à elite garantido.
Não é o primeiro caso de manipulação de partidas revelada na Espanha. Mas, anteriormente, as investigações afetaram principalmente divisões inferiores. No ano passado, 20 acusados foram detidos pela suspeita de terem utilizado jogadores de clubes da terceirona para provocar situações como pênaltis ou escanteios, o que rendia muito dinheiro de apostas na China. Em 2017, cinco pessoas ligadas ao Eldense foram detidas após uma derrota considerada suspeita de 12 a 0 para o Barcelona B.
Globo Esporte
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