Colegas de quarto, Daiene e Etiene obtêm pódios inéditos em provas olímpicas após "pilha" de Brandonn
(Foto: Satiro Sodré/SSPress/CBDA) |
Em 25 minutos, a capixaba Daiene Dias e a pernambucana Etiene Medeiros obtiveram o que parecia impossível para a natação feminina brasileira: conquistas importantes em provas olímpicas. Com as medalhas de bronze que ganharam, respectivamente, nos 100m borboleta e 50m livre no Campeonato Mundial em piscina curta (25m) de Hangzhou, na China, neste domingo, elas esperam ter inaugurado uma nova era para as mulheres, que sempre viveram à sombra dos homens no cenário nacional.
Os pódios das duas foram os primeiros da naipe feminino da natação brasileira em provas que fazem parte do programa dos Jogos Olímpicos em um torneio internacional. Até hoje, só Etiene havia conseguido vitórias, mas sempre nos 50m costas, distância que não integra a Olimpíada.
E as conquistas guardam alguns detalhes saborosos. Ambas dividiram o quarto no hotel em que a seleção brasileira ficou hospedada na cidade chinesa. A expectativa de medalha gerava pressão, e ela foi quebrada por um outro medalhista do país no torneio.
- O Brandonn ontem colocou energia no nosso quarto. Ele disse assim: 'se vocês ganharem medalha vai cair esse hotel' - comentou Etiene na zona mista, logo após ficar em terceiro lugar na prova mais rápida das piscinas com o tempo de 23s76, novo recorde sul-americano, atrás das holandesas Ranomi Kromowidjojo (ouro) e Femke Heemskerk (prata).
Na véspera, Brandonn Almeida, o incentivador, havia conquistado a medalha de bronze nos 400m medley. Muito amigo de ambas, ele tentou incentivá-las com sua façanha.
As duas pioneiras do esporte se conhecem desde jovens. Dois anos mais nova (27 contra 29), Etiene afirmou que sempre viu em Daiene uma inspiração.
- A Daiene é muito focada. Merece demais uma medalha assim. Ela é quietinha, na dela, mas trabalha muito. Ela não sabe, mas me inspirou muito - disse a velocista, que bateu o recorde sul-americano dos 50m livre com a marca de 23s76.
Etiene Medeiros é bronze nos 50m livre no Mundial de Piscina Curta
Daiene também bateu o melhor tempo continental dos 100m borboleta, porém custou a acreditar foi na medalha. Em sua carreira, ela ficou por pouco de se classificar para os Jogos de Pequim 2008 e Londres 2012, e só foi conseguir uma vaga olímpica no Rio. A recompensa por tanta insistência veio neste domingo em Hangzhou, em forma de pódio.
- Eu estou sem palavras, gente. Pelo amor de Deus. Não estou acreditando. Que sonho. Aliás, nem nos meus melhores sonhos eu me vi subindo no pódio de um Campeonato Mundial. Por dois ciclos olímpicos eu tentei me classificar e nunca consegui, aí deu certo em 2016. Depois da Olimpíada foi acontecendo, fluindo. Treinei muito por uma medalha, mas não saía. Agora saiu - disse, aliviada.
Daiene ficou atrás das norte-americanas Kelsi Dahlia (ouro) e Kendyl Stewart (prata), e também bateu o recorde sul-americano da prova, com 56s31.
Globo Esporte
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