Promotoria de Paris abre investigação contra o PSG por discriminação

(Foto: FFF)


A promotoria de Paris abriu uma investigação contra o PSG por discriminar por origem, etnia ou nacionalidade jogadores para suas divisões de base, após vazamentos da "Football Leaks" neste mês. O caso foi aberto na última sexta-feira e, nesta segunda, veio a público através das agências de notícias EFE e AFP.

De acordo com documentos do "Football Leaks" publicados no último dia 8 pelo jornal francês "Mediapart", o PSG assinou com jogadores de base de acordo com a cor da pele. Os casos de discriminação racial na busca por novos talentos para o clube aconteceram entre 2013 e 2018.

O documento destaca ainda que o clube pedia para que os olheiros informassem a origem do jogador, de acordo com quatro classificações: "francês" (branco), "do norte da África", "das Antilhas" e "africano".

Ainda segundo a publicação, o jovem Yann Gboho, jogador da seleção francesa de base, nascido na Costa do Marfim, deixou de ser recrutado pela equipe parisiense, em 2014, em função de sua origem étnica.

Na época, o líder da área de recrutamento do clube em todo o país, exceto a região de Île-de-France, Marc Westerloppe, afirmou que havia uma orientação do clube para "equilibrar a diversidade", por haver "muitos de origem das Antilhas e africanos no PSG".

Em nota, o PSG confirmou que os formulários com os conteúdos ilegais foram usados entre 2013 e 2018 pelos responsáveis pelo recrutamento fora da Île-de-France, mas destacou que a prática foi instituída por iniciativa individual do responsável pelo departamento, que "não corresponde aos valores do clube".
  
Ainda segundo a nota, desde que foi informado sobre o ocorrido, o PSG iniciou uma investigação interna para entender como as práticas surgiram e decidir sobre as medidas necessárias. O Paris Saint-Germain acrescentou que o recrutamento de jovens talentos são decididos unicamente em função das competências e do comportamento dos jogadores.

Cotas raciais na FFF

Não é a primeira vez que um escândalo racial surge na França. Em 2011, o próprio "Mediapart" publicou uma denúncia sobre um sistema de cotas para negros e árabes na seleção francesa, visando limitar a presença de jogadores dessas origens étnicas em até 30% das equipes dos centros de formação da FFF.

Vários membros da direção técnica da federação, incluindo o então técnico da seleção, Laurent Blanc, teriam concordado em instalar critérios discriminatórios para a seleção de atletas para os centros. O treinador admitiu arrependimento por pontos mencionados no encontro, mas negou qualquer tipo de participação na criação das cotas. Blanc foi inocentado posteriormente.

Dos 23 jogadores selecionados pelo técnico Didier Deschamps para a seleção francesa campeã do mundo em 2018, 15 deles têm ascendência de imigrantes ou nasceram fora da França.

Globo Esporte

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