(Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/EC Bahia) |
A utilização do VAR não foi o suficiente para acabar com a polêmica no futebol. Pelo contrário. No duelo entre Bahia e Atlético-PR, pelas quartas de final da Sul-Americana, a tecnologia foi o alvo das críticas. Não por ela em si, mas por seu uso. Após ter dois gols anulados durante o jogo, o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, questionou a capacidade dos árbitros para operar o sistema. Na visão dele, atuações como a desta quarta-feira, na Arena Fonte Nova, pela Sul-Americana, jogam contra a utilização do VAR no futebol.
- Infelizmente, um jogo absolutamente atípico. Infelizmente, isso vai manchando o VAR que nós defendemos. Mas o que está manchando não é o sistema de árbitro de vídeo. O que está manchando é o despreparo dos árbitros. E agora a gente vê, não só no Campeonato Brasileiro, como na própria Sul-Americana. A gente viu coisas muito básicas. Como Enderson falou, quatro minutos de análise de VAR no primeiro tempo e três minutos de acréscimo. Gente, me desculpem, mas isso mostra um total despreparo do árbitro. Ele foi incapaz de calcular o tempo adicional no primeiro tempo. No segundo tempo, seis substituições e um VAR. Qual foi o acréscimo? Quatro minutos. Inclusive com uma falta que o jogador ficou um minuto parado, já nos acréscimos, ele não acrescentou mais um minuto no final, naquele lance que Brumado tomou um amarelo. Então o árbitro que não consegue fazer um cálculo básico de acréscimo do jogo... O acréscimo ele não acertou. Ele vai acertar o quê? Aprofunda a nossa crítica ao modelo de arbitragem brasileiro e sul-americano – criticou o dirigente.
O dirigente, inclusive, voltou a defender a utilização do VAR.
- Para o jogo, especificamente, eu sou um defensor do VAR e serei sempre. Tenho uma leitura de que o VAR tem que vir para melhorar. Mas tem dois problemas aí. O primeiro é a interpretação em si, a análise do ser humano. Enquanto a gente não melhorar a arbitragem, não adianta colocar câmera para o mesmo árbitro despreparado olhar e ver a mesma coisa e ter interpretações. Se um cara é despreparado sem olhar a câmera, ele também é despreparado olhando a câmera. Não é a câmera que vai resolver; não é o vídeo que vai resolver. E a segunda coisa, muito importante. O VAR só deve mudar o que foi marcado em campo se o árbitro tiver convicção do contrário. Ele deve olhar e dizer: "A imagem que eu estou vendo me mostra algo muito contrário ou exatamente o contrário do que eu marquei. Se me mostra o contrário, eu vou voltar atrás no lance".
As críticas feitas por Guilherme Bellintani também foram feitas pelo técnico Enderson Moreira, logo após o jogo. O presidente do Bahia reclamou da falta de convicção do árbitro ao marcar falta de Clayton no primeiro gol anulado.
- Então ele teria que ter a convicção de que o primeiro lance foi falta. E ele ficou uns três minutos olhando, então, infelizmente, não tem como ter convicção daquele lance. Tem uma fotografia de Clayton batendo na bola muito acima da cabeça de Nikão, muito acima. Nikão não estava sequer perto da bola. Ele bate depois. Eu queria saber, então, se toda bola que um atacante pegar na bola primeiro e depois pegar no zagueiro vai ser marcado falta. É isso? Inventaram uma nova modalidade de falta? – questionou.
Em relação ao segundo gol, o dirigente endossou a queixa do treinador e afirmou que, na dúvida, o gol deveria ter sido confirmado.
- Novamente eu digo. Apesar de o árbitro sequer ter ido ver o lance... E, de fato, nas regras do VAR, ele não tem obrigação de ver o lance de impedimento. Mas, assim, é absurdo que aquele lance seja taxado como lance impedido de forma convicta. Não há como você, com convicção, marcar um impedimento. Há alguém que defenda que estava impedido e há alguém que defenda que estava na mesma linha. Mas alguém com convicção, vendo o lance, dizer que estava impedido, e, na dúvida, é gol, todo mundo sabe.
Por fim, Guilherme Bellintani adiantou que o Bahia entrará com uma representação contra o árbitro argentino Fernando Rapallini. Ele adiantou que sabe que o resultado do jogo não será alterado, mas ressaltou a necessidade de uma posição mais firme do clube.
- Estamos entrando com representação contra o árbitro, pedindo, e que é nosso direito, o diálogo entre o árbitro e os árbitros de vídeo. Sabemos que não vamos mudar o resultado da partida, mas a gente quer novamente tentar ser um provocador, no Brasil, de que a arbitragem precisa melhorar. Ninguém está fazendo isso de má vontade. Eu não quero crer e não creio, de fato, que o árbitro pisou em Salvador com vontade de prejudicar o Bahia. Porque aí é um nítido despreparo da própria profissão do sujeito. O cara não acertou, pra ser bem básico, acrescentar o tempo de VAR no primeiro tempo. E aí esperar o quê de um sujeito desse? Infelizmente, prejudica o time, prejudica o clube, a torcida, que veio acreditando – finalizou.
Globo Esporte
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