Coletiva do Bayern não pega bem e fama de “arrogante” é reafirmada com declarações

(Foto: Reprodução)

Por Nicholas Araujo
Redação Blog do Esporte


A diretoria do Bayern de Munique criou uma polêmica na última sexta-feira (19) com a imprensa local. Com os resultados negativos das últimas semanas, os jornalistas criticaram as atuações dos jogadores e as decisões tomadas pela diretoria com relação ao mercado futebolístico e os esquemas táticos. No entanto, uma coletiva de imprensa convocada pelo clube alemão causou um certo mal estar entre time e imprensa.

Tal atitude reforçou o tom arrogante adotado pelo clube nos últimos anos. Na década passada o clube ficou conhecido como Hollywood FC, apelido dado pelas costumeiras picuinhas nos bastidores do clube, em tempos de craques geniosos. Na coletiva da última sexta, Uli Hoennes, Karl-Heinz Rummenigge e Hasan Salihamidzic disseram que acham as críticas aos jogadores desmedidas. O tom adotado na coletiva soou como uma intimidação à imprensa.

“Estão cobrando demais os jogadores individualmente, especialmente os do Bayern. A dignidade do homem é inviolável. As leis não devem ser diferentes se tratando de futebol, ainda mais na imprensa. Não aceitaremos mais isso, há notícias erradas sobre o clube. Hoje é um dia importante no Bayern, porque não permitiremos que essa cobertura degradante e sarcástica seja oferecida”, disse Rummenigge. A ideia da diretoria é começar a processar os jornalistas. 

“Parece óbvio que vocês não se preocupam com valores como a dignidade e a decência. Não há limites para as polêmicas. Isso se aplica à mídia e aos comentaristas, acima de tudo aos comentaristas que jogaram neste clube. Vamos proteger nossos jogadores, nosso técnico e nosso clube. Isso não significa que estamos procurando culpados aos nossos resultados ruins, que a culpa disso é da imprensa. Não queremos ser elogiados quando perdemos, ninguém espera isso. Queremos ter relatos sobre o factual”, complementou Rummenigge.

Houve críticas também a Juan Bernat, que defendeu as cores do Bayern e foi vendido sem muitas explicações. Hoeness quis jogar uma culpa individualizada ao defensor. “Quando jogamos em Sevilha pela Liga dos Campeões, ele sozinho quase foi o responsável pela nossa eliminação. Naquele dia, decidimos que seria vendido, porque quase nos custou o resultado”. Entretanto, o clube ficou sem peça de reposição e a torcida criticou a atitude tomada.

É claro que a coletiva surtiu efeitos negativos em toda a imprensa futebolística. Uma das principais declarações foi a de Paul Breitner, que atuou com Hoeness e Rummenigge como jogador e esteve por mais de dez anos na diretoria dos bávaros, atuando como conselheiro, chefe de departamento e embaixador. Breitner não poupou críticas aos seus colegas. 

“Com essa coletiva de imprensa, Rummenigge e Hoeness arruinaram todo o trabalho duro que o clube fez nos últimos anos para remover a arrogância da imagem da instituição. Em meus 48 anos de Bayern, nunca imaginei que eles pudessem demonstrar essa fraqueza e ainda estou abalado com essa situação”, declarou Breitner, em entrevista ao BR Sport.

“Eu realmente não sei o que aconteceu. Rummenigge foi preparado, falou sobre a constituição e a dignidade dos jogadores. Então, dez minutos depois, o homem ao seu lado pisoteia na mesma constituição e crucifica um ex-jogador. Para Uli, sempre foi sobre a família do Bayern. Hoje, as crianças dessa família precisam dizer: ‘Estamos envergonhados pelo que nosso pai fez agora'”, complementou o veterano.

Jörg Jakob, editor da Kicker, também deixou sua crítica ao Bayern. “A coletiva de imprensa memorável dos chefes do Bayern foi algo cômico, mas também um sinal: o campeão tão soberano tornou-se vulnerável e seu cobertor é curto”.

Bayern venceu o Wolfsburg no último fim de semana (Foto: Reprodução)

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