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Filipe Luís bateu na trave duas vezes, mas acabou fora das Copa de 2010 e 2014 por conta de problemas físicos (na África do Sul) ou de opção do treinador (no Brasil). Neste ano, uma lesão pelo Atlético de Madrid quase colocou tudo a perder mais uma vez.
Entretanto, ele se recuperou a tempo, venceu a disputa com Alex Sandro, da Juventus, e foi um dos 23 nomes convocados por Tite para defender a seleção brasileira na Rússia. Em coletiva nesta sexta-feira na Granja Comary, o jogador falou sobre sua realização pessoal.
No dia 15 de março, durante o confronto entre Atlético de Madri e Lokomotiv Moscou, pela Liga Europa, o lateral-esquerdo sofreu uma fratura na fíbula da perna esquerda. Em incríveis 50 dias, porém, Filipe Luís voltou a jogar e deu à comissão técnica da Seleção a certeza de que poderia contar com ele na Copa do Mundo.
– Eles jamais me abandonaram. Desde a cirurgia, os prazos e semanas iam passando e eles sempre entrando em contato. O Fábio (Mahseredjian, preparador físico) pedindo vídeos dos treinamentos, se eu já estava caminhando, correndo. Quando voltei a treinar com o grupo, o Sylvinho e o Matheus (Bachi, auxiliar) foram ver treinos e jogos. Sempre senti apoio e confiança da comissão – declarou o lateral-esquerdo, que completou:
Foi Dunga que deu a ele a primeira chance na seleção brasileira, ainda na primeira passagem de Dunga, antes da Copa de 2010. Ele não foi à África do Sul por conta de problemas físicos, mas guarda boas lembranças do antigo treinador, que voltou a lhe dar chances nas eliminatórias para o Mundial da Rússia.
- Sem dúvida foi muito importante para mim porque sempre acreditou no meu futebol. Em 2009 era jovem, acabei machucando, não deu tempo de ir para a Copa. Ao mesmo tempo nunca fui titular naquelas eliminatórias, era complicado. Mas depois que assumiu em 2014 confiou em mim, me deu oportunidades. Foi ali que consegui me firmar mais na Seleção, ter sequência maior. Foi onde me senti mais importante dentro do grupo. Com certeza tem importância na minha história da Seleção e também tem muito do trabalho dele aqui hoje.
Filipe Luís ainda falou sobre outros treinadores que o ajudaram ao longo da carreira, casos de Tite e Diego Simeone, atuais comandantes do jogador na Seleção e do Atlético de Madrid, respectivamente. Confira abaixo outros trechos da entrevista:
Sobre a importância de Simeone
Seis anos. Um treinador que fica com você seis anos te ensina muito. Ele pegou o Atletico perto do rebaixamento. Continua sendo campeão, sempre se reinventa, não relaxa, tem as mesmas ambições de sempre. Aprendi na parte tática e nessa ambição do dia a dia de não relaxar. Se não entrar no campo da mesma forma todos os jogos, o adversário aproveita essa situação. O mais difícil é se manter. Quando você relaxa, o adversário aproveita. É uma coisa que ele ensina muito nos treinamentos, no dia a dia. "Nunca ninguém deu nada de presente para nós, também não vamos dar a ninguém".
Tite tem condições de fazer carreira na Europa?
Com certeza, está totalmente preparado. Completo na parte defensiva e ofensiva, talvez seria meu espelho se um dia fosse técnico. Tenho as mesmas ideias de jogo. Tive muitos técnicos na Europa de quem não compartilhava as ideias táticas e de treinamento. Não tenho nenhuma dúvida de que se ele for trabalhar na Europa, não tenho dúvida de que pode ser um técnico campeão lá.
A disputa na convocação e a diferença dos gostos dos treinadores recentes da Seleção
Nunca tento conquistar nenhum técnico com palavras, sempre dentro de campo, com esforço, dedicação, seriedade. É o que eu tento fazer quando venho para a Seleção. Tento trabalhar muito, corresponder às oportunidades. Sei que não deve ter sido fácil para ele (Tite) agora, mesmo na primeira convocação. Era uma briga muito difícil, acredito que tenha sido complicado.
Jogadores acompanham a realidade do país fora da concentração?
Não quero me meter em política, não gosto de falar, muito menos em público. Mas é claro que é um assunto que a gente conversa. Todo canal está falando do assunto. É triste ver o país nesse momento. Você quer que o seu país seja bom e maravilhoso para morar. Infelizmente, essas medidas são duras para a população. Mas a gente espera que tudo se solucione, que o povo possa viver uma vida melhor. Que o Brasil possa ser um país de primeiro mundo. Não vejo por que o Brasil não ser. Espero que o Brasil possa evoluir e seja um lugar melhor para morar", diz o lateral-esquerdo.
Sua recuperação e a de Neymar
Eu já tinha passado por lesão muito mais grave em 2010, e naquela eu voltei com medo. Mas nesta aqui, como sabia o que iria acontecer, na primeira bola já fui logo para perder o medo, já dividi a bola. Vi que não doeu, esqueci logo. Com o Neymar vai ser a mesma coisa. Na primeira porrada que o adversário tentar dar nele, ele vai esquecer e tirar da cabeça. Não é fácil, mas o primeiro golpe já esquece e perde o medo.
Torcida na final da Liga dos Campeões
Vou de vermelho, que é a cor do meu clube, mas sem preferência nenhuma (risos).
Como chegam Marcelo, Neymar, Douglas Costa e Filipe Luís para a Copa
O Marcelo vai chegar perfeito (risos). Jogar final de Champions... Não tem preparação melhor para chegar bem fisicamente, animicamente. O Neymar já está solto, bem. Precisa jogar, somar minutos em campo para esquecer de vez. Douglas Costa, se não me engano, é muscular. Não preocupa nada, dá tempo de sobra. Eu também chego bem, joguei três jogos antes de vir para a Granja. Me sinto totalmente recuperado. Chegamos em plenas condições e descansados para a Copa.
Visita de domingo ao museu da Seleção e o carinho da torcida brasileira
Sentir o carinho que sentimos hoje é muito importante. Não só hoje, desde o momento em que saiu a convocação você sente o carinho do torcedor. Aonde você vai o pessoal te anima, torce por você. Com redes sociais, é fácil saber que todos torcem pela Seleção. Todos se sentem mais importantes quando vêem os torcedores apoiando. Sobre passar pelo museu, todos que jogam pela Seleção sabem da história da Seleção, mas viver esse momento é realmente único. Sou do tipo da pessoa que acredita no presente. Não é porque o Brasil ganhou antes que vai ter facilidade nessa. Temos que esquecer o passado e fazer nosso nome na história, deixar nossa história no museu. Vai ser importante a visita, mas o principal é poder fazer uma grande Copa do Mundo.
Redes sociais e a relação com o torcedor
Sou bastante fechado nesse sentido, em redes sociais. Claro que a gente coloca alguma foto, tenta passar alguma mensagem. Mas sou muito reservado, não gosto muito de expor minha vida. Acho que o público nunca se sentiu tão próximo, as mensagens chegam até nós. A gente consegue ler, sejam boas ou ruins. Isso aproximou muito, mas sou um cara mais fechado, não gosto de me expor muito. A imagem que mostro nas redes sociais é de quem eu sou mesmo. A gente também é humano, igual a todos. O trajeto para chegar até aqui foi de muita luta e sacrifício.
Importância de ter jogadores vencedores no elenco
Já lutei contra o rebaixamento no La Coruña e no Figueirense, sei que é complicado. Mas é muito importante ter gente acostumada a lutar para ser campeão, faz diferença. Dentro de campo, você tem serenidade quanto está acostumado a jogos valendo título. Tem gente campeã, gente disputando final de Champions agora. É muito importante ter jogadores no grupo que sejam campeões", responde o lateral-esquerdo.
Globo Esporte
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