Diretor do Galo avalia discussão no Acre; clube veta repórter "até segunda ordem"

 (Foto: Guilherme Frossard)


O Atlético-MG desembarcou na manhã desta quinta-feira no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte menos de 12 horas depois do início da partida contra o Atlético-AC, na estreia da Copa do Brasil. O empate em 1 a 1 ficou em segundo plano. Na chegada da delegação, o assunto principal foi a situação envolvendo o técnico Oswaldo de Oliveira e um repórter de rádio de Belo Horizonte, que discutiram durante a entrevista coletiva após a partida. O diretor de futebol do clube, Alexandre Gallo, anunciou que o jornalista Léo Gomide, da Rádio Inconfidência, está proibido de entrar na Cidade do Galo "até segunda ordem". O treinador atleticano não parou para dar entrevista.

Alexandre Gallo explicou a decisão, tomada após conversa durante a madrugada com integrantes da comissão técnica e membros da diretoria, quando avaliaram a situação envolvendo o treinador e o repórter, que faz a cobertura do noticiário do Atlético-MG para a rádio de Belo Horizonte.

- São duas coisas bem distintas. A gente pode identificar que a gente teve um jogo que foi abaixo do que a gente esperava, isso é uma situação. A outra situação é o que aconteceu (discussão), sem dúvida. Conversamos bastante durante essa noite toda, tivemos algumas reuniões com nosso presidente. Vocês têm que entender um pouco o nosso lado. O que aconteceu: o Oswaldo está há 40 anos no futebol, não tem esse costume, nunca aconteceu uma situação dessas, de chegar a esse ponto, com ninguém em relação à imprensa. Estamos sempre prontos para responder tudo o que todo mundo pergunta. As críticas são normais, são naturais. Houve uma reação de um fato importante.

O diretor de futebol do Atlético-MG disse que o jornalista faltou com respeito ao treinador.

- O repórter acabou (xingando). Isso dito também por um repórter amigo de vocês, aqui de Belo Horizonte, e um lá do Acre também, que nos contou essa situação. Inclusive um colega da Rádio Super, daqui de BH, entendeu que realmente o Oswaldo foi xingado, foi tratado de uma maneira desrespeitosa. Isso atinge diretamente o Atlético. Ele (Oswaldo) é o nosso representante, é o nosso comandante hoje. Diante disso, nosso presidente, neste primeiro momento, deixa que ele fique fora da Cidade do Galo, a partir de hoje, até segunda ordem, para que a gente evite qualquer tipo de problema.

Horas depois, o canal oficial do clube no YouTube, a TV Galo, publicou o pronunciamento do diretor. Ele volta a dizer, com outras palavras, aquilo que disse à imprensa no aeroporto e reafirma o veto a Léo Gomide.

A delegação seguiu do aeroporto direto para a Cidade do Galo para a realização de um treino regenerativo. Não haverá atividade no período da tarde, e os jogadores se reapresentam na sexta-feira, quando começam os trabalhos visando o jogo de sábado contra a Caldense, às 16h30 (de Brasília), no Independência, pelo Campeonato Mineiro.

Posicionamento da associação

A Associação Mineira de Cronistas Esportivos (AMCE) divulgou nota oficial sobre o assunto no início da tarde desta quinta-feira. A nota, assinada pelo presidente Luiz Carlos Gomes, presta solidariedade ao repórter e lamenta o veto às dependências do clube. Leia a nota completa abaixo.

"A AMCE vem a público conceder seu apoio incondicional ao seu associado Leonardo Gomides Freitas (Léo Gomide), repórter da Rádio Inconfidência, vítima de agressão verbal proferida pelo técnico Oswaldo de Oliveira durante entrevista coletiva realizada após a partida do Clube Atlético Mineiro e o Atlético-AC.

O repórter Léo Gomide, dentro da liberdade de imprensa, fez o seu trabalho profissional, com perguntas ao referido treinador, que não gostou do questionamento. O fato aconteceu na presença de vários outros jornalistas que estavam cobrindo o evento e está sendo divulgado por toda a mídia.

Para piorar ainda mais a lamentável situação, recebemos a informação que, no desembarque da delegação do Clube Atlético Mineiro, o diretor de futebol do clube, senhor Alexandre Gallo, declarou que o repórter Léo Gomide está proibido de entrar nas dependências do clube para realizar seu trabalho profissional.

Tal atitude, além de demonstrar falta de controle emocional por parte de dirigentes de um dos maiores clubes do Brasil, demonstra também clara tentativa de cercear o trabalho jornalístico.

Mais uma vez expressamos nosso veemente repúdio e indignação pelos fatos ocorridos e nos colocamos à inteira disposição do companheiro Léo Gomide por intermédio do nosso departamento jurídico para que os fatos sejam devidamente esclarecidos e resolvidos.

Esperamos que o triste episódio não venha manchar o bom relacionamento e o respeito que a imprensa esportiva de Minas Gerais sempre manteve com o Clube Atlético Mineiro. Reiteramos nossa solidariedade ao companheiro Léo Gomide, defendemos sempre a total liberdade de expressão e a independência de opinião dos profissionais da imprensa esportiva de Minas Gerais credenciados oficialmente por esta entidade."

Posicionamento da rádio

Após ter ciência do comunicado oficial do Atlético-MG, a Rádio Inconfidência se posicionou. O coordenador de esportes da rádio, José Augusto Toscano, falou ao vivo sobre o ocorrido e disse que ainda vai conversar com o repórter.

- Em nome da Rádio Inconfidência, em nome da direção, repudiamos e não concordamos com nenhuma atitude de cerceamento a qualquer profissional, seja ele da Rádio Inconfidência ou de qualquer veículo de comunicação. Posso afirmar que o Léo é um cidadão de bem e de boa educação. E que, no exercício da profissão dele, nunca falta com o respeito ao ser humano. Conversaremos com o Léo para entender - disse Toscano no ar, no fim da manhã desta quinta.

Procurado, Léo Gomide não quis se pronunciar.

Globo Esporte

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