(Foto: Reprodução) |
O futebol é o esporte mais popular do Brasil. E isso é fácil de comprovar, basta vermos a quantidade de atletas de elite mundial e os resultados conquistados por clubes e seleções brasileiras, em todos os níveis. Esses títulos e reconhecimentos, acumulados desde meados do século passado, com certeza, ajudaram a fazer com que a modalidade permanecesse ao longo dos anos sempre em evidência.
No entanto, em um país com o quinto maior território e a sexta maior população do mundo, poderia – e deveria – se destacar em muitos outros esportes. Alguns deles até tiveram momentos pontuais de glórias, como o basquete, com a geração bicampeã mundial em 1959 e 1963, ou o salto triplo, que conquistou seis medalhas olímpicas – duas de ouro – entre os jogos de 1952 e 1980. Uma exceção foi o vôlei, que explodiu nos anos 1980, se organizou e hoje é uma verdadeira potência mundial.
Um esporte que também teve uma grande chance para se popularizar foi o tênis. Por quase uma década, a partir de meados dos anos 1990, Gustavo Kuerten foi um dos principais representantes mundiais da modalidade, período em que conquistou três títulos em Roland-Garros – um dos campeonatos mais tradicionais do esporte. Kuerten ainda se posicionou como número 1 do ranking do tênis mundial por 43 semanas, entre 2000 e 2001. Depois disso, o Brasil não conseguiu mais produzir tenistas com esse mesmo nível.
Apesar de eu não trabalhar com tênis nessa época, a sensação que ficou é que não se aproveitou a onda favorável para criar uma estrutura que possibilitasse manter o país sustentavelmente no topo. Não foram lançados projetos de formação de atletas ou fincadas as bases para atrair novos praticantes.
Nesse sentido, é preciso ter bem claro que desenvolver a habilidade de um tenista é bem mais do que simplesmente ter um indivíduo disputando campeonatos a esmo. Apenas com iniciativas sólidas conseguiremos descobrir os milhares de jovens com talento para o tênis que existem no Brasil, mas que, infelizmente, não têm a oportunidade de chegar ao patamar de um atleta de alto rendimento.
Justamente para criar um ambiente favorável para a disseminação do esporte em todo o território nacional, foi criado, em 2014, o Projeto Massificação. Encabeçado pelo Instituto Tênis, o objetivo do projeto é democratizar a prática do tênis em todo Brasil, a partir de parcerias realizadas com prefeituras, escolas, clubes e centros de treinamento.
Atualmente, o Massificação, que já impactou 23 mil crianças desde o seu início, conta com núcleos em Barueri, Araras, Franca, Santana de Parnaíba, Osasco e Mogi da Cruzes no estado de São Paulo, Vila Velha, no Espírito Santo, Brasília, no Distrito Federal, e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Neste ano, iniciaremos em Recife, no Pernambuco e no Rio de Janeiro. A meta é atingir 500 mil jovens até 2033.
Contando com patrocinadores importantes e aficionados no esporte, nesses três anos de existência, nós temos colhido muitos frutos positivos, seja na descoberta de atletas potenciais, quanto na formação pessoal de cada criança que chega até nós. Entre as habilidades desenvolvidas, ajudamos os pequenos a estabelecer objetivos, superar dificuldades e, sobretudo, ter foco e disciplina, características essenciais para ser mais do que um tenista de sucesso e, sim, um ser humano vencedor.
Por fim, acreditamos que daqui a seis, sete ou dez anos de trabalho, tenhamos efetivamente talentos que comecem a construir uma nova história para o tênis nacional. Com esse esforço, trabalho e ajuda de parceiros, os meninos e meninas que hoje começam a dar as primeiras raquetadas, estarão, certamente, entre os protagonistas do tênis de sua geração.
*Cristiano Borrelli é diretor executivo do Instituto Tênis, instituição sem fins lucrativos que apoia o desenvolvimento do tênis nacional.
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