(Foto: Daniel Gomes) |
Mandatário do Sport, o presidente Arnaldo Barros ele falou sobre o momento delicado que o clube vive no futebol - em situação muito difícil na Sul-Americana e perto da zona de rebaixamento na Série A. O dirigente afirmou que não se arrepende da contratação de Vanderlei Luxemburgo, vê falhas na execução do planejamento da temporada 2017 e reconhece a culpa que a diretoria tem na má fase do Leão, ainda que tenha ressaltado que trabalho não faltou.
Arrependimento pela contratação de Luxemburgo?
Analisar o trabalho do treinador em poucas palavras é muito difícil e você está fadado a cometer injustiças. O que posso dizer rapidamente é que não estou arrependido de contratar Luxemburgo. Acho ele um excelente profissional, com capacidade e experiência inquestionáveis. Acho que ele comprou o projeto do Sport e se dedicou muito durante todo esse período. Em certo momento, o time reagiu. Houve uma reação e chegamos a estar em quinto lugar na tabela. Depois, gradativamente, o discurso foi se desgastando como se diz no futebol. Na verdade é isso mesmo que acontece.
Nós enfrentamos muitas dificuldades que não podem ser atribuídas exclusivamente ao treinador, mas que influenciaram decisivamente na performance do time. No momento, o desgaste desse discurso e a falta de uma resposta de uma melhoria de performance dentro de campo foi que nos levou a fazer a troca.
Isso é uma coisa que relutamos. Procuramos preservar ao máximo a integridade do grupo. Mas chega, realmente, uma hora que a coisa fica fora do limite aceitável em termos de performance. Então, nós precisamos fazer alguma coisa para criar um fato novo. Fazer alguma alteração para proporcionar alguma melhora, e é isso que estamos fazendo.
Parcela de culpa da diretoria no momento do time
A parcela de culpa da diretoria no momento do clube não é uma coisa simples de se responder, mas, evidentemente que se a coisa não está andando bem e que nós somos diretores para fazer a coisa acontecer e ela não acontece, a responsabilidade é toda nossa. Todos os diretores e o presidente são responsáveis pela performance insatisfatória que o time está apresentando. Isso não quer dizer que não se tenha trabalhado. Nós trabalhamos bastante, investimos bastante. Nós trouxemos peças que, no início, eram absolutamente incontestáveis. Peças que foram aplaudidas pela imprensa e pela torcida. Trouxemos um treinador que agradava a maior parte da torcida.
Falhas no planejamento
A coisa andou durante boa parte do tempo. Chegamos a ser quinto colocados (na Série A). Era o mesmo plantel. Era a mesma diretoria. Era a mesma comissão técnica e todos aplaudiam. Então, eu não posso dizer que a responsabilidade negativa caia sobre as costas da diretoria ou caia sobre as costas da comissão técnica ou da equipe. Nós enfrentamos uma série de fatores. Nós abordamos isso. Excesso de jogos, as questões de logística... Uma série de coisas fizeram com que chegassem a acontecer como nós queríamos efetivamente que tivesse acontecido.
Também no que diz a respeito de planejamento, eu não acredito que houve falha de planejamento. As falhas que ocorreram foram na eventual execução do planejamento. Isso aí, sim. Mas o que se planejou está certo.
Nós planejamos ter título do Pernambucano, ter título da Copa do Nordeste, planejamos ir além na Copa do Brasil, planejamos ir além na Copa Sul-Americana, planejamos conseguir uma vaga na Copa Libertadores pelo Campeonato Brasileiro. Quer dizer, o planejamento foi correto. As falhas que ocorreram foi no meio do caminho. Não se pode confundir planejamento com execução.
Por que a mudança de comando só aconteceu na reta final da Série A?
A responsabilidade de quem dirige um clube da dimensão e da tradição do Sport é muito grande. E o futebol, evidentemente, é o carro-chefe. Então, nós não podemos estar trocando o comando ou fazermos mudanças abruptas a torto e a direito. Nós precisamos dar oportunidade ao profissional para que ele desenvolva seu trabalho e, até mesmo, corrija eventuais erros.
Então, num caso desse em que estamos disputando duas competições importantíssimas como a Série A e a Sul-Americana, nós precisávamos ir à exaustão com o comando técnico. Nós precisávamos fazer com que experimentássemos o máximo possível da tolerância para que a coisa desse certo e sempre trabalhando e apoiando para que pudéssemos corrigir as falhas. Nós tivemos que ir ao limite para termos a consciência de que fizemos tudo que era o possível para que aquilo desse certo.
Chega um determinado momento que o discurso, realmente, fica desgastado e que a situação se mostra irreversível naquelas condições e aí nós temos que optar pela troca. Mas não podemos fazer isso açodadamente. Nós temos que ir à exaustão.
O Sport tem contratado medalhões para o cargo de técnico. É hora de mudar essa política?
O momento não é oportuno para tratar desse tema. O momento é de agora lamber as feridas, juntar os cacos e continuar lutando para que nós possamos nos manter na Série A, quem saber conseguirmos alguma coisa melhor. Mas, primeiramente, nós temos que nos manter na Série A. Então, o momento não é de cogitarmos nomes. Não é de analisar perfil de A, B ou C para aproveitamento imediato. Essa é uma reflexão que vamos fazer oportunamente
Gustavo Dubeux praticamente jogou a toalha na Sul-Americana e colocou a Série A como prioridade. Isso significa que o Sport vai mandar um time reserva para a Colômbia no jogo da volta?
Eu escutei a entrevista do vice-presidente Gustavo Dubeux e não tive essa compreensão de que o Sport jogou a toalha. Apenas Gustavo reconheceu a superioridade do time que jogou com o Sport ontem. E se mostrou extremamente organizado, bem equilibrado, com uma defesa segura, meio-campo ágil e atacante velozes e habilidosos. Então, Gustavo fez um reconhecimento e uma homenagem ao adversário que venceu com méritos dentro da Ilha do Retiro. Mas nós não entregamos a competição. Nós não desistimos. Nós vamos lutar até o último instante. Nós rubro-negros temos essa característica de lutar até o último instante por qualquer possibilidade que tenhamos dentro das competições. E assim será feito.
Globo Esporte
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