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O presidente da Agência Mundial Antidopagem (Wada, na sigla em inglês), Craig Reedie, respondeu nesta sexta-feira, em Congresso do Comitê Olímpico Internacional (COI) em Lima, no Peru, ao pedido em conjunto de agências antidopagem nacionais pela exclusão da Rússia dos Jogos de Inverno de 2018, em PyeongChang, na Coreia do Sul. Reedie considerou que declaração das agências desconsidera todo o trabalho que vem sendo feito na Rússia para que a agência do país entre em conformidade com as regras internacionais e rechaçou as alegações de que a Wada tem sido ineficiente ao lidar com a questão.
O COI sinalizou, como informou na quinta-feira o GloboEsporte.com, que dificilmente haverá uma exclusão do país. O que se busca no momento são evidências para punições individuais já que o relatório de Richard McLaren, divulgado pouco antes da Olimpíada no Rio de Janeiro, em 2016, tinha como objetivo principal comprovar um sistema institucionalizado no país europeu para burlar as regras do controle de dopagem. A tendência é que o Comitê Olímpico da Rússia seja, no máximo, multado.
Duas comissões (a de Denis Oswald e a de Samuel Schmid) agora analisam evidências e procedem com perícias em frascos de contraprova para tentar determinar, até o fim do ano, individualmente, quais atletas poderão participar dos Jogos de Inverno. O presidente do COI, Thomas Bach, deu plenos poderes à comissão liderada por Oswald para decidir quem poderá ou não competir em 2018.
Presidente da Wada rebate comunicado de agências nacionais
Reedie se mostrou insatisfeito com a declaração em conjunto de agências nacionais pedindo a exclusão da Rússia. Um dos trechos diz:
“O COI precisa parar de chutar latinha pela estrada e imediatamente determiner consequências significantes. A falha em investigar o doping individual de atletas da Rússia representa um claro e presente perigo para os atletas limpos de todo o mundo e para os Jogos de Inverno de 2018. Nós temos sérias dúvidas de que os Jogos de 2018 serão limpos em função da investigação incompleta de evidência massiva sobre doping individual de atletas russos nos Jogos de Sochi, em 2014, e devido às evidências inadequadas de teste de atletas russos nos últimos quatro anos. Os líderes e organizações do esporte de um país não devem receber credenciais olímpicas quando intencionalmente violam as regras e roubam atletas limpos”.
O chefe da Wada rebateu:
- Independência é bom, mas traz alguma responsabilidade. Os comentários que foram feitos desconsideram todo o trabalho que foi feito na Rússia. Quero deixar claro que a maioria do que eles dizem no release não é a política da Wada, e não ajuda muito. Se você olhar os detalhes do meu relatório na Rússia, verá os progressos que foram feitos – disse Reedie
Oswald deverá reportar sobre as análises individuais em dezembro, quando haverá uma reunião do Comitê Executivo. Em seu relatório na manhã desta sexta-feira, ele explicou a dificuldade no andamento dos trabalhos, como a perícia que está em andamento na análise de possível violação de frascos de contraprova.
- Temos de tomar depoimentos em todas essas amostras, o direito de ser ouvido tem de ser preservado. Temos de analisar o conteúdo dos frascos B, mas primeiro temos de esperar a conclusão da perícia. Tentamos ser tão eficientes quanto possível, mas não é uma tarefa fácil – explicou Oswald aos membros do COI.
Na noite de quinta-feira, a presidente da Comissão de Atletas do COI, eleita no mesmo dia também para a Comissão de Ética, comentou a questão:
- Obviamente precisa haver repercussões sobre a situação, estamos ansiosamente esperando os fatos das duas comissões. O que as investigações dizem. Queremos atletas limpos participando. Queremos ter certeza que foram testados. A nossa comissão quer entender o que acontece, mas basicamente proteger o esporte limpo. O pior é proibir um atleta limpo de competir. Por isso essas investigações são tão importantes. Queremos ter certeza de que teremos os fatos bem antes dos Jogos. Não vamos eliminar atletas a menos que consigamos entender de fato a situação.
Reedie também criticou o vazamento de documento confidencial do Comitê Executivo da Wada revelando que a entidade liberou 95 de 96 atletas implicados no relatório de Richard McLaren por falta de evidências. Disse que vai lidar com o vazamento de informação na próxima reunião dos executivos da Wada em novembro.
Diretor da Wada explica liberação de russos implicados por McLaren
Olivier Niggli, diretor geral da Wada, explicou o motivo da liberação dos atletas e disse que interpretação geral foi equivocada porque não leva em conta as razões para que isso acontecesse:
- A resposta tem de ser dada no contexto do que foi dito hoje muitas vezes: o relatório McLaren foi feito para comprovar o doping institucionalizado na Rússia, não individual. Há direitos e obrigações que precisam ser seguidos. Isso foi vazado antes que pudéssemos discutir no nosso Comitê Executivo. Casos foram fechados, mas, francamente, não há surpresa.
Niggli detalhou porque não foi possível determinar uma punição nesses casos.
- Até agora, nesses 96 casos, 95 foram fechados e concordamos com essa decisão. Simplesmente não há evidência suficientes. Primeiro: nenhum desses casos está relacionados com amostras que possam ser novamente testadas. Muitos dos casos sequer sabemos quais substâncias estão envolvidas. Uma porção desses casos, 40% deles, deram de fato negativo, então não há infração de doping aí. Outros casos são de uso de maconha fora de competição, o que não é proibido. Então vocês têm de entender que não é fugir de responsabilidade.
Questionado se acredita que Rússia terá permissão para participar em 2018, Alexander Zhukov, representante russo no Congresso, disse que tudo dependerá da reunião da Wada com a RUSADA em novembro. Até lá, a agência antidopagem russa precisa comprovar que está em conformidade com as regras do Código Mundial Antidopagem.
- Eu espero que sim. Depende da Wada, primeiramente. Eles vão se reunir com a RUSADA. Eu espero que isso aconteça em novembro.
Ultimato no levantamento de peso
Durante o Congresso do COI na manhã desta sexta foi dado também um ultimato à Federação Internacional de Levantamento de Peso para que apresente avanços significativos no controle de doping no esporte até dezembro, sob pena de possível exclusão do programa da Olimpíada de Paris, em 2024 – o programa para Tóquio, em 2020, já está fechado.
Globo Esporte
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