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O Barcelona começa toda temporada com três objetivos em uma escala de importância. Em primeiro lugar está a Liga dos Campeões, que é ponto mais alto da Europa. Em segundo está o Campeonato Espanhol, que também é visto como muito importante para demarcar a supremacia no próprio país. Em terceiro vem a Copa do Rei, torneio que é muito pouco valorizado em relação aos outros dois e que só ganhou mais atenção no passado quando foi disputado em uma final contra o Real Madrid ou quando completou a chamada tríplice coroa. Isso explica porque esta temporada do Barça é considerada por diretoria e torcida um fracasso, apesar de o time ainda poder terminá-la com um título - exatamente o da Copa do Rei, cuja final será neste sábado, contra o modesto Alavés, no Vicente Calderón, em Madri.
No Espanhol, onde o Barça vinha sendo soberado nos últimos anos, desta vez quem tomou a liderança e a segurou até o final foi o Real Madrid, que se tornou campeão nesse domingo. Para piorar, o maior rival também pode ser campeão da Champions, e pelo segundo ano seguido: vai enfrentar a Juventus na decisão do dia 3 de junho, em Cardiff, no País de Gales.
Apesar de ter o trio Messi/Suárez/Neymar sempre em destaque - os três novamente fizeram mais de 100 gols na temporada -, é justo dizer que o Barcelona não é mais o melhor time do mundo, como já foi considerado outrora. No confronto com a Juventus, por exemplo, a equipe italiana mostrou ser superior como conjunto e se classificou com justiça. E essa queda recente do clube expõe alguns problemas: muitos milhões foram mal gastos em contratações para a temporada, atualmente faltam grandes talentos na famosa categoria de base de La Masia, além de decisões erradas terem sido tomadas pela diretoria, como a saída de Daniel Alves.
Não faltou investimento do clube em contratações. Foram gastos no total 122,5 milhões de euros (R$ 447 milhões, na cotação deste fim de semana), valor bastante alto. No entanto, o rendimento desses reforços coloca em xeque a capacidade do secretário técnico Robert Fernández. Dos seis jogadores que chegaram, apenas um se mostrou à altura do time: o jovem zagueiro francês Umtiti, que deixou Mascherano na reserva em boa parte da temporada. Os demais não passaram de meros coadjuvantes. O mais caro deles, o meio-campista português André Gomes, custou incríveis 35 milhões de euros e não esteve nem perto de justificar esse valor. O segundo mais caro, o atacante Paco Alcácer, teve pouquíssimas oportunidades por ser reserva do MSN.
- O Barça fracassou primeiramente porque as contratações, exceto Umtiti, não deram mostras de que poderiam competir pela titularidade. A equipe foi muito irregular, combinando fases muito boas com outras muito ruins - analisou Roger Torelló, jornalista que cobre o clube blaugrana diariamente para o jornal catalão "Mundo Deportivo".
Outro ponto preocupante é a pouca (ou quase nenhuma) utilização de novos jogadores das categorias de base. La Masia, que revelou craques como Messi, Iniesta, Xavi e outros grandes nomes como Piqué, Fábregas e Busquets, há algum tempo não produz um talento desse porte. Nesta temporada, o meio-campista Carlos Aleñá, de 19 anos, foi quem mais apareceu nos treinamentos do time principal, ainda assim com mínima representatividade. O jogador do Barça B que parece ter ganhado mais espaço é o brasileiro Marlon, que não é de La Masia, e sim cria de Xerém e foi comprado pelo clube catalão. O técnico Luis Enrique foi direto sobre o tema.
- Tirei pouco do Barça B? Se alguns não têm nível suficiente, não há por que subir com eles ao profissional - disse o comandante, em uma de suas últimas coletivas de imprensa.
Desvalorizado pelo Barça, Dani Alves brilha na Juventus
A lateral direita do time de Luis Enrique foi um problemão durante toda a temporada, e isso evidencia um dos grandes erros cometidos pela diretoria. Não deram o devido valor a Daniel Alves e deixaram que ele saísse de graça para a Juventus, campeã italiana, da Copa a Itália e finalista da Champions - com o brasileiro protagonista. Enquanto isso, o Barça contou com Sergi Roberto e o lesionado Alexis Vidal, jogadores muito abaixo de Daniel.
- Eu gosto que me queiram, e se não me querem, me vou. Sair gratuitamente do Barcelona foi um tapa com classe. Durante minhas três últimas temporadas, sempre escutava que Alves sairia, mas os diretores nunca me diziam nada na cara. Foram muito falsos e mal-agradecidos. Não tiveram respeito comigo. Só me ofereceram a renovação quando a Fifa os puniu (de contratar). Então, foi quando eu entrei em jogo e assinei uma renovação com cláusula de saída livre. Os que hoje dirigem o Barça não têm ideia de como tratar seus jogadores - criticou Dani Alves recentemente.
Além disso tudo, vale lembrar o contestado trabalho de Luis Enrique, que sempre viveu às turras com a imprensa catalã. O técnico não conseguiu fazer o time jogar bem contra os grandes da Europa e tomou a iniciativa de anunciar sua despedida ao fim da temporada.
- Em alguns momentos Luis Enrique não soube gerir bem a rotatividade do time, especialmente empenhando-se em apostar no Mathieu, que já tinha dado sinais de que sua etapa no Barça tinha acabado. Ou então preterindo Aleix Vidal e obrigando Sergi Roberto a ser lateral-direito, quando ele deveria ser um recurso pontual na posição por conta da parte física. Foi uma gestão muito ruim do Lucho e da diretoria, que não tiveram a noção da importância que Daniel Alves teve nos êxitos do Barça - completou Roger Torelló, do "Mundo Deportivo".
O substituto de Luis Enrique ainda não foi definido, e o favorito para o cargo é o espanhol Ernesto Valverde, que está de saída do Athletic Bilbao. O anúncio oficial será feito no dia 29 de maio. A esperança da torcida é de que o novo comandante possa mudar o panorama para a próxima temporada. E claro, de que a diretoria faça um melhor trabalho na contratação de reforços.
Globo Esporte
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