(Foto: Rogério Moroti/Divulgação) |
Por Nicholas Araujo
Ribeirão Preto, SP
O Botafogo de Ribeirão Preto divulgou nesta quarta-feira (24) que a equipe entrou em um acordo com o Banco Axial para quitar uma dívida que, com valores daquela época, girava em torno de R$ 4 milhões. Um terreno próximo ao Estádio Santa Cruz foi cedido ao banco para pagamento da dívida, que começou no auge do futebol botafoguense.
Entre os anos de 1998 e 2000, o Pantera foi gerenciado por um consórcio conhecido por Futinvest. O clube era liderado pela Brunoro Sports, de José Carlos Brunoro, que ficou conhecido por realizar o consórcio do Palmeiras com a Parmalat, este que escreveu boa parte da história do alviverde naquele tempo.
O consórcio surgiu após o clube de Ribeirão ser rebaixado na série A1 do Campeonato Paulista, em 1996. Naquele ano, o Botafogo figurava entre as equipes da série A do Campeonato Brasileiro, o que foi o pontapé inicial para a parceria ser firmada.
O consórcio era constituído pela Net Sport, responsável pelo marketing, e o Banco Axial, responsável pela parte financeira do clube, além da Brunoro Sports, responsável pela diretoria de futebol. Em 1999, já com o consórcio, a equipe foi mal nos quadrangulares da A2 do Paulista e foi rebaixada para a série B do Brasileiro. Em 2000, a Net Sport e a Brunoro Sports abandonaram o consórcio, ficando apenas o Banco Axial gerenciando o financeiro do time ribeirão-pretano.
(Foto: Rogério Moroti/Divulgação) |
Alerta botafoguense
Naquele período 1998/2000 e presidido por Ricardo Ribeiro, o clube adquiriu uma dívida de R$ 55 milhões com o Banco Axial, que recalculado com os valores atuais e juros correndo em 20% ao ano, o Botafogo totalizou uma dívida de R$ 120 milhões. Então, o tricolor chegou a ceder alguns bens e terrenos, que não foram suficientes para cobrir todo o valor devido.
Em 2013, após ser eliminado da série D do Campeonato Brasileiro, o então presidente Gustavo Assed informou que o clube devia cerca de R$ 55 milhões ao Banco Axial e que corria o risco de ver seu estádio, o Santa Cruz, ir a leilão para quitar esse valor. Para evitar o leilão, o clube recorreu a prefeitura.
Botafogo x Prefeitura
Com isso, a ideia da diretoria do Pantera era realizar uma troca de terrenos, no sistema de comodato, para quitar parte da dívida. A então prefeita Dárcy Vera negou por duas vezes o pedido, alegando somente que a “prefeitura não tem interesse na proposta apresentada pela diretoria do Botafogo”. Já naquele ano, a prefeitura passava por uma pressão popular por não investir na cidade. Em 2016, o escândalo Sevandija estourou e mostrou um rombo enorme na administração pública.
O terreno, entretanto, voltou a ser do Botafogo após o atual prefeito Duarte Nogueira devolver o local após pedido da Câmara dos Vereadores.
Acordo firmado
Na tarde desta quarta-feira (24), a assessoria de imprensa do clube informou, por meio de nota, que a dívida estava quitada.
“O Grupo Axial e o Botafogo Futebol Clube firmaram acordo para solução do processo judicial envolvendo as partes, tendo sido protocolado hoje o mesmo, aguardando agora o deferimento do juiz responsável”.
A dívida, no entanto, trouxe problemas futuros ao Botafogo no decorrer de sua trajetória. A equipe ficou alguns anos sem disputar qualquer divisão do campeonato nacional e ainda se viu oscilando entre a primeira e a segunda divisão estadual. Terrenos foram vendidos para sanar as contas e os investimentos foram pequenos se comparados com outros clubes do estado de São Paulo.
Hoje, a história começa a mudar. Depois de boa campanha no Paulista A1 em 2017, o clube disputa a série C do Campeonato Brasileiro, buscando retornar a segundona em 2018. Mesmo com quantias baixas para investir no time, o atual presidente Gerson Engracia acredita no potencial dos jogadores e na competência do clube. Agora é virar a página e construir outra história.
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