Sem Tite, Corinthians sofre quase o dobro de gols e se preocupa com defesa

(Foto: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians)


Acostumado a disputar os rankings de melhores defesas dos torneios em que participa, o Corinthians perdeu essa característica nos últimos meses. Os quatro gols sofridos diante do Cruzeiro na última quarta-feira, e que ocasionaram a eliminação na Copa do Brasil, não ocorriam para os corintianos desde novembro de 2014. O desequilíbrio em relação ao sistema defensivo coincide com a saída do treinador Tite. 

Nesta temporada, enquanto tinha ele como seu comandante, o Corinthians teve média de 0,65 gol sofrido por jogo. Desde então, seja com Cristóvão Borges, Fábio Carille ou Oswaldo de Oliveira, o índice praticamente dobra para 1,14. 

Na avaliação da atual comissão técnica, três fatores em especial explicam essa queda de rendimento. 

1) Perdas de jogadores

Em meio ao Brasileirão, três atletas importantes e que faziam parte do sistema de marcação foram embora. O zagueiro Felipe, de nível superior aos que permaneceram, o volante Bruno Henrique, que havia se afirmado à frente da linha defensiva, e ainda Elias, que dava sustentação ao meio-campo. O entendimento é que a formação de toda a equipe acabou prejudicada. Erros individuais e de posicionamento são o que, segundo a análise interna, têm ocasionado boa parte dos gols sofridos. Não há, portanto, uma quebra de estilo em relação à era Tite. 

2) Erros na bola parada

Segundo levantamento interno, o Corinthians permaneceu 33 jogos consecutivos sem sofrer gols em jogadas de bola parada pelo alto. Essa marca foi quebrada pelo palmeirense Mina, e desde então tem se repetido. Cícero, do Fluminense, e os cruzeirenses Bruno Rodrigo e De Arrascaeta anotaram recentemente. Tradicionalmente organizado por Fábio Carille, o procedimento defensivo ainda não está totalmente absorvido pelos novos titulares. Além disso, a estatura da equipe diminuiu durante a temporada. 

3) A recusa ao volante-volante

Desde que Cristóvão deixou o cargo no dia 17 de setembro, Camacho é que se tornou o jogador mais recuado do meio-campo. Originalmente armador, ele hoje é quem inicia as jogadas com mais qualidade, mas também não oferece a mesma proteção que Bruno Henrique, do primeiro semestre, ou Ralf, dos anos anteriores. A comissão enxerga que a escolha por ele foi a mais adequada em razão dos nomes disponíveis no grupo. Ter jogadores de mais técnica em posições recuadas, vale lembrar, é uma tendência do futebol moderno, mas exige que toda a equipe se sacrifique mais e esteja mais compacta.  

4) Cristóvão pouco trabalhava a defesa

Internamente, alguns jogadores apontaram que a preocupação com a organização defensiva diminuiu durante a passagem de Cristóvão Borges. Na avaliação desses atletas, o foco do ex-treinador estava voltado à parte ofensiva em treinamentos. A consequência é que, coletivamente, segundo essas percepções, o time regrediu bastante, o que contribuiu negativamente. 

5) Os números ainda não são tão ruins

Apesar do crescimento do número de gols sofridos, o Corinthians está em boa posição entre as defesas do Brasileirão - hoje, é o quinto menos vazado do torneio. De acordo com levantamentos do Footstats, os goleiros corintianos são os que menos trabalham, em média, com 3,2 defesas por partida. A equipe é a quarta que mais rouba bolas e a quinta menos faltosa. 

6) Mudanças e mais mudanças. Domingo, tem mais

Além de perder jogadores negociados e trocar treinadores, o Corinthians também sofre para repetir seus jogadores de defesa. Cássio e Walter se revezaram no gol, Fagner foi duas vezes à seleção e foi substituído por Léo Príncipe, Uendel perdeu sete jogos por lesão e o miolo de zaga ainda não se definiu. Sem Yago, que só joga em 2017, Oswaldo deverá escolher Vílson para formar a defesa com Balbuena em visita ao Flamengo no domingo. Novo titular, Pedro Henrique está suspenso. 

UOL Esporte

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