Rivalidade entre Thiago e francês vai além da final: "Ele não fala comigo"

(Foto: Dominic Ebenbichler/Reuters)


A disputa entre o brasileiro Thiago Braz e o francês Renaud Lavillenie é bem anterior à final olímpica do salto com vara, onde o primeiro ficou com o ouro e o segundo, com a prata. Desde o fim de 2014, na verdade, os dois mal se falam, como ficou claro após a disputa no Engenhão: eles nem se cumprimentaram. O motivo ainda não está claro, mas tem relação com a mudança de treinador do campeão dos Jogos Rio-2016.

Há um ano e meio, Thiago trocou Elson Miranda, o mesmo técnico de Fabiana Murer, pelo ucraniano Vitaly Petrov, responsável pela formação de Serguei Bubka e Yelena Isinbayeva, os dois maiores nomes do salto com vara. O paulista de Marília deixou o Brasil e foi para Formia, na Itália, treinar com o especialista europeu, o que provocou uma briga entre os dois treinadores.

A mudança fez bem a Thiago. Desde que viajou, suas marcas começaram a melhorar e ele passou a ser uma ameaça para os principais nomes da modalidade. Neste mesmo momento, a relação com Lavillenie azedou: o francês é próximo de Elson, com quem faz campings de treinamento ocasionalmente na Europa.

"Na realidade, ele [Lavillannie] nem fala comigo direito. Faz um ano e meio que não fala direito comigo. Não sei na realidade [por que]. Sempre tentei criar esse ambiente com ele, ser amigo, estar junto, mas depois que mudei de treinador, etc., houve alguma informação que chegou que eu estava contra ele, ou que não caiu bem. Mas não saiu de mim", explicou Thiago.

O francês admitiu que há cerca de um ano não fala com o rival, mas negou que tenha havido algum motivo especial para o rompimento. Segundo ele, a questão é que ele não está no salto com vara para fazer amigos.

"Desde um ano não falamos muito. Não tenho problema com ele. Ele é um bom cara. Eu não vi ele tanto desde aquele tempo. Acho que não tem muito a ser dito. Eu não estou aqui pra fazer amigos, estou aqui pra fazer meu melhor. Thiago é um cara bom, mas não é meu amigo", destacou o francês. Ele negou, no entanto, que o fato de não ter cumprimentado o brasileiro após a derrota tenha sido uma forma de desrespeito a Thiago.

Lavillannie foi bastante duro com o público brasileiro por causa das vaias no estádio. Primeiro, chegou a comparar às vaias dadas por alemãs a Jesse Owens na Olimpíada-1936. Depois, pediu desculpas pela comparação. Mas disse que os apupos os impediram de se concentrar para fazer o último salto, de 6,08m, para superar o brasileiro.

"Foi inacreditável. Nunca vi isso em nenhuma competição", atacou. O brasileiro reconheceu que os apupos atrapalharam o rival, mas entende que outros tiveram as mesmas condições. "Atrapalha um pouco sim. Não posso falar nada porque o público brasileiro queria que nós brasileiros saíssemos campeões. Porém, os que torceram para ele me atrapalharam", contou Thiago.

Mais revelador sobre o distanciamento do medalhista de ouro e prata era a coletiva após a prova. Quanto Thiago falava, Lavillanie ficava meio aéreo, cabeça baixa. E Thiago também ficava um pouco constrangido quando o francês comentava da relação dos dois. Ao final, um para cada lado, nenhuma foto juntos, nem cumprimento. De felicitações, só o americano Kendricks que sorria para Thiago. 

UOL Esporte

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