Polícia confirma que arma de fogo foi usada para conter nadadores dos EUA

(Foto: Hanrrikson de Andrade / UOL)


A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro detalhou, nesta quinta-feira (18), a investigação sobre o caso dos nadadores norte-americanos que comunicaram terem sido alvos de crime durante a Rio-2016: mais uma vez, as autoridades afirmaram que não houve roubo da forma relatada por eles.

O episódio envolve Ryan Lochte, o mais famoso do grupo, que já voltou aos Estados Unidos, e mais três que ainda estão em solo brasileiro. James Feigen, o último a se apresentar à polícia, e Gunnar Bentz e Jack Conger, que já deram seus depoimentos. Na saída da Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (DEAT), Bentz e Conger foram vaiados pelas pessoas que se aglomeraram no local. Eles ainda ouviram gritos repetidos de "liar (mentiroso, em inglês)".

Fernando Veloso, chefe da PC/RJ, explicou que os atletas promoveram vandalismo em um posto de gasolina, e acrescentou que pelo menos um dos dois seguranças do estabelecimento fez uso de arma de fogo para contê-los. “Houve uso de arma de fogo, sim, mas não o emprego”, disse, para explicar que a situação não culminou em disparos dos seguranças. O armamento está em situação regular, sem problemas de registro. 

Os seguranças eram agentes públicos que faziam "bico" e pediram para ter a identidade preservada, por medo de retaliações. Não há indicação de conduta inapropriada por parte deles, de acordo com Veloso, que destacou ainda ser preciso completar a investigação para se chegar a uma conclusão.

“Temos relatos de dois seguranças, que falam em atitudes inapropriadas de quatro jovens de compleição física avantajada, quebrando coisas e propensos a elevarem esse nível de violência. Há excesso no uso da arma? Pode ser que sim, pode ser que não. Precisamos completar a investigação. Mas não há nada que indique isso, e segundo um dos atletas, que acabou de ser ouvido, não houve exagero”, explicou. 

Os nadadores que já concluíram depoimento - Bentz e Conger - corroboraram, de acordo com o oficial, com a versão que a Polícia Civil tem como "mais provável". A "conclusão preliminar" aponta para o seguinte: após terem saído de um evento, os atletas pararam em um posto para usar o banheiro e promoveram quebra-quebra. Os seguranças tentaram impedi-los, os detiveram e chamaram uma viatura da Polícia Militar. Uma pessoa, que ainda será ouvida na investigação, ofereceu-se como intérprete e explicou aos norte-americanos que teriam de pagar pelos danos. Eles pagaram, com R$ 100 e uma nota de 20 dólares, e foram "liberados" antes da chegada da PM.

Não está descartada a possibilidade de extorsão dos seguranças contra o quarteto norte-americano, no entanto, nada na investigação leva a crer nesta hipótese. Os mesmos nadadores, ainda segundo Veloso, afirmaram que era Ryan Lochte o mais exaltado, devido à ingestão de bebida alcoólica. 

A polícia, após a colaboração dos nadadores norte-americanos, irá se manifestar à Justiça no sentido de liberar os atletas ainda em solo brasileiro para voltarem aos Estados Unidos. Há também uma cooperação com o FBI em andamento: as autoridades nacionais pretendem pedir ao juízo para que seja deferida uma carta rogatória, documento que permitiria depoimento de Ryan Lochte no seu país, para o qual já voltou.  

Não se tem certeza dos motivos que levaram os nadadores a uma suposta falsa comunicação de crime. Como causa provável, a polícia avalia que Lochte (teria sido ele, segundo depoimento de um colega, quem tramou a história) estaria tentando evitar problemas com uma namorada, já que os atletas haviam se relacionado com duas mulheres no evento em que estiveram antes de chegarem ao posto de gasolina.

Entrevista improvisada

Enquanto os nadadores norte-americanos ainda prestavam depoimento, devido à aglomeração de jornalistas na entrada da delegacia, a entrevista dos policiais foi transferida de forma improvisada para o saguão do teatro Oi Casa Grande, também no Leblon.

Foi pedido à imprensa que se retirasse da recepção da delegacia, dada a confusão – e uma cena curiosa se deu a seguir: um suspeito se aproveitou do momento para roubar uma bicicleta. Oficiais da DEAT deixaram o distrito policial correndo, a fim de perseguir o indivíduo. "Se eu contasse isso, ninguém acreditaria", afirmou um inspetor, que permaneceu na sede.

UOL Esporte

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