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O esporte brasileiro jamais teve tanto dinheiro quanto no último quadriênio. Impulsionado por sediar os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, o país investiu ao menos R$ 3,19 bilhões de recursos públicos na preparação de seus atletas de alto nível competitivo. Para o COB (Comitê Olímpico do Brasil), porém, essa nova realidade não será revista no período até Tóquio-2020. A entidade trabalha com a perspectiva de que esse patamar será mantido e prioriza uma revisão na divisão das receitas.
A ideia do COB é que o desempenho do Brasil na Rio-2016 e as perspectivas para 2020 devem servir como base para uma redistribuição estratégica de receita. A entidade pretende priorizar modalidades individuais e alocar mais recursos nos esportes que distribuam mais medalhas.
O exemplo usado pelo COB para esse raciocínio é o desempenho da Itália na Rio-2016. O país europeu conquistou 28 medalhas nos Jogos (oito ouros, 12 pratas e oito bronzes) graças a um bom desempenho em modalidades como esgrima e tiro esportivo. No Brasil, modalidades como essas ainda estão bem aquém do investimento direcionado a esportes coletivos.
“Temos de considerar aspectos culturais quando falamos em questões estratégicas sobre divisão de dinheiro, e o Brasil é um país com histórico em esportes coletivos. Mas isso é algo que podemos repensar, sim”, disse Jorge Bichara, gerente-geral de performance esportiva do COB.
“Desde o início da preparação para 2016, dissemos que o planejamento e a divisão das modalidades tinham vida. Vamos ter uma reanálise agora depois dos Jogos, e possivelmente elas vão trocar de posição”, completou Marcus Vinicius Freire, diretor-executivo de esportes a entidade.
Ainda que a divisão possa ser refeita, o COB não trabalha com perspectiva de que o dinheiro diminua no próximo ciclo. Na última segunda-feira (22), o ministro do Esporte, Leonardo Picciani (PMDB), disse que vai manter os programas de incentivo federal ao alto rendimento (Bolsa Atleta e Bolsa Pódio).
No último ciclo, o Ministério do Esporte despejou R$ 702,53 milhões em estrutura de instalações para atletas, R$ 223,18 milhões em logística e preparação e R$ 272,4 milhões nos programas Bolsa Atleta e Bolsa Pódio. É a maior fatia no financiamento público do esporte nacional.
“O formato de financiamento do esporte brasileiro mudou nos últimos anos, e isso foi favorável para nós. Isso nos dá muitas possibilidades. Acho que pode mudar um pouco, mas não temos uma dependência de apenas um financiador. Hoje o Brasil não depende de uma fonte só”, disse Marcus Vinicius Freire. “As confederações que fizeram um bom trabalho nos últimos seis anos vão continuar com patrocinadores privados. Muitos patrocinadores entraram, aproveitaram as possibilidades do esporte e tiveram retorno gigante”, adicionou.
UOL Esporte
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