O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, o Galeão, passou por testes de acessibilidade na segunda-feira (22.02) e terça-feira (23.02), durante a recepção das delegações dos países que vão disputar o Campeonato Internacional de Rugby em Cadeira de Rodas. Evento-teste da modalidade para os Jogos Rio 2016, o torneio será realizado entre os dias 26 e 28 deste mês, na Arena Carioca 1, no Parque Olímpico da Barra da Tijuca.
Realizada sob coordenação da Secretaria de Aviação da Presidência da República, a operação acompanhou a chegada de 54 atletas das delegações da Inglaterra, Austrália e Canadá. O objetivo foi avaliar todos os procedimentos de embarque e desembarque, fluxos dentro do aeroporto e infraestrutura do principal terminal envolvido na operação dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.
Nesta terça, a delegação do Canadá desembarcou no Galeão com 17 integrantes. Desde a saída da aeronave, os atletas contaram com assistência especial para troca de cadeira de rodas, passagem pela imigração e retirada de bagagens e equipamentos. Para Kevin Orr, técnico da seleção canadense, o aeroporto internacional do Rio está preparado para a recepção de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. “Estive no Brasil em 2007 e vejo que hoje tudo está mais rápido. Foi muito ágil a passagem de toda a equipe até aqui. As cadeiras chegaram em ótimas condições e muito rapidamente até nós. Esse é um passo muito importante, fomos tratados com muita eficiência”, elogiou.
Entre os britânicos, o atleta Michael Kew afirmou que os profissionais que atuaram no Galeão estavam “plenamente preparados para auxiliar no desembarque” e que a logística de retirada das cadeiras funcionou muito bem, de maneira similar ao padrão verificado em outros países.
Da saída dos atletas da aeronave até a saída do ônibus do meio-fio, o procedimento durou em média 50 minutos, um tempo considerado excelente por Marcus Pires, chefe de serviço do Comitê Técnico de Operações Especiais (CTOE), grupo de trabalho responsável por planejar a operação dos aeroportos para megaeventos como as Olimpíadas e Paralimpíadas.
“Nos três voos de chegada que acompanhamos, percebemos uma engrenagem importante de integração entre companhias aéreas, serviço de rampa, handling, administrador aeroportuário e órgãos públicos - Receita e Polícia Federal. Esse desempenho e comprometimento foi fundamental. O desafio é fazer o ajuste fino e ampliar esse padrão para outros terminais do país. O Galeão, que passa por um processo de remodelação de infraestrutura, evoluiu também no atendimento e no serviço, que são essenciais”, explicou.
Para Marcus Pires, o teste foi bastante positivo. “Buscamos testar todo o procedimento de desembarque, desde a saída dos atletas da aeronave até o embarque no modal rodoviário e a saída do aeroporto. É um procedimento integrado com vários órgãos e entidades e o objetivo é que tenhamos o atendimento mais célere possível, com dignidade, rapidez e também satisfação, para que eles sejam recebidos no país de forma alegre, funcional e rápida”, disse.
O CTOE reúne integrantes da Secretaria de Aviação Civil (SAC), da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos e da Casa Civil. A operação no Galeão teve o apoio de representantes do operador do aeroporto, o Riogaleão, e do Comitê Rio 2016 durante os procedimentos.
Legado
O ministro da Aviação, Guilherme Ramalho, afirmou que a acessibilidade é um dos principais focos de atenção do governo federal no que tange aos aeroportos. “Estamos orientando operadores e companhias aéreas a padronizarem as operações para que ofereçam conforto e segurança aos passageiros e organizem a rotina do terminal. Queremos profissionalizar esses procedimentos, investindo principalmente em recursos humanos. Esse será o legado fundamental do evento para o setor aéreo: a humanização dessas regras”, explicou.
A Secretaria de Aviação Civil emitiu, neste mês, uma série de sugestões sobre procedimentos de acessibilidade aeroportuária em ofício a entidades de representação dos principais aeroportos envolvidos no planejamento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. A medida enfatiza a importância do alinhamento entre órgãos públicos, gestores aeroportuários e entes privados nas atividades de embarque e desembarque de passageiros com deficiência, bem como o emprego de recursos humanos e materiais necessários. A meta do governo federal é criar equipes especializadas no atendimento à grande demanda de passageiros com deficiência.
A pauta vem sendo amplamente debatida com representantes dos principais operadores aeroportuários, Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Associação Nacional das Empresas Administradoras de Aeroportos (Aneaa), Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e Ministério das Mulheres, Igualdade Racional e Direitos Humanos.
Para auxiliar os operadores aeroportuários e companhias aéreas, foi lançado, no ano passado, o Guia de Direitos e Acessibilidade do Passageiro, que esclarece responsabilidades e deveres na garantia do atendimento íntegro às pessoas que precisam de assistência especial. A cartilha reforça, por exemplo, os prazos para serem oferecidos equipamentos de embarque como o ambulift ou rampas nos aeroportos. Um grupo de trabalho, coordenado pela SAC, também foi criado, em outubro de 2015, para orientar a padronização dos procedimentos entre operadores e companhias aéreas, com base na resolução 280/2013 da Anac, que dispõe sobre acessibilidade nos aeroportos.
Os principais aeroportos da operação especial para as Olimpíadas – Galeão, Santos Dumont, Guarulhos e Congonhas – discutem modelos de trabalho que envolvem a partilha de responsabilidades desde a chegada da aeronave na ponte de desembarque até o o acesso dos portadores de necessidades especiais ao meio-fio do aeroporto; o mesmo vale para os procedimentos de embarque. A Infraero, por sua vez, oferece cursos aos terminais que administra e também aplica manual de acessibilidade para lapidar a operação dos aeroportos da rede.
Equipes especializadas
O CTOE analisa a experiência de equipes especializadas e multidisciplinares de atendimento aos portadores de necessidades especiais em grandes eventos de outros países, como os Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015. No Canadá, uma equipe dava as boas-vindas aos atletas, oferecia ajuda, colocava-se à disposição para viabilizar o deslocamento e encaminhava a montagem e transporte cuidadoso de equipamentos – os atletas viajam com até quatro cadeiras de rodas (uma de uso diário, outra de banho e ao menos duas de competição).
A chegada de bagagens de tamanho e manuseio especiais também receberá atenção diferenciada durante os Jogos Rio 2016. Cerca de 48,4 mil volumes devem ser resgatados e despachados durante o período dos Jogos Paralímpicos, de acordo com estimativa da Secretaria de Aviação. O governo, em conjunto com órgãos do setor, estuda procedimentos integrados para facilitar e garantir segurança e fluidez no fluxo de entrega e devolução dos pertences.
Calendário de testes
A análise de procedimentos de desembarque de paratletas é a terceira operação monitorada pelo governo federal dentro do calendário de testes do Comitê Rio 2016. Dos 45 eventos do programa “Aquece Rio” de preparação para os Jogos, a Secretaria de Aviação selecionou seis para testar oficialmente os aeroportos: remo (realizado em agosto de 2015), bocha paralímpica (novembro), rúgbi em cadeira de rodas, pentatlo moderno, tiro esportivo e atletismo.
De acordo com diagnóstico construído pela Secretaria de Aviação com base na experiência olímpica de Londres 2012, os aeroportos deverão registrar pelo menos dois picos de movimentação de passageiros durante os Jogos Paralímpicos em 2016. Dois deles são, respectivamente, na abertura dos Jogos Paralímpicos, no dia 7 de setembro – cerca de 45 mil desembarques – e no fechamento da Vila Paralímpica, dia 19 de setembro – mais de 40 mil embarques. Nos aeroportos, os órgãos públicos terão um reforço de 38% em suas equipes durante as Paralimpíadas (de 738 pessoas para 1017).
brasil2016.gov.br
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