(Foto: Cameron Spencer/Getty Images) |
Uma lenda do rugby e um dos responsáveis ao retorno do esporte aos Jogos Olímpicos após 92 anos de ausência. Este é Agustín Pichot, histórico capitão dos Pumas (apelido da seleção argentina masculina do esporte), que não só aposta nos Jogos Rio 2016 como o ponto de virada para o rugby na América Latina, como vai além: para ele, este é o esporte que faltava aos Jogos Olímpicos.
"O rugby tem que deixar um pouco de sua essência. A parte mecânica, atlética, a precisão. E, sobretudo, velocidade", contou a lenda, em entrevista ao repórter Alejandro Lifschitz para o RIO2016.COM.
O argentino, que em outubro foi eleito membro do comitê executivo da World Rugby (a Federação Internacional do esporte), participou de quatro Mundiais e ganhou o bronze na França, em 2007. Peça-chave do retorno do rugby às arenas Olímpicas, o ex-jogador percorreu todo o mundo promovendo o esporte, que, em outubro de 2009, alcançou novamente o status de esporte Olímpico - reestreia que acontecerá nos Jogos Rio 2016.
O formato, no entanto, será um pouco diferente em relação ao disputado entre os Jogos Paris 1900 e Paris 1924: serão sete jogadores de cada lado, ao invés da versão mais conhecida, com 15 jogadores por equipe, que popularizou o esporte.
O desgaste físico dos jogadores do rugby sevens é maior do que no rugby union (de 15), já que o campo de jogo é o mesmo, mas o número de atletas por time é reduzido a menos da metade. Pelo mesmo motivo há mais espaços em campo - o que torna o esporte muito mais dinâmico.
"Hoje, os torcedores, organizadores e atletas querem ver velocidade. O futebol se joga cada vez mais rápido, o tênis se joga cada vez mais rápido", completou o ex-meio scrum, de 41 anos.
Favoritismo e imprevisibilidade
A lista dos protagonistas do retorno do esporte aos Jogos Olímpicos está quase fechada. Resta apenas uma das 12 vagas tanto no torneio masculino, como no feminino. Brasil, Nova Zelândia, Fiji, África do Sul, Grã-Bretanha, Estados Unidos, Argentina, França, Japão, Austrália e Quênia já estão garantidos na disputa entre os homens.
Entre as seleções femininas, Brasil, Nova Zelândia, Canadá, Austrália, Grã-Bretanha, Estados Unidos, Colômbia, Fraça, África do Sul, Fiji e Japão alcançaram a classificação.
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"Os All Blacks são a única equipe que demonstrou estar em um nível superior. A única. São muitos anos de disputa no circuito do rugby sevens"
Para Pichot, a Nova Zelândia é a grande favorita a levar o primeiro ouro Olímpico do rugby masculino em 92 anos. Os All Blacks ganharam 12 das 15 edições da World Series do rugby sevens disputadas até hoje e dominam também os Jogos da Commonwealth. Pichot, no entanto, prefere ser cauteloso e alerta: o grande atrativo do rugby sevens, em relação ao rugby union, é que até os favoritos podem ser derrotados.
"O rugby sevens é mais imprevisível que o de 15, e depende mais do físico dos jogadores do que dos aspectos técnicos ou táticos. E isso é o mais lindo do rugby sevens, o que vamos ter de melhor no esporte, já que qualquer um pode ganhar ou perder de qualquer outro", ressaltou.
Apesar de declarar favoritismo à Nova Zelândia, Pichot faz questão de elencar outras seleções fortes no esporte, que podem chegar ao ouro e, para ele, não poderiam ser vistas como surpresas.
"Há três ou quatro equipes um pouco acima das demais. Nova Zelândia, Fiji, África do Sul e Grã-Bretanha são as mais fortes. Mas podem perder de qualquer outra. Os Estados Unidos ganharam a etapa da World Series em Londres. Fiji foi o campeão do circuito em 2014/15", disse.
No início de dezembro, Fiji também venceu, em Dubai, a primeira das dez etapas da World Series 2015/16, em que 16 seleções disputam o título. Entre as mulheres, que jogam cinco torneios no circuito, o título foi para a Austrália.
Pichot disse que a seleção de rugby sevens dos Pumas pode incluir jogadores da seleção de 15 - que ficou em quarto lugar na Copa do Mundo de 2015, disputada na Grã-Bretanha. Em 2007, comandada por Pichot, a Argentina se tornou a sensação do torneio ao derrotar nas quartas-de-final a poderosa Irlanda, uma das grandes candidatas ao título daquele ano.
"Um jogador de sevens pode tranquilamente jogar no rugby de 15, e o de 15 pode tranquilamente atuar no sevens", disse o ex-jogador. "Temos pensado em utilizar muitos atletas titulares dos Pumas para os Jogos Olímpicos. A União Argentina de Rugby (UAR) está considerando isso", afirmou.
O próprio Pichot esteve nesse "crossover": em 2001, foi capitão dos Pumas sevens, ano em que a Argentina chegou à final do Campeonato Mundial.
Ao infinito e além
A World Rugby declarou que a Copa do Mundo de 2015 foi o torneio de maior sucesso da história do esporte. Um dos motivos foi a audiência recorde na televisão: somente a final, entre Austrália e Nova Zelândia, foi assistida por mais de 120 milhões de pessoas.
"Na América Latina, a vontade de ver o rugby crescer é muito grande. A expectativa é enorme, gigante. Há tantas coisas ao redor deste progresso que é fundamental que tudo saia bem"
Para Pichot, o torneio na Grã-Bretanha foi o ponto de mudança para o crescimento do esporte em todo o mundo. E ele já sabe qual será o próximo momento-chave:
"Creio que os Jogos Rio 2016 serão o segundo passo mais importante. Vão facilitar o caminho para que mais crianças possam ter contato com o rugby", disse. "É um esporte muito atlético, muito dinâmico, para gente jovem, homens e mulheres. Não é necessário saber muito sobre o rugby para praticá-lo. Em países como a Colômbia e o México, lugares onde nem se via o rugby, o crescimento foi enorme", afirmou.
"Agora, o que falta é o mais importante: que comecem os Jogos. Eu vejo o rugby como algo que faltava aos Jogos, porque é um dos esportes mais importantes do mundo. Não tenho dúvida de que será um evento brilhante"
Imprensa Rio 2016
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