Entenda o caso: como Blatter e Platini conseguiram 8 anos de suspensão

(Foto: Reprodução/Google)


A suspensão de oito anos longe do futebol foi aplicada a Joseph Blatter e Michel Platini pelo Comitê de Ética da Fifa em função de um "pagamento irregular" realizado entre os dirigentes em 2011. O comitê anunciou a punição aos dois cartolas na manhã desta segunda-feira. Em outubro deste ano, quando as investigações tiveram início, Blatter e Platini foram provisoriamente suspensos por 90 dias.

Ambos tentaram anular a suspensão, embora sem sucesso. O pagamento realizado em 2011, segundo a dupla, é referente ao período entre 1998 e 2002, no qual o francês teria atuado como assessor da Fifa. Na ocasião, Platini teria um salário de R$ 800 mil e ainda receberia um pagamento extra pelos serviços. Como Blatter alegava não ter dinheiro o suficiente na época, foi combinado que o depósito seria realizado quando possível. No entanto, a transferência não apareceu na prestação de contas da Fifa e nenhum documento atestando a história foi encontrado.

A "caça às bruxas" da Fifa

Sete dirigentes ligados à Fifa foram presos na Suíça na manhã do dia 25 de maio de 2015. José Maria Marin, ex-presidente da CBF, foi um deles. A operação foi fruto de uma cooperação entre a polícia local e o FBI, que vem investigando os escândalos de corrupção na entidade. O órgão já havia sido acusado de diversos crimes, como fraude, lavagem de dinheiro e subornos.

Os cartolas da entidade teriam recolhido propina de executivos para redistribuir direitos de imagem e transmissão de diversos eventos esportivos, como Copas do Mundo, Libertadores e Copa América.

Pressionado, Blatter acabou renunciando ao cargo de presidente da Fifa em junho. Mandatário da entidade desde 1998, havia sido reeleito na semana anterior e convocou um novo congresso para fevereiro de 2016, quando será escolhido o novo presidente da entidade. O suíço, no entanto, avisou que continuaria no cargo até a ocasião do pleito.

Até dezembro deste ano, mais 16 dirigentes foram indiciados pela Justiça norte-americana no caso Fifa, entre eles Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira.

Na coletiva de imprensa realizada após o anúncio do Comitê, Blatter disse que não houve um contrato formal sobre isso, e sim um "acordo entre cavalheiros". Ambos se declararam inocentes logo que o processo foi aberto. Com a punição, o suíço, ex-presidente da entidade, manteve o discurso e afirmou se sentir injustiçado. Já Platini, ex-mandatário da Uefa, ainda não se manifestou sobre o assunto.

Blatter alega que todos os trâmites foram feitos dentro da legalidade na Suíça. O jornal britânico The Guardian, no entanto, aponta que, na ausência de documentos oficiais, o pagamento só poderia ter sido realizado até, no máximo, cinco anos depois do serviço prestado.

Os dois dirigentes apresentaram suas respectivas defesas na última semana. Blatter permaneceu na sessão durante oito horas, enquanto Platini sequer compareceu ao local, em forma de protesto, enviando apenas seus advogados.

Ambos foram culpados por "gestão desleal" pelo órgão, que fixou uma multa de R$ 320 mil para Platini e de R$ 200 mil para o suíço. Segundo o comunicado oficial do Comitê de Ética, o ex-presidente da Fifa foi contra os princípios que deveriam reger seu cargo. "Falhando em colocar os interesses da Fifa em primeiro lugar e se abster de fazer algo para ajudar a Fifa, indo contra as necessidades da entidade, Sr. Blatter violou seus deveres com a Fifa."

Tanto o suíço quanto o francês poderão recorrer da decisão. Blatter já afirmou que pretende, sim, brigar na Justiça, soltando um enigmático "Eu voltarei" ao fim de seu pronunciamento nesta segunda-feira.

Platini, ainda sem se manifestar, terá outros problemas para resolver. Antes candidato às eleições da Fifa, o dirigente e ex-jogador não poderá mais concorrer ao pleito marcado para 26 de fevereiro de 2016. A oficialização das candidaturas para o pleito deve ocorrer no fim de janeiro e Gianni Infantino, secretário-geral da Uefa, deverá preencher o espaço deixado pelo francês.

Terra

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