Contratado por Carlos Miguel Aidar quatro dias antes de anunciar a renúncia à presidência do São Paulo, Doriva assumiu o cargo deixado por Juan Carlos Osorio em meio à maior crise de gestão do clube nas últimas décadas. Desde a apresentação, o técnico de 43 anos, que se marcou no clube como jogador, não esconde que quer também implementar características próprias no time, e em menos de duas semanas já é possível ver diferenças dentro e fora de campo. Até aqui, os resultados foram negativos - estreia com derrota para o Fluminense e empate contra o Vasco, por 2 a 2, neste último domingo.
1. Programas de treino
Nos primeiros dias de trabalho no São Paulo, Doriva baseou o treino predominantemente em aspectos táticos. Faz trabalho em que divide a equipe entre ataque e defesa, e treina posicionamento e possibilidades de jogadas. Também promove atividades em grandes grupos de jogadores - dá bastante importância ao treino físico, supervisionado pelo preparador Anselmo Sbragia, de sua comissão técnica. Antes da partida contra o Fluminense, permitiu que os jogadores dedicassem pelo menos 30 minutos ao rachão, extinto na passagem de Osorio. Com o colombiano, raramente havia posicionamento tático da equipe e os treinos físicos eram feitos em períodos curtos e predominantemente com bola.
2. Treino com o mesmo time
Tem a ver com não aplicar rodízio. Logo nos primeiros três dias de trabalho no CT da Barra Funda, Doriva sempre trabalhou com o time titular nas atividades. Sem mistério, mesmo que em trabalhos em grandes grupos, com o time dividido algumas vezes entre ataque e defesa. No último sábado, véspera do empate contra o Vasco, o treino foi totalmente tático, sem recreativo, focado no posicionamento da equipe titular. Com Osorio, nunca era possível ver quais seriam os 11 jogadores escolhidos e, em alguns casos, nem os atletas relacionados sabiam qual seria o time porque o colombiano nem sempre fazia treino tático na véspera.
3. Horários de treinos
Juan Carlos Osorio fazia com que todos os dias de treino no CT da Barra Funda começassem às 9h30. A jornada só mudava nos dias seguintes aos jogos às 22h. Quando isso acontecia na quarta-feira, por exemplo, os jogadores só precisariam se reapresentar às 15h30 de quinta-feira. Em outras situações, sempre às 9h30. Com Doriva há diferenças, apesar de o atual técnico também gostar do período matutino. Nesta segunda-feira, depois do jogo contra o Vasco na tarde de domingo, o elenco só se reapresenta às 16h. Também há diferença no acesso da imprensa aos treinos: eram poucas as vezes em que Osorio permitia a entrada da imprensa na primeira hora do treino, enquanto Doriva só pede atividades parcialmente fechadas nas vésperas dos jogos, por enquanto.
4. Fim das improvisações
Juan Carlos Osorio chegou a assustar parte da torcida com improvisações que julgou serem necessárias em meio ao desmanche do elenco. Algumas, como o lateral Auro no ataque e o zagueiro Lucão como volante, não deram certo. Outras, no entanto, resultaram em novos protagonistas: o zagueiro Breno como volante, o lateral Carlinhos no meio de campo ou no ataque e a utilização do volante Thiago Mendes em diferentes posições, da lateral ao ataque. Com Doriva, isso acabou. Desde que chegou o novo técnico afirmou que "não tem o hábito" de fazer improvisações e que, com ele, quando possível, cada jogador jogaria em sua posição de origem.
5. Fim do rodízio
Doriva fez mudanças no time entre a derrota para o Fluminense e o empate contra o Vasco, mas por opção técnica. O São Paulo que nos últimos meses conviveu com o rodízio de elenco nas mãos de Juan Carlos Osorio hoje vê uma metodologia totalmente diferente. Doriva afirmou, também na apresentação no CT da Barra Funda, que, para ele, "com a repetição vem o entrosamento".
6. Esquema tático
Osorio, quando chegou ao São Paulo no início de junho, pretendia armar a equipe no 3-4-3. As saídas dos zagueiros Paulo Miranda, Dória e Rafael Toloi e dos volantes Denilson e Souza, porém, fizeram o técnico mudar de ideia, uma vez que perdeu todos os jogadores que pretendia escalar como titulares no sistema defensivo. Adotou, então, o 4-3-3, com um volante à frente da zaga e dois meio-campistas mais avançados, em função de área a área. Com Doriva, houve mudança sutil no desenho da equipe: 4-2-3-1, com dois volantes em linha, dois pontas e um meia em linha e um centroavante.
UOL Esporte
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